Olhar

De Dicionrio de Potica e Pensamento

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: Para [[compreender]] e [[apreender]] o que é o [[olhar]], o melhor [[caminho]] é [[pensar]] a [[diferença]] [[ontológica]] [[entre]] [[olhar]] e [[ver]]. Concretamente, um exemplo clássico pode nos fazer [[pensar]] essa [[diferença]]: quando Édipo, o famoso [[personagem]] do [[mito]] de Édipo, pensado por Sófocles em sua famosa [[obra]] ''Rei Édipo'', tinha [[olhos]] não penetrara e nem vira os [[caminhos]] de seu [[destino]]. É que o [[olho]] é [[funcional]], faz parte do nosso [[organismo]] que diz respeito ao [[olhar]], não necessariamente ao [[ver]], pois foi quando arrancou os [[olhos]] que passou a [[ver]] na [[luz]] da [[verdade]] os [[caminhos]] e [[descaminhos]] do seu [[destino]]. O [[olho]] diz respeito aos [[sentidos]], a [[visão]] diz respeito ao [[sentido]]. Não basta [[olhar]], é necessário [[ver]].
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: "[[Liberdade]] é sempre [[universal]] [[concreto]] como o [[humano]]. Há, portanto, um [[dar-se]] a [[ver]] e um [[ocultar]], um [[desvelar]] e um [[velar]]. Desse modo, por detrás de todo [[olhar]] deve [[vigorar]] sempre um [[ver]]. E todo [[ver]] só é [[ver]] na medida em que é dimensionado pelo [[pensar]]. Essa é a complexidade de toda [[crise]] e de toda [[verdade]], o que quer dizer de todo [[paradigma]]" (1).
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: Referência:
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: (1) CASTRO, Manuel Antônio de. "A globalização e os desafios do humano". In: Revista ''Tempo Brasileiro'', 201/202 - ''Globalização, pensamento e arte''. Rio de Janeiro, abr.-set., 2015, p. 21.

Edição atual tal como 15h20min de 1 de janeiro de 2020

1

A luz é a energia do silêncio e seu manto é a claridade. Sem luz não há claridade nem escuridão. A claridade da luz é o sentido e verdade do agir, o vigorar do silêncio da luz. Portanto, a luz é o princípio de tudo, pois dela provêm tanto a claridade quanto a escuridão. E o silêncio é essa energia de plenitude e origem de sentido e verdade em que se constitui originariamente a luz. Como origem de tudo, a luz pode mostrar-se como desvelamento e velamento, como claridade e escuridão. É neste e somente neste horizonte que podemos diferenciar olhar e ver. Podemos olhar tudo e não ver nada. Nesta diferença está a essência do ver porque ele remete para a essência da luz. E é neste sentido que para o grego a luz é o princípio de tudo. Portanto, ver nos diz já originariamente o estar experienciando o princípio de tudo em tudo que se olha. Só assim podemos não apenas olhar, mas, ao mesmo tempo, ver. (Para tal dimensão remete a citação do conto do Rosa "Nada e a nossa condição", no livro Primeiras estórias, citado no item 2 do Verbete Luz deste Dicionário).


- Manuel Antônio de Castro

2

Para compreender e apreender o que é o olhar, o melhor caminho é pensar a diferença ontológica entre olhar e ver. Concretamente, um exemplo clássico pode nos fazer pensar essa diferença: quando Édipo, o famoso personagem do mito de Édipo, pensado por Sófocles em sua famosa obra Rei Édipo, tinha olhos não penetrara e nem vira os caminhos de seu destino. É que o olho é funcional, faz parte do nosso organismo que diz respeito ao olhar, não necessariamente ao ver, pois foi quando arrancou os olhos que passou a ver na luz da verdade os caminhos e descaminhos do seu destino. O olho diz respeito aos sentidos, a visão diz respeito ao sentido. Não basta olhar, é necessário ver.


- Manuel Antônio de Castro.

3

"Liberdade é sempre universal concreto como o humano. Há, portanto, um dar-se a ver e um ocultar, um desvelar e um velar. Desse modo, por detrás de todo olhar deve vigorar sempre um ver. E todo ver só é ver na medida em que é dimensionado pelo pensar. Essa é a complexidade de toda crise e de toda verdade, o que quer dizer de todo paradigma" (1).


Referência:
(1) CASTRO, Manuel Antônio de. "A globalização e os desafios do humano". In: Revista Tempo Brasileiro, 201/202 - Globalização, pensamento e arte. Rio de Janeiro, abr.-set., 2015, p. 21.