Epifania

De Dicionrio de Potica e Pensamento

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: - "Não use a [[palavra]] "[[Deus]]". Diga "[[Santidade]]". Há [[santidade]] em todas as [[pessoas]]. [[Santidade]] [[humana]]. Todo o resto são [[atributos]], disfarce, [[manifestação]] e truque. Não se pode decifrar ou capturar a [[santidade]] [[humana]]. Ao mesmo tempo... é [[algo]] que podemos pegar. [[Algo]] tangível que dura até a [[morte]]. O que [[acontece]] depois é escondido de nós. Apenas os [[poetas]], [[músicos]] e [[santos]]... é que podem [[descrever]] aquilo que podemos apenas [[discernir]]: o [[inconcebível]]. Eles viram, conheceram, [[compreenderam]]... não totalmente, mas de modo [[fragmentado]]. Para mim é um conforto [[pensar]] na [[santidade]] [[humana]]" (1).
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: - "Não use a [[palavra]] "[[Deus]]". Diga "[[Santidade]]". Há [[santidade]] em todas as [[pessoas]]. [[Santidade]] [[humana]]. Todo o resto são [[atributos]], disfarce, [[manifestação]] e truque. Não se pode decifrar ou capturar a [[santidade]] [[humana]]. Ao mesmo tempo... é [[algo]] que podemos pegar. [[Algo]] tangível que dura até a [[morte]]. O que [[acontece]] depois é escondido de nós. Apenas os [[poetas]], [[músicos]] e [[santos]]... é que podem descrever aquilo que podemos apenas [[discernir]]: o inconcebível. Eles viram, conheceram, [[compreenderam]]... não totalmente, mas de modo fragmentado. Para mim é um conforto [[pensar]] na [[santidade]] [[humana]]" (1).
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: (1) Ingmar [[Bergman]].''' No [[filme]] A ilha de [[Bergman]], de Marie Nyreröd. [[Bergman]] escolhe essa [[fala]] de um bispo, tio Jakob, [[personagem]] do [[filme]] [[Confições]] [[privadas]], roteiro de [[Bergman]] e dirigido por Liv Ullmann, para [[dizer]], sinteticamente, o que ele [[pensa]] a propósito dos [[temas]] [[religiosos]] de seus [[filmes]].'''
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: (1) Ingmar [[Bergman]].''' No [[filme]] A ilha de [[Bergman]], de Marie Nyreröd. [[Bergman]] escolhe essa [[fala]] de um bispo, tio Jakob, [[personagem]] do [[filme]] Confições privadas, roteiro de [[Bergman]] e dirigido por Liv Ullmann, para [[dizer]], sinteticamente, o que ele [[pensa]] a propósito dos [[temas]] [[religiosos]] de seus [[filmes]].'''
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Edição de 21h39min de 17 de Maio de 2025

Tabela de conteúdo

1

Não há clareira sem floresta, porém a floresta aparece como floresta na medida em que se retira e se deixa ver, perceber, manifestar, isto é, vir à luz, iluminar-se, na clareira. Eis a verdade como aletheia: revelação, desvelamento, manifestação do ser. Nisso consiste e acontece a sua verdade. Toda revelação é uma epifania, pois esta palavra diz o aparecer, o manifestar-se do divino, do ser. Daí o caráter sagrado da verdade em grego, ou seja, aletheia.


- Manuel Antônio de Castro.

2

- "Acredita em Deus, tio Jakob? Um Pai do Céu, um Deus do Amor? Um Deus com mãos, um coração e olhar vigilante?"
- "Não use a palavra "Deus". Diga "Santidade". Há santidade em todas as pessoas. Santidade humana. Todo o resto são atributos, disfarce, manifestação e truque. Não se pode decifrar ou capturar a santidade humana. Ao mesmo tempo... é algo que podemos pegar. Algo tangível que dura até a morte. O que acontece depois é escondido de nós. Apenas os poetas, músicos e santos... é que podem descrever aquilo que podemos apenas discernir: o inconcebível. Eles viram, conheceram, compreenderam... não totalmente, mas de modo fragmentado. Para mim é um conforto pensar na santidade humana" (1).


Referência:
(1) Ingmar Bergman. No filme A ilha de Bergman, de Marie Nyreröd. Bergman escolhe essa fala de um bispo, tio Jakob, personagem do filme Confições privadas, roteiro de Bergman e dirigido por Liv Ullmann, para dizer, sinteticamente, o que ele pensa a propósito dos temas religiosos de seus filmes.

3

Toda revelação é uma epifania, pois esta palavra diz o aparecer, o manifestar-se do divino, do sagrado, do que é santo do ser. Daí o caráter sagrado da verdade em grego, ou seja, aletheia.


- Manuel Antônio de Castro.

4

" Devemos compreender epi-fania no seu sentido grego, de onde se forma a palavra. Epi- é advir para o livre aberto em uma clareira que de repente se abre no e pelo vigorar da energia irradiante. Esse abrir é o que diz o radical grego –fania, formado do verbo phaino, aparecer, vir à luz, manifestar-se, desvelar-se como verdade, a-létheia " (1).


Referência:
(1) CASTRO, Manuel Antônio de. "Amar e ser". In: -----. Arte: o humano e o destino. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 2011, p. 303.
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