Hábito
De Dicionrio de Potica e Pensamento
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| + | : Como vemos, [[rotular]] é se pautar pelas [[dicotomias]] citadas e outras. As [[dicotomias]] ou [[rótulos]] não deixam a [[realidade]] [[acontecer]] em seu [[vigor]] [[originária]], sempre inaugural. Eis aí uma perfeita [[ideia]] do que é [[dicotomia]] e como elas tolhem o [[caminho]] do [[entre]], da [[plena]] [[realização]] pela [[iluminação]] e [[libertação]]. O [[rotular]] cria um [[pseudo]]-[[mundo]]. Quem é escravo do [[hábito]], do [[costume]], do diz-se, não pensa. | ||
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| - | : (1) ROCHA, Antônio Carlos Pereira Borba. "Diálogo com Chuang Tzu, hoje". In: ''Revista Tempo Brasileiro'', 171 - ''Permanência e atualidade da Poética''. Rio de Janeiro, out.-dez., 2007, p. 167. | + | : (1) ROCHA, Antônio Carlos Pereira Borba. "Diálogo com Chuang Tzu, hoje". In: '''Revista Tempo Brasileiro''', 171 - '''Permanência e atualidade da Poética'''. Rio de Janeiro, out.-dez., 2007, p. 167. |
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Edição de 22h22min de 14 de Agosto de 2021
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- "Se, um belo dia, o homem abandonar o hábito, o costume, o condicionamento de rotular, de dar nome, de nomear as coisas entre boas e más, feias e bonitas, altas e baixas, pobres e ricas, agradáveis e desagradáveis, e procurar viver neste "entre", nesse meio caminho para a libertação, estará encaminhado no entre-Caminho de que nos fala Heidegger. É justamente com esse homem que Chuang Tzu quer "conversar", dialogar..." (1).
- Como vemos, rotular é se pautar pelas dicotomias citadas e outras. As dicotomias ou rótulos não deixam a realidade acontecer em seu vigor originária, sempre inaugural. Eis aí uma perfeita ideia do que é dicotomia e como elas tolhem o caminho do entre, da plena realização pela iluminação e libertação. O rotular cria um pseudo-mundo. Quem é escravo do hábito, do costume, do diz-se, não pensa.
- Referência:
- (1) ROCHA, Antônio Carlos Pereira Borba. "Diálogo com Chuang Tzu, hoje". In: Revista Tempo Brasileiro, 171 - Permanência e atualidade da Poética. Rio de Janeiro, out.-dez., 2007, p. 167.
2
- "O calo que é o hábito - o hábito cultural. E, porque hábito, automático, mecânico, imediato esquema estímulo-resposta, embotador e gerador de apatia, indiferença, lassidão. Vê-se então como habitualmente se vê ou como todo mundo vê. Assim se sente, assim se pensa. Impera a atitude que uni-formiza, uni-dimensionaliza, homo-geneiza e que é a vigência do raso, do plano, da planície, ou seja, a apatia ou a indiferença do tudo igual, do medíocre" (1).
- Referência:
- (1) FOGEL, Gilvan. "O desaprendizado do símbolo (A poética do ver imediato)". In: Revista Tempo Brasileiro, 171, Permanência e atualidade da Poética. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 2007, p. 40.
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- "Desaprender o social, o coletivo, o público e o hábito, que é este ver e interpretar publicamente, socialmente, habitualmente - isso quer pois dizer: retirar-se do uso abusado; retrair-se para o só, ensozinhar-se, ou seja, singularizar-se, fazer-se um e só. Aprender a desaprender é igual e simultaneamente aprender a ser só, é exercício de encaminhamento da solidão para a solidão - o lugar e a hora do ver" (1).
- Referência:
- (1) FOGEL, Gilvan. "O desaprendizado do símbolo (A poética do ver imediato)". In: Revista Tempo Brasileiro, 171, Permanência e atualidade da Poética. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 2007, p. 40.
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- "Desaprender o social, o coletivo, o público e o hábito, que é este ver e interpretar publicamente, socialmente, habitualmente - isso quer pois dizer: retirar-se do uso abusado; retrair-se para o só, ensozinhar-se, ou seja, singularizar-se, fazer-se um e só. Aprender a desaprender é igual e simultaneamente aprender a ser só, é exercício de encaminhamento da solidão para a solidão - o lugar e a hora do ver" (1).
- Fica claro que o desaprender é o movimento de arrancar, descobrir e desfazer-se das máscaras, a persona que cada um socialmente e por hábito vive, para cada um ser o que é e recebeu para ser.
- Referência:
- (1) FOGEL, Gilvan. "O desaprendizado do símbolo (A poética do ver imediato)". In: Revista Tempo Brasileiro, 171, Permanência e atualidade da Poética. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 2007, p. 40.
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- "Não podemos esquecer que ser é agir (poiesis/poesia em sentido essencial). Por isso, o cotidiano é feito do habitual e do não-habitual. O habitual nada mais é do que a repetição de frases feitas, lugares-comuns, valores já estabelecidos em que já se pré-enquadra todo o nosso agir. Do não-habitual nos vem o apelo que emerge continuamente em meio ao habitual.
- Um apelo que nos joga na insegurança, na insatisfação, na incompletude da completude, na ansiedade, na angústia, na solidão e na pro-cura incessante do novo, do inaugural, enfim, do poético. Este nunca é moralista, é sempre ético" (1).
- Referência:
- (1) CASTRO, Manuel Antônio de. "A arte, a verdade e as quatro realidades" (ensaio não publicado.).
