Poema

De Dicionrio de Potica e Pensamento

Edição feita às 15h44min de 23 de Agosto de 2018 por Profmanuel (Discussão | contribs)

1

"O que um poema comunica não é primeiro da ordem de um conteúdo de pensamento, ele faz ouvir primeiro uma voz que é portadora de uma tonalidade afetiva" (1).


Referência:
(1) HAAR, Michel. "A 'elaboração' da verdade". In: -----. A obra de arte. Trad. Maria Helena Kühner. Rio de Janeiro: Difel, 2.000, p. 95.


2

“Em um poema não há lógica, só é necessário que nos entreguemos para nos tornarmos corpo com o poema. Não sabemos seu modo de realização, pois apenas nos entregamos para que, com eles, nos realizemos de maneira surpreendente. Eis aí o espanto do operar poético: um mar se dando na multiperspectividade de nuances, em que não é possível identificar um porto seguro” (1).


Referência:
(1) PESSANHA, Fábio Santana. A hermenêutica do mar – Um estudo sobre a poética de Virgílio de Lemos. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 2013, p. 51.

3

O eu-lírico é um conceito abstrato-formal inexistente, a que nenhuma realidade corresponde. Quando num poema fala um eu, se o poema é verdadeiro, este será sempre fala da poesia. Jamais será fala do poeta ou um formal e abstrato eu-lírico. É o eu-concreto da poesia manifestando-se no poeta e nos leitores que verdadeiramente têm o poema da poesia. O poeta ou o leitor fala, mas quem diz é a poesia. Um poema é verdadeiro quando é esse dizer concreto da poesia.


- Manuel Antônio de Castro


Ver também:


4

"O poema é uma das maneiras como a poesia se manifesta, como também é a música, a arquitetura e a culinária" (1).


Referência:
(1) MÁRCIO-ANDRÉ. "Ser topônimo de si mesmo". In: Revista Tempo Brasileiro, 201/202 - Globalização, pensamento e arte. Rio de Janeiro, abr.-set., 2015, p. 179.


5

" ... um poema no papel depende de um leitor aberto à poesia que possa “extrair” dele. Sem esta abertura, esta “preparação”, o poema é apenas um texto no papel. O poder poético guardado nas coisas e no poema necessita ser aberto com chave ou punho. Não está pronto simplesmente, exige uma intervenção corporal" (1).


Referência:
(1) MÁRCIO-ANDRÉ. "Ser topônimo de si mesmo". In: Revista Tempo Brasileiro, 201/202 - Globalização, pensamento e arte. Rio de Janeiro, abr.-set., 2015, p. 179.

6

“Um poema não quer dizer, ele diz. E esse dizer não é um ‘fazer como’, uma indicação de um caminho a seguir, mas é o próprio caminhar. Ler um poema é se abrir ao indizível, por isso, como podemos dizer que um poema retrata, caracteriza ou luta por algo?
O impacto de um poema não se restringe apenas à explosão subjetiva das sensações, isto é, o poema não está a serviço da sensibilidade, do sensório. Mais do que isso, ele nos convoca a adentrarmos naquilo que não conhecemos sobre nosso próprio; um caminho de procura cuja busca se dá na peregrinação do que estamos sendo, portanto, um ato contínuo de desencobrimento.
Um poema é uma abertura, então devemos lê-lo sem querer respostas, mas de maneira questionante. Devemos ser com o poema” (1).


Referência:
(1) PESSANHA, Fábio Santana. A hermenêutica do mar – Um estudo sobre a poética de Virgílio de Lemos. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 2013, p. 44.


Ver também:
*Poesia



7

“Um poema não tem lógica, mas impõe um sentido. Quando afirmamos a ausência de lógica de um poema, não significa que seja incompreensível, de forma alguma! Estamos nos reportando ao fato daqueles que tentam fazer do poema uma mina na qual se escavam sentidos externos, em que a lógica é estabelecida de fora, a partir da aplicação de teóricos de todos os tipos e lugares, como se um poema precisasse do aval de um técnico, de um especialista para se fazer poético. No mínimo é o contrário, pois qualquer teoria só é possível a partir do poético, e aqui ressaltamos que poético não é forma de poema, mas poíesis, vigor de presença, a essência de todo agir que age essencialmente na procura de seu princípio” (1).


Referência:
(1) PESSANHA, Fábio Santana. A hermenêutica do mar – Um estudo sobre a poética de Virgílio de Lemos. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 2013, p. 132.



4

“[...] num poema não há descrições, mas fulgurância do real em lampejos de realidade” (1).


Referência:
(1) PESSANHA, Fábio Santana. A hermenêutica do mar – Um estudo sobre a poética de Virgílio de Lemos. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 2013, p. 104.
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