Impróprio

De Dicionrio de Potica e Pensamento

1

"O que somos também não pode ser determinado pelo olhar dos outros nem pelo que está na moda ou pelo que predomina como demanda de consumo no contexto social ou ainda por alguma possível função. O outro, sempre presente no diálogo que todos nós somos, não é determinante para aquilo que somos e não somos, mas o sinal visível e externo da afirmação de nossa diferença. O outro não pode ser a minha medida, senão nos medimos por algo que nos é estranho. E é esta não-medida que podemos denominar de impróprio. Mas ele deve compartilhar, pela com-paixão, a aventura de sermos no apelo abismal de todo diálogo, de toda leitura" (1).


Referência:
(1) CASTRO, Manuel Antônio de Castro. "A linguagem poética e instrumental". In: ---.Leitura: questões. Rio de Janeiro: Editora Tempo Brasileiro, 2015, p. 55.

2

"O advento e a possibilidade da Escuta não é fruto de um desejo de Ulisses, isto é, nosso. Podemos ou não apenas acolhê-la. É um poder impotente, porque o acolher não é uma questão de vontade, mas de acolhimento do destino. Este é a via sinuosa de querer e não-querer, melhor de querer não-querer e de não-querer querer. No destino não está em jogo algo que nos é exterior, mas a realização do próprio. A via do impróprio nos faz sofrer porque nos lança no esquecimento do próprio e na aparência de ser o que não somos. Podemos mentir e nos enganar muito, mas não podemos fazer isso o tempo todo. Há sempre o kairós, instante de verdade que a cada um, no mais íntimo de seu íntimo, se revela e manifesta" (1).


Referência:
(1) CASTRO, Manuel Antônio de. "Ulisses e a Escuta do Canto das Sereias”. In: ---. Arte: o humano e o destino. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 2011, p. 176.

3

"É que o ser-humano é necessariamente livre, isto é, artístico e, por isso, faz semprearte culinária”, arte. Este “necessariamente livre” é seu projeto poético-onto-fenomenológico. O projeto se realizando é o corpo se manifestando e constituindo como ser-corpo. O poder-ser-livre acontece como ser-corpo. Eis o que diz Heidegger: " (1)
“O poder-ser é aquilo em função de que o Entre-ser é sempre tal como ele é de fato. Na medida, porém, em que este ser para o próprio poder-ser acha-se determinado pela liberdade o Entre-ser também pode relacionar-se com as suas possibilidades, ele pode ser impróprio”. Ser e tempo, p. 258.(2)


Referência:
(1) CASTRO, Manuel Antônio de. In: ---. "O corpo e a necessidade". Ensaio não publicado.
(2) HEIDEGGER, Martin. Ser e tempo, p. 258.
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