Não-ser

De Dicionrio de Potica e Pensamento

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: Só porque estamos vivendo e sendo ([[presentificação]]) é que parece que a [[morte]] é a sua [[negação]]. Na verdade, a [[vida]] é uma doação, um [[presente]] amoroso da possibilidade da [[morte]] que se retrai e se ausenta para deixar a [[vida]] ir sendo [[vida]]. Todo [[sendo]] e todo vivendo se dimensionam num [[entre]] misterioso de [[poder]] [[ser]] e de não [[poder]] [[não-ser]], de [[poder]] [[viver]] e [[poder]] [[morrer]]. Todo sendo chega a [[ser]] o que já [[é]] porque pode chegar a [[ser]] o [[não-ser]] que possibilita e doa o sendo do [[ser]]. O [[não-ser]] de todo sendo é o [[Nada]].  
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: (1) CASTRO, Manuel Antônio de. "Eduardo Portella, o professor". In: ''Quatro vezes vinte - Eduardo Portella - Depoimentos''. Rio de Janeiro, Academia Brasileira de Letras, 2012, p. 42.
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: (1) CASTRO, Manuel Antônio de.''' "Eduardo Portella, o [[professor]]". In: Quatro vezes vinte - Eduardo Portella - Depoimentos. Rio de Janeiro, Academia Brasileira de Letras, 2012, p. 42.'''
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: (1) LEÃO, Emmanuel Carneiro. "O Édipo em Píndaro e Freud". In: -----. ''Filosofia contemporânea''. Teresópolis/RJ: Daimon Editora, 2013, p. 63.
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: (1) LEÃO, Emmanuel Carneiro.''' "O ´[[Édipo]] em Píndaro e [[Freud]]". In: -----. [[Filosofia]] [[contemporânea]]. Teresópolis/RJ: Daimon Editora, 2013, p. 63.'''
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: (1) CASTRO, Manuel Antônio de. “A menina e a bicicleta: arte e confiabilidade”. In: ------. ‘’Arte: o humano e o destino’’. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 2011, p. 282.
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: (1) CASTRO, Manuel Antônio de.''' “A menina e a bicicleta: [[arte]] e confiabilidade”. In: ------. [[Arte]]: o [[humano]] e o [[destino]]’’. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 2011, p. 282.'''
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:  Quem será capaz de compreendê-lo" (1).
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: (1) MERTON, Thomas. '''"A [[luz]] das estrelas e o [[Não-ser]]". In: A [[via]] de Chuang Tzu, 9.e. Petrópolis/RJ: Vozes, 1999, p. 161.'''

Edição atual tal como 20h31min de 28 de Abril de 2025

1

Só porque estamos vivendo e sendo (presentificação) é que parece que a morte é a sua negação. Na verdade, a vida é uma doação, um presente amoroso da possibilidade da morte que se retrai e se ausenta para deixar a vida ir sendo vida. Todo sendo e todo vivendo se dimensionam num entre misterioso de poder ser e de não poder não-ser, de poder viver e poder morrer. Todo sendo chega a ser o que já é porque pode chegar a ser o não-ser que possibilita e doa o sendo do ser. O não-ser de todo sendo é o Nada.


- Manuel Antônio de Castro

2

"Que o que gasta, vai gastando o diabo de dentro da gente, aos pouquinhos, é o razoável sofrer. E a alegria de amor - compadre meu Quelemém diz. Família. Deveras? É, e não é. O senhor ache e não ache. Tudo é e não é..." (1).


Referência:
(1) ROSA, João Guimarães. Grande sertão: veredas. Rio de Janeiro: José Olympio, 1968, p. 12.

3

"O não-ser, que cada um é, são as possibilidades que todos nós já recebemos, na medida em que somos uma doação do ser, isto é, uma Moira, um destino" (1).


Referência:
(1) CASTRO, Manuel Antônio de. "Eduardo Portella, o professor". In: Quatro vezes vinte - Eduardo Portella - Depoimentos. Rio de Janeiro, Academia Brasileira de Letras, 2012, p. 42.

4

"A todo instante de ser e não ser, sente-se a urgência de vir a ser, na libertação, a necessidade de libertar-se das e com as necessidades. Sem necessidade não se dá libertação" (1).


Referência:
(1) LEÃO, Emmanuel Carneiro. "O ´Édipo em Píndaro e Freud". In: -----. Filosofia contemporânea. Teresópolis/RJ: Daimon Editora, 2013, p. 63.

5

Assim como há um jogo dialético entre sou e eu, o mesmo se dá entre o não sou do que recebi para ser e não chegou ainda a ser. Nesse sentido, também todo eu é ao mesmo tempo um não eu, caso contrário, o eu já se conheceria completamente. O não sou é o acontecer do não ser que recebi para ser. Desse modo tanto o sou como o eu estão em contínua transformação e revelação. Não há aqui nenhuma evolução, pois isso é existir e existência, própria de cada um, insubstituível e imprevisível.


- Manuel Antônio de Castro


6

"Ser não é um conceito abstrato: são as possibilidades, enquanto propriedades, que cada um de nós recebe para poder ser no sendo o não-ser" (1).


Referência:
(1) CASTRO, Manuel Antônio de. “A menina e a bicicleta: arte e confiabilidade”. In: ------. Arte: o humano e o destino’’. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 2011, p. 282.

7

"Posso compreender a ausência do Ser,
Mas quem pode compreender a ausência do Nada?
Se agora, acima de tudo isto, o Não-ser é,
Quem será capaz de compreendê-lo" (1).
(xxii, 8)


Referência:
(1) MERTON, Thomas. "A luz das estrelas e o Não-ser". In: A via de Chuang Tzu, 9.e. Petrópolis/RJ: Vozes, 1999, p. 161.
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