Educar

De Dicionrio de Potica e Pensamento

Edição feita às 22h22min de 31 de Agosto de 2017 por Profmanuel (Discussão | contribs)

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Educar não é formar. É o manifestar o caminho que a cada um foi doado e, assim, chegar a ser o que já é, isto é, nosso próprio. Esse caminho de vida se torna a narrativa de apropriação do próprio. É o educar poético-originário. A palavra educar diz isso: ex-ducere, verbo latino,onde ex diz uma abertura de libertação, de possibilidades de se tornar livre. E ducere diz conduzir. Portanto, e-ducar é o incessante conduzir para o livre aberto, o não-limitado, pois nossa condição humana de viventes nos joga nos limites das nossas diferenças.


Manuel Antônio de Castro


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Educar, em sentido essencial, é o aprender do pensar, como estado de espírito (nóus) em que vive todo pensador. O pensador não é um mediador, não é um mero transmissor. Acredita na medida da mediação que é todo educar.


Referência:
CASTRO, Manuel Antônio de. "Ser e estar". In: Arte: o humano e o destino. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 2011, p. 20.

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Formado do latim, e-ducar diz ducere, conduzir, levar, e ex-, ek-,ec-,ecs-, para fora. Para fora, para onde? O sentido originário de ex- é ontológico, prévio ao espaço e tempo. Pelo contrário, fundado no ser, que não é, vigorando, manifesta tempo e espaço. Não pode ser reduzido a uma categoria gramatical que indica espaço, significando, portanto, o levar, por exemplo, para fora de uma sala ou para um crescimento numérico e cronológico, restrito a limites, somente possíveis em tempo e espaço já determinados. O ex- é o sem limites do livre aberto, da clareira, da iluminação e da liberdade ontológica.


- Manuel Antônio de Castro

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"Interessa-nos pensar de que maneira a poética da dialética pode ser pensada num diálogo com o "educar poético-originário", com o educar que propõe uma "aprendizagem de desaprender" a repetir os conceitos e definições que nos são impostos diariamente por diversos caminhos dentro e fora do espaço acadêmico" (1).


- Referência:
(1) GUIDA, Angela. "A poética da dialética". In: Revista Tempo Brasileiro, 192: Dialética em questão I. Rio de Janeiro, jan.-mar., 2013, p. 48.


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"No fundo, somente há o verdadeiro e único educar, quando se leva cada um a se apropriar do humano que é com o humanos, isto é, do que lhe é próprio ou simplesmente do que é, segundo a fala poético-originária de Píndaro: Chega a ser o que és: aprendendo (2) " (1).


Referência:
(1) CASTRO, Manuel Antônio de. "Eduardo Portella, o professor". In: Quatro vezes vinte - Eduardo Portella - Depoimentos. Rio de Janeiro, Academia Brasileira de Letras, 2012, p. 38.
(2) PINDARE. Phytiques. Trad. André Puech. Paris: Belles Lettres, 1922, p. 56: " Genoi oios essi manthon... ".


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"E [Eduardo Portella] pensa em tempo integral para poder levar todo ser humano a pensar, fazendo do educar um permanente ensaio de aprendizagem do pensar, tarefa hoje cada vez mais difícil e rara, porque o midiático monta uma cena obscena, onde predomina o dispersivo, o circunstancial, o ralo e passageiro da estesia da espetáculo estético. Nessa encenação virtual, o estético é mais importante do que o poético, com a evidente perda do ético. Só o poético, numa permanente ensaio de acerto e erro, de risco de perda e ganho, se funda no ético" (1).


Referência:
(1) CASTRO, Manuel Antônio de. "Eduardo Portella, o professor". In: Quatro vezes vinte - Eduardo Portella - Depoimentos. Rio de Janeiro, Academia Brasileira de Letras, 2012, p. 39.
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