Infantil

De Dicionrio de Potica e Pensamento

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: "Atentemos para o que nos diz a [[palavra]] [[infantil]], uma vez  que [[falar]] de [[literatura]] é lutar com [[palavras]].  [[Infantil]] compõe-se do prefixo ''in-''  e de ''-fantilis''.  A [[forma]] ''fantilis'' tem sua [[origem]] no [[verbo]] latino ''for, fatus sum, fari'', que significa: [[dizer]], predizer e [[celebrar]] em [[poesias]].  Ora, se observarmos a [[palavra]] [[infantil]] superficialmente, chegamos a uma conclusão, até de certa maneira cômica, pois, olhando o [[dicionário]], o prefixo ''in-'' indica a negação.  Logo, [[literatura]] [[infantil]] é a [[literatura]] que não fala ou a [[literatura]] para o [[homem]] enquanto não fala.  Este aparente [[paradoxo]] pode ser resgatado.  Se a [[criança]] ainda não exercita o [[sistema]] de [[signos]], não quer [[dizer]] que ela não more, não se movimente na [[luz]] da [[Linguagem]].  E uma constatação nos confirma isto.  Podemos afirmar que a [[criança]] ainda não fala,  mas efabula, faz suas [[fabulações]].  O verbo [[fabular]] ou [[efabular]] tem o mesmo [[radical]] da [[palavra]] [[infantil]], o [[verbo]] ''fari''.  Logo, o [[sentido]] profundo do [[verbo]] ''fari'' não se confunde com o simples [[falar]] ao nível da [[língua]], mas remete para a [[Linguagem]], onde a [[criança]] eclode no  que é e a [[realidade]] se manifesta" (1).
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: CASTRO, Manuel Antônio de. "Ficção e literatura infantil". In: ------------. ''Tempos de Metamorfose''. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 1994, p. 132.
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: CASTRO, Manuel Antônio de.''' "[[Ficção]] e [[literatura]] [[infantil]]". In: ------------. [[Tempos]] de [[Metamorfose]]. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 1994, p. 132.'''
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: CASTRO, Manuel Antônio de. "Ficção e literatura infantil". In: ------------. ''Tempos de Metamorfose''. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 1994, p. 133.
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: CASTRO, Manuel Antônio de. "Ficção e literatura infantil". In: ------------. ''Tempos de Metamorfose''. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 1994, p. 134.
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: CASTRO, Manuel Antônio de. "Ficção e literatura infantil". In: ------------. ''Tempos de Metamorfose''. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 1994, p. 134.
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: CASTRO, Manuel Antônio de.''' "[[Ficção]] e [[literatura]] [[infantil]]". In: ------. [[Tempos]] de [[Metamorfose]]. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 1994, p. 134.'''
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: "Escrever para [[crianças]] e [[adolescentes]] é muito difícil. Em primeiro lugar há o desafio  de [[seduzir]] [[leitores]] inexperientes. A [[linguagem]] deve ser rica, sem ser inacessível; formativa e informativa, sem [[parecer]] uma dissertação. Deve ter [[humor]] e [[poesia]]. O [[escritor]] precisa recuperar  o [[olhar]] [[inaugural]] das [[crianças]], ou seja, precisa voltar a [[ver]] o [[mundo]] como se fosse pela primeira vez. Em segundo lugar, [[crianças]] estão atentas aos detalhes e não perdoam erros. Se gostam e um [[livro]] irão lê-lo, ou obrigar os pais a lê-lo, até saberem de cor parágrafos inteiros" (1).
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: "Escrever para [[crianças]] e adolescentes é muito difícil. Em primeiro lugar há o desafio  de seduzir [[leitores]] inexperientes. A [[linguagem]] deve ser rica, sem ser inacessível; formativa e informativa, sem [[parecer]] uma dissertação. Deve ter [[humor]] e [[poesia]]. O [[escritor]] precisa recuperar  o [[olhar]] [[inaugural]] das [[crianças]], ou seja, precisa voltar a [[ver]] o [[mundo]] como se fosse pela primeira vez. Em segundo lugar, [[crianças]] estão atentas aos detalhes e não perdoam erros. Se gostam e um [[livro]] irão lê-lo, ou obrigar os pais a lê-lo, até saberem de cor parágrafos inteiros" (1).
: Referência.
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: (1) AGUALUSA, José Eduardo. "Escrever a partir dos sonhos". In: ''O Globo'', "Segundo Caderno", sábado, 13-4-2019, p. 8.
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: (1) AGUALUSA, José Eduardo.''' "[[Escrever]] a partir dos [[sonhos]]". In: O Globo, Segundo Caderno, sábado, 13-4-2019, p. 8.'''
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: "Torna-se claro que toda [[ficção]] [[literária]], toda [[literatura]] [[infantil]] articula o [[formar]] e o [[imaginar]] no [[educar]].  Por isso, toda [[ficção]], toda [[literatura]], se é [[verdadeiramente]] [[literatura]], é [[educativa]]" (1).
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: "Torna-se claro que toda [[ficção]] [[literária]], toda [[literatura]] [[infantil]] articula o [[formar]] e o [[imaginar]] no [[educar]].  Por isso, toda [[ficção]], toda [[literatura]], se é [[verdadeiramente]] [[literatura]], é educativa" (1).
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: CASTRO, Manuel Antônio de. "Ficção e literatura infantil". In: ------------. ''Tempos de Metamorfose''. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 1994, p. 136.
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: CASTRO, Manuel Antônio de.''' "[[Ficção]] e [[literatura]] [[infantil]]". In: ------------. [[Tempos]] de [[Metamorfose]]. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 1994, p. 136.'''

Edição atual tal como 15h47min de 8 de janeiro de 2025

Tabela de conteúdo

1

"Atentemos para o que nos diz a palavra infantil, uma vez que falar de literatura é lutar com palavras. Infantil compõe-se do prefixo in- e de -fantilis. A forma fantilis tem sua origem no verbo latino for, fatus sum, fari, que significa: dizer, predizer e celebrar em poesias. Ora, se observarmos a palavra infantil superficialmente, chegamos a uma conclusão, até de certa maneira cômica, pois, olhando o dicionário, o prefixo in- indica a negação. Logo, literatura infantil é a literatura que não fala ou a literatura para o homem enquanto não fala. Este aparente paradoxo pode ser resgatado. Se a criança ainda não exercita o sistema de signos, não quer dizer que ela não more, não se movimente na luz da Linguagem. E uma constatação nos confirma isto. Podemos afirmar que a criança ainda não fala, mas efabula, faz suas fabulações. O verbo fabular ou efabular tem o mesmo radical da palavra infantil, o verbo fari. Logo, o sentido profundo do verbo fari não se confunde com o simples falar ao nível da língua, mas remete para a Linguagem, onde a criança eclode no que é e a realidade se manifesta" (1).


CASTRO, Manuel Antônio de. "Ficção e literatura infantil". In: ------------. Tempos de Metamorfose. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 1994, p. 132.

2

"Não são só os infantes que fabulam, alguns adultos também. Também eles constroem narrativas fabulosas, imaginárias, ou, numa palavra geralmente mais aceita pelos teóricos literários, ficcionais. Até se fala em gênero ficcional, o que julgamos impróprio, pois a ficção não é um gênero, é a própria essência do literário. A ficcionalidade é a literariedade " (1).


CASTRO, Manuel Antônio de. "Ficção e literatura infantil". In: ------------. Tempos de Metamorfose. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 1994, p. 133.

3

"Eis porque já podemos concluir: toda literatura é infantil se for, radicalmente, ficção. Atentemos bem, o prefixo in- não indica uma negação radical, assim como o infante não nega o homem. Pelo contrário, aponta, indicia, o fabuloso, o imaginário, porque, como já dissemos, não no discurso, mas na Linguagem, o homem mora e cresce" (1).


Referência:
CASTRO, Manuel Antônio de. "Ficção e literatura infantil". In: -----. Tempos de Metamorfose. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 1994, p. 133.

4

"Também melhor se entende a ficcionalidade se atentarmos para o terceiro significado do verbo latino fingere: imaginar. O imaginar é o contraponto do formar. O contraponto indica a presença da tensão do limite e do ilimitado, da diferença e da identidade, da língua e da Linguagem. O formar sem o imaginar origina os formalismos, provocando equívocos sobre o fazer literário. Já o literário se realiza quando o imaginário irrompe em produções. É isto o que caracteriza fundamentalmente a literatura infantil: uma presença marcante e irrefreável do imaginário. Porque a criança é mais sensível ao imaginário. Nela, o sonho é realidade e a realidade é sonho. Nela, o imaginário é realidade e a realidade é imaginário. Ainda não sofreu o processo de formação que a deforma para o real-imaginário e a deseduca para a humanização. Pelo imaginar, o homem consuma a sua humanização, na medida em que manifesta o sentido do que ele é. Isso se chama libertação. Na realidade ficcional-literária o imaginar é o real vigorando" (1).


Referência:
CASTRO, Manuel Antônio de. "Ficção e literatura infantil". In: ------------. Tempos de Metamorfose. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 1994, p. 134.

5

"Também melhor se entende a ficcionalidade se atentarmos para o terceiro significado do verbo latino fingere: imaginar. O imaginar é o contraponto do formar. O contraponto indica a presença da tensão do limite e do ilimitado, da diferença e da identidade, da língua e da Linguagem. O formar sem o imaginar origina os formalismos, provocando equívocos sobre o fazer literário. Já o literário se realiza quando o imaginário irrompe em produções. É isto o que caracteriza fundamentalmente a literatura infantil: uma presença marcante e irrefreável do imaginário. Porque a criança é mais sensível ao imaginário. Nela, o sonho é realidade e a realidade é sonho. Nela, o imaginário é realidade e a realidade é imaginário. Ainda não sofreu o processo de formação que a deforma para o real-imaginário e a deseduca para a humanização. Pelo imaginar, o homem consuma a sua humanização, na medida em que manifesta o sentido do que ele é. Isso se chama libertação. Na realidade ficcional-literária o imaginar é o real vigorando" (1).


Referência:
CASTRO, Manuel Antônio de. "Ficção e literatura infantil". In: ------. Tempos de Metamorfose. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 1994, p. 134.

6

"Escrever para crianças e adolescentes é muito difícil. Em primeiro lugar há o desafio de seduzir leitores inexperientes. A linguagem deve ser rica, sem ser inacessível; formativa e informativa, sem parecer uma dissertação. Deve ter humor e poesia. O escritor precisa recuperar o olhar inaugural das crianças, ou seja, precisa voltar a ver o mundo como se fosse pela primeira vez. Em segundo lugar, crianças estão atentas aos detalhes e não perdoam erros. Se gostam e um livro irão lê-lo, ou obrigar os pais a lê-lo, até saberem de cor parágrafos inteiros" (1).


Referência.
(1) AGUALUSA, José Eduardo. "Escrever a partir dos sonhos". In: O Globo, Segundo Caderno, sábado, 13-4-2019, p. 8.

7

"Torna-se claro que toda ficção literária, toda literatura infantil articula o formar e o imaginar no educar. Por isso, toda ficção, toda literatura, se é verdadeiramente literatura, é educativa" (1).


Referência:
CASTRO, Manuel Antônio de. "Ficção e literatura infantil". In: ------------. Tempos de Metamorfose. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 1994, p. 136.
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