Concreto

De Dicionrio de Potica e Pensamento

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: (1) CASTRO, Manuel Antônio de. "A globalização e os desafios do humano". In: Revista ''Tempo Brasileiro'', 201/202 - ''Globalização, pensamento e arte''. Rio de Janeiro, abr.-set., 2015, p. 21.
: (1) CASTRO, Manuel Antônio de. "A globalização e os desafios do humano". In: Revista ''Tempo Brasileiro'', 201/202 - ''Globalização, pensamento e arte''. Rio de Janeiro, abr.-set., 2015, p. 21.
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: "Na [[era]] [[global]] da [[comunicação]] instantânea (''Whatsapp'', ''Twitter'') nunca houve tanto [[isolamento]] e imersão numa [[realidade]] que nos foge dos pés. Todos conectados e todos [[isolados]]. Tanto nas [[artes]] quanto nas [[ciências]] reina a mais [[absoluta]] perplexidade. Os [[sistemas]] faliram e nunca se tornou tão urgente [[pensar]] o [[ético]] do [[humano]] e o [[humano]] do [[ético]] enquanto [[vigorar]] do [[princípio]] [[originário]] (''[[arché]]''). O [[ético]] é a [[verdade]] [[libertadora]] do [[universal]] [[concreto]]. Eis algumas denominações tentando [[dizer]] a atual [[globalização]]: [[pós-modernidade]], baixa-modernidade, [[contemporâneo]] (como se toda [[época]] não fosse [[contemporânea]] de quem a experiencia!!!!), [[sociedade]] da [[informação]], [[sociedade]] do [[espetáculo]], [[sociedade]] da [[comunicação]], [[sociedade]] de [[consumo]], [[sociedade]] do [[conhecimento]], pós-tudo, o [[tempo]] das [[redes]], o [[fim]] das [[certezas]], a [[realidade]] [[virtual]]. A pura negação ou a total aceitação deslumbrante é uma nescidade" (1).
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: (1) CASTRO, Manuel Antônio de. "A globalização e os desafios do humano". In: ''Revista Tempo Brasileiro'', 201/202 - ''Globalização, pensamento e arte''. Rio de Janeiro, abr.-set., 2015, p. 22.

Edição de 16h06min de 19 de Julho de 2019

1

Em geral, para explicar concreto, é necessário ver com clareza a formação da palavra. Cum-cretum, do verbo latino cum-crescere, o con-crescer. Mas só em parte fica explicado, pois não fica claro a questão que se coloca. Trata-se do universal concreto em oposição ao universal abstrato. O que aí se faz presente é a essência da ação, implicando o aspecto cognitivo, a vontade e o sentimento, e também um ponto de partida que está para além do próprio homem, mas não partindo imediatamente de um princípio transcendente. No fundo, o concreto é a duplicidade inerente ao ser humano como Entre-ser. Está em jogo a questão da finitude e da não-finitude. Mais detalhes ver o ensaio (1).


Referência:
(1) CASTRO, Manuel Antonio de. "A questão hermenêutica". In: Tempos de metamorfose. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 1994, p. 29.


Ver também:


2

Mas o que é isto – o concreto? Ele não se opõe ao abstrato. É mais. É sempre a vigência do vigente, isto é, a vigência da essência originária. É um cum-crescere (um con-crescer) da dobra enquanto desdobramento da unidade. No con-creto a phýsis é o permanente desdobrar-se enquanto mudar, que sempre tende para, deseja e ama o repouso, isto é, o velar-se. Con-crescer é o crescer que se retrai permanentemente no silêncio originário do repouso, da não-ação como plenitude de movimento.


- Manuel Antônio de Castro


3

"[...] concreto não é apenas o que tem massa, mas o que desencadeia realidade. Muitas vezes o que tem massa não é o mais concreto, nem sequer é o material. A nosso juízo, o que na música é música é o que há de mais concreto, seja para a música ou não" (1).


Referência:
(1) JARDIM, Antonio. Música: vigência do pensar poético. Rio de Janeiro: 7Letras, 2005, p. 156.


4

"Em toda e qualquer vigência do estabelecimento do concreto, o uno está obrigatoriamente presente. É certamente a sua presença que impõe a vigência do concreto e consequentemente a possibilidade de desencadear realidade. A verdade do concreto é a presença do uno. O concreto vige com o uno ou se desfaz nos processos de medição analógica, na identidade analítica, ou no âmbito da representação ideal" (1).


Referência:
(1) JARDIM, Antonio. Música: vigência do pensar poético. Rio de Janeiro: 7Letras, 2005, p. 82.


5

"O uno enquanto uno é mais do que o componente de uma representação ideal, é a própria condição de possibilidade tanto da instauração da representação ideal como simulacro verossímil do real, quanto da possibilidade dessa representação ideal ser considerada como capaz de desencadear realidade. Alcançar o concreto é deixar vigorar o uno sem desfazê-lo enquanto mero termo integrante da verossimilhança instaurada pela representação ideal, como correspondência entre a proferição e o proferido, simulando uma vigência de dinâmica da verdade" (1).


Referência:
(1) JARDIM, Antonio. Música: vigência do pensar poético. Rio de Janeiro: 7Letras, 2005, p.85.


6

"Concreto é uma palavra que tem origem no latim cum-crescere > con-crescere que quer dizer crescer junto, crescer com. Desse modo, concreto não é só o que tem massa, o que é seguro e firme. Antes pelo contrário, na medida em que é crescer, impõe movimento, dinâmica e consequentemente risco. Concreto é, assim, tudo aquilo que é capaz de desencadear realidade. E é nesse desencadear realidade que o concreto se vê melhor e mais propriamente realizado. Desencadear realidade é também, a seu modo, um modo de realização do pensar. À sua maneira, é isso que privilegiadamente realiza o pensar" (1).


Referência:
(1) JARDIM, Antonio. Música: vigência do pensar poético. Rio de Janeiro: 7Letras, 2005, p. 163.


7

"[...] o concreto nunca poderá ser fixo, parado, firme, seguro. Disso já nos adverte a própria palavra. Con-creto vem de cum-crescere > con-crescere. Con-crescere quer dizer: crescer junto, crescer com. Con-creto é, assim, o nome próprio da realidade. Evoca-lhe a realização contínua, diz que a realidade é sempre verbo" (1).


Referência:
(1) LEÃO, Emmanuel Carneiro. "Heidegger e a Modernidade: a correlação de sujeito e objeto". Aprendendo a pensar II. Petrópolis: Vozes, 1992, p. 173.


8

"O que faz com que uma obra seja literária é sua literariedade e não simplesmente o adjetivo justaposto. A literariedade é sempre universal. Não há, porém, uma intransitividade entre o literário (identidade) e o adjetivo (a diferença), pois a identidade é na diferença e a diferença é na identidade. Ou seja, toda obra realmente literária pressupõe-se concreta, no sentido de que concresça, nasça o idêntico e o diferente, o universal e o singular (que é o oposto do geral e do individual). Toda obra é literária e de uma determinada literatura, e será tanto mais universal quanto mais for singular. O exemplo maior é a literatura grega: radicalmente grega e universal" (1).


Referência:
(1) CASTRO, Manuel Antônio de. O acontecer poético - a história literária. Rio de Janeiro: Edições Antares, 2. e., 1982, p. 130.


9

"Liberdade é sempre universal concreto como o humano. Há, portanto, um dar-se a ver e um ocultar, um desvelar e um velar. Desse modo, por detrás de todo olhar deve vigorar sempre um ver. E todo ver só é ver na medida em que é dimensionado pelo pensar. Essa é a complexidade de toda crise e de toda verdade, o que quer dizer de todo paradigma" (1).


Referência:
(1) CASTRO, Manuel Antônio de. "A globalização e os desafios do humano". In: Revista Tempo Brasileiro, 201/202 - Globalização, pensamento e arte. Rio de Janeiro, abr.-set., 2015, p. 21.


10

"Na era global da comunicação instantânea (Whatsapp, Twitter) nunca houve tanto isolamento e imersão numa realidade que nos foge dos pés. Todos conectados e todos isolados. Tanto nas artes quanto nas ciências reina a mais absoluta perplexidade. Os sistemas faliram e nunca se tornou tão urgente pensar o ético do humano e o humano do ético enquanto vigorar do princípio originário (arché). O ético é a verdade libertadora do universal concreto. Eis algumas denominações tentando dizer a atual globalização: pós-modernidade, baixa-modernidade, contemporâneo (como se toda época não fosse contemporânea de quem a experiencia!!!!), sociedade da informação, sociedade do espetáculo, sociedade da comunicação, sociedade de consumo, sociedade do conhecimento, pós-tudo, o tempo das redes, o fim das certezas, a realidade virtual. A pura negação ou a total aceitação deslumbrante é uma nescidade" (1).


Referência:
(1) CASTRO, Manuel Antônio de. "A globalização e os desafios do humano". In: Revista Tempo Brasileiro, 201/202 - Globalização, pensamento e arte. Rio de Janeiro, abr.-set., 2015, p. 22.