Escuridão
De Dicionrio de Potica e Pensamento
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: O que este [[enigma]] nos quer [[propor]]? Qual a sua ligação com o anterior? As duas irmãs são, evidentemente, [[imagens-questões]]. Do quê? É clara a ligação entre os dois [[enigmas]]. A [[resposta]] ao primeiro [[enigma]] parece ser a certa e [[verdadeira]], desfazendo então o [[enigma]]. Ao [[propor]] o segundo [[enigma]], este mostra a [[ambiguidade]] da primeira [[resposta]]" (1). | : O que este [[enigma]] nos quer [[propor]]? Qual a sua ligação com o anterior? As duas irmãs são, evidentemente, [[imagens-questões]]. Do quê? É clara a ligação entre os dois [[enigmas]]. A [[resposta]] ao primeiro [[enigma]] parece ser a certa e [[verdadeira]], desfazendo então o [[enigma]]. Ao [[propor]] o segundo [[enigma]], este mostra a [[ambiguidade]] da primeira [[resposta]]" (1). | ||
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- | : (1) CASTRO, Manuel Antônio de. “Heidegger e as questões da arte”. In: Manuel Antônio de Castro, (org.). ''Arte em questão: as questões da arte''. Rio de Janeiro: 7Letras, 2005, p. 27. | + | : (1) CASTRO, Manuel Antônio de. “Heidegger e as questões da arte”. In: Manuel Antônio de Castro, (org.). '''Arte em questão: as questões da arte'''. Rio de Janeiro: 7Letras, 2005, p. 27. |
Edição de 16h00min de 8 de Setembro de 2021
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1
- A luz é a energia do silêncio e seu manto é a claridade. Sem luz não há claridade nem escuridão. A claridade da luz é o sentido e verdade do agir, o vigorar do silêncio da luz. Portanto, a luz é o princípio de tudo, pois dela provêm tanto a claridade quanto a escuridão. E o silêncio é essa energia de plenitude e origem de sentido e verdade em que se constitui originariamente a luz. Como origem de tudo, a luz pode-se mostrar como desvelamento e velamento, como claridade e escuridão.
2
- Ao homem só é possível ver a partir da visibilidade do visível e a visibilidade do visível aparece e se manifesta como retraimento do não-visível, do sem-limite, o abismo de horizontalidade e verticalidade. A visibilidade está para a luz assim como o não-visível está para a escuridão. Tanto luz como escuridão dependem do visível como do não-visível e não o inverso.
3
- "Não se deve reduzir a luz à claridade. A escuridão também pertence à luz e por isso mesmo nunca deixa de ser luminosa. A luz é tensão ontológica, a tensão da unidade de claridade e escuridão no próprio ser dos seres. É desta unidade que Heráclito de Éfeso diz que tudo é Um: (én panta einai)(Diels, 50)" (1).
- Referência:
- (1) LEÃO, Emmanuel Carneiro. Filosofia grega - Uma Introdução. "A luz na arte grega". In: ----. Teresópolis: Daimon, 2010, p. 89.
4
- "A luz como tudo é a escuridão como nada. Por isso, quando vemos a luz nos julgamos na escuridão. Se a escuridão já não fosse também luz nunca poderíamos ver a luz, quando nos julgamos na escuridão" (1).
- Referência bibliográfica:
- (1) CASTRO, Manuel Antônio de. "O mito de Midas da morte ou do ser feliz". In: -------. Arte: o humano e o destino. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 2011, p. 194.
5
- “ A esfinge, aflita com aquela inteligência clara e rápida (aparentemente) recobra o fôlego e propõe novo enigma: São duas irmãs. Uma gera a outra. E a segunda, por seu turno, é gerada pela primeira. Quem são elas? A luz e a escuridão, responde Édipo. A luz do dia, clareira aberta no Céu, gera a escuridão da noite, que, por seu turno, precede a luz do dia ”.
- O que este enigma nos quer propor? Qual a sua ligação com o anterior? As duas irmãs são, evidentemente, imagens-questões. Do quê? É clara a ligação entre os dois enigmas. A resposta ao primeiro enigma parece ser a certa e verdadeira, desfazendo então o enigma. Ao propor o segundo enigma, este mostra a ambiguidade da primeira resposta" (1).
- Este enigma nos remete para o que o grego compreende por verdade, ou seja, aletheia. Ela é a tensão de desvelamento (luz) e velamento (escuridão). Nesse sentido é uma concepção da verdade muito diferente da concepção lógica da verdade.
- Referência:
- (1) CASTRO, Manuel Antônio de. “Heidegger e as questões da arte”. In: Manuel Antônio de Castro, (org.). Arte em questão: as questões da arte. Rio de Janeiro: 7Letras, 2005, p. 27.