Fenomenologia

De Dicionrio de Potica e Pensamento

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:"Temos de levar a sério que o tema de ''Ser e Tempo'' é o [[ser]] dos seres, o ser do que é, e está sendo, ''das Sein des Seienden'', e o sentido do ser em geral, ''der Sinn des Sein Ueberhaupt''. A fenomenologia torna-se [[caminho]] de retorno, o movimento de volta para a fonte donde o tema é investigado. Isto significa, acentua Heidegger, que ''Ser e Tempo'' não prescreve para si um ponto de vista ou uma [[posição]], nem uma corrente ou [[sistema]], de vez que a fenomenologia não é nada disto e nunca poderá ser, enquanto se compreender a si mesma, como fenomenologia. Esta independência de posição e [[ponto de vista]], esta libertação de corrente e sistema devem ser tomadas em toda sua radicalidade" (1).
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: "Temos de levar a sério que o [[tema]] de ''Ser e Tempo'' é o [[ser]] dos [[seres]], o [[ser]] do que [[é]], e está sendo, ''das Sein des Seienden'', e o [[sentido do ser]] em geral, ''der Sinn des Sein Ueberhaupt''. A [[fenomenologia]] torna-se [[caminho]] de retorno, o [[movimento]] de volta para a [[fonte]] donde o [[tema]] é investigado. Isto significa, acentua [[Heidegger]], que ''Ser e Tempo'' não prescreve para si um ponto de vista ou uma [[posição]], nem uma corrente ou [[sistema]], de vez que a [[fenomenologia]] não é [[nada]] disto e nunca poderá [[ser]], enquanto se [[compreender]] a si mesma, como [[fenomenologia]]. Esta independência de [[posição]] e [[ponto de vista]], esta [[libertação]] de corrente e [[sistema]] devem [[ser]] tomadas em toda sua [[radicalidade]]" (1).
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:(1) LEÃO, Emmanuel Carneiro. "A fenomenologia de Edmund Husserl e a fenomenologia de Martin Heidegger". In: ''Revista Tempo Brasileiro'', Rio de Janeiro, 165: abr.-jun., 2006, p. 8.
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: (1) LEÃO, Emmanuel Carneiro. "A fenomenologia de Edmund Husserl e a fenomenologia de Martin Heidegger". In: ''Revista Tempo Brasileiro'', nº 165. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 2006, p. 8.
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: (1) LEÃO, Emmanuel Carneiro. ''Filosofia Contemporânea''. Teresópolis/RJ: Daimon Editora, 2013, p. 27 a 45.
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:"A fenomenologia é a [[linguagem]] dos fenômenos que são, seja na [[consciência]] e sua constitutiva [[intencionalidade]], seja fora da consciência, tanto no pré-consciente, no subconsciente ou [[inconsciente]], como no extra-consciente. Sem a vigência do ser num advento de realização de sua [[verdade]] não se dá nem se pode dar consciência e intencionalidade. Por isso a fenomenologia da Pré-sença, ''Dasein'', é a locanda, a [[estância]] móvel, onde o homem encontra as possibilidades ontológicas para edificar seu modo de ser em todos os níveis de seu desempenho. Por isso, para edificar-se, ''Ser e Tempo'' não pode partir nem instalar-se na consciência, seja intencional ou não, seja ''transcendental'' ou não, seja empírica ou não" (1).
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: "A fenomenologia é a [[linguagem]] dos fenômenos que são, seja na [[consciência]] e sua constitutiva [[intencionalidade]], seja fora da consciência, tanto no pré-consciente, no subconsciente ou [[inconsciente]], como no extra-consciente. Sem a vigência do ser num advento de realização de sua [[verdade]] não se dá nem se pode dar consciência e intencionalidade. Por isso a fenomenologia da Pré-sença, ''Dasein'', é a locanda, a [[estância]] móvel, onde o homem encontra as possibilidades ontológicas para edificar seu modo de ser em todos os níveis de seu desempenho. Por isso, para edificar-se, ''Ser e Tempo'' não pode partir nem instalar-se na consciência, seja intencional ou não, seja ''transcendental'' ou não, seja empírica ou não" (1).
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:(1) LEÃO, Emmanuel Carneiro. "A fenomenologia de Edmund Husserl e a fenomenologia de Martin Heidegger". In: ''Revista Tempo Brasileiro'', Rio de Janeiro, 165: abr.-jun., 2006, p. 10.
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: (1) LEÃO, Emmanuel Carneiro. "A fenomenologia de Edmund Husserl e a fenomenologia de Martin Heidegger". In: ''Revista Tempo Brasileiro'', nº 165. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 2006, p. 10.
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: (1) LEÃO, Emmanuel Carneiro. ''Filosofia Contemporânea''. Teresópolis/RJ: Daimon Editora, 2013, p. 27 a 45.
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:"Na fenomenologia, trata-se de [[ver]] com os olhos de todo o [[ser]] que se acha e se tem aos olhos. O [[fenômeno]] grita em cada esquina e clama pelas praças afora. Está por toda parte, na sarjeta e no ferro velho, na [[vida]] e na [[morte]], no monte de lixo e no monturo de estrume. Dá-se abertamente em plena [[claridade]], seja do meio dia, seja da meia noite. Basta abrir os olhos para dentro e para fora, como faz a rosa à luz da manhã, nas palavras de um médico do século XVII, que, em suas andanças de arauto, se chamava de Ângelus Silesius, mensageiro da Silésia. O ser não está atrás do que é e está sendo. Por detrás do [[sendo]], não há nada, nem ser, nem sendo, somente o [[Nada]]" (1).
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: "Na [[fenomenologia]], trata-se de [[ver]] com os olhos de todo o [[ser]] que se acha e se tem aos olhos. O [[fenômeno]] grita em cada esquina e clama pelas praças afora. Está por toda parte, na sarjeta e no ferro velho, na [[vida]] e na [[morte]], no monte de lixo e no monturo de estrume. Dá-se abertamente em plena [[claridade]], seja do meio dia, seja da meia noite. Basta abrir os olhos para dentro e para fora, como faz a rosa à luz da manhã, nas palavras de um médico do século XVII, que, em suas andanças de arauto, se chamava de Ângelus Silesius, mensageiro da Silésia. O ser não está atrás do que é e está sendo. Por detrás do [[sendo]], não há nada, nem ser, nem sendo, somente o [[Nada]]" (1).
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: LEÃO, Emmanuel Carneiro. "A fenomenologia de Edmund Husserl e a fenomenologia de Martin Heidegger". In: ''Revista Tempo Brasileiro'', nº 165. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 2006, p. 11.
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: (1) LEÃO, Emmanuel Carneiro. ''Filosofia Contemporânea''. Teresópolis/RJ: Daimon Editora, 2013, p. 27 a 45.
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: "Ora, uma das lições da [[fenomenologia]] está em que toda [[visão]] não vê apenas o visível, vê também o invisível, e o vê para poder simplesmente ver alguma [[coisa]]. É que, em toda visão, se vê também com os ouvidos e com tudo que se é e deixa de ser, e não apenas com os olhos. Nesta integração de [[escuta]] e visão, convivem a ambiguidade de [[ser]] e [[não-ser]] e a ambivalência de dar-se e retrair-se que de si mesmo nos dá qualquer [[fenômeno]]  em toda [[leitura]]" (1).
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: LEÃO, Emmanuel Carneiro. "A fenomenologia de Edmund Husserl e a fenomenologia de Martin Heidegger". In: ''Revista Tempo Brasileiro'', nº 165. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 2006, p. 7.
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: (1) LEÃO, Emmanuel Carneiro. ''Filosofia Contemporânea''. Teresópolis/RJ: Daimon Editora, 2013, p. 27 a 45.
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: "Em Binswanger todo e qualquer [[fenômeno]] já é em si mesmo como [[fenômeno]], uma [[fenomenologia]]. No [[aparecimento]] e [[desaparecimento]] de sua ocorrência, a [[pessoa]] é [[criativa]], passa a [[recolher]] o [[modo]] de [[ser]] e [[acolher]] o [[não ser]] de suas [[diferenças]] e [[referências]] com todos os outros [[fenômenos]]" (1).
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: (1) LEÃO, Emmanuel Carneiro. "Análise da Existência humana em Binswanger". In: -----. ''Filosofia contemporânea''. Teresópolis/RJ: Daimon Editora, 2013, p. 69.
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: "Em [[Husserl]] é pela [[intencionalidade]] que a [[consciência]] está sempre passando do [[fenômeno]] para a [[fenomenologia]]. Há, pois, uma [[distinção]] entre [[fenômeno]] e [[fenomenologia]] e a [[intencionalidade]] da [[consciência]] serve de ponte de [[ligação]]. Sem [[consciência]] [[intencional]] não se dá [[fenomenologia]]" (1).
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: (1) LEÃO, Emmanuel Carneiro. "Análise da Existência humana em Binswanger". In: -----. ''Filosofia contemporânea''. Teresópolis/RJ: Daimon Editora, 2013, p. 69.
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: "A [[diferença]] e [[referência]] [[entre]] [[consciente]] e [[inconsciente]] não se pode [[reduzir]] apenas a [[mecanismos]] e [[processadores]], mas inclui ambas as [[coisas]]. O que a [[fenomenologia]] do [[fenômeno]] nos faz [[perceber]] é que qualquer emergente na [[vida]] perfaz um [[movimento]] só na [[criação]] das [[pessoas]]. Sem o [[percurso]] desta [[identidade]], de [[igualdade]] e [[diferença]], não é [[possível]] [[sentir-se]] dentro nem encontrar-se com [[movimento]] de [[transformação]] da [[fenomenologia]] de todo [[fenômeno]]. Assim é indispensável passar dos [[mecanismos]] para o [[sentido]] que revelam e a que visam  os [[mecanismos]]" (1).
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:LEÃO, Emmanuel Carneiro. "A fenomenologia de Edmund Husserl e a fenomenologia de Martin Heidegger". In: ''Revista Tempo Brasileiro'', Rio de Janeiro, 165: abr.-jun., 2006, p. 11.
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: (1) LEÃO, Emmanuel Carneiro. "Análise da Existência humana em Binswanger". In: -----. ''Filosofia contemporânea''. Teresópolis/RJ: Daimon Editora, 2013, p. 70.

Edição atual tal como 20h41min de 25 de Maio de 2020

1

"Temos de levar a sério que o tema de Ser e Tempo é o ser dos seres, o ser do que é, e está sendo, das Sein des Seienden, e o sentido do ser em geral, der Sinn des Sein Ueberhaupt. A fenomenologia torna-se caminho de retorno, o movimento de volta para a fonte donde o tema é investigado. Isto significa, acentua Heidegger, que Ser e Tempo não prescreve para si um ponto de vista ou uma posição, nem uma corrente ou sistema, de vez que a fenomenologia não é nada disto e nunca poderá ser, enquanto se compreender a si mesma, como fenomenologia. Esta independência de posição e ponto de vista, esta libertação de corrente e sistema devem ser tomadas em toda sua radicalidade" (1).


Referência:
(1) LEÃO, Emmanuel Carneiro. "A fenomenologia de Edmund Husserl e a fenomenologia de Martin Heidegger". In: Revista Tempo Brasileiro, nº 165. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 2006, p. 8.
O texto foi reeditado em:
(1) LEÃO, Emmanuel Carneiro. Filosofia Contemporânea. Teresópolis/RJ: Daimon Editora, 2013, p. 27 a 45.

2

"A fenomenologia é a linguagem dos fenômenos que são, seja na consciência e sua constitutiva intencionalidade, seja fora da consciência, tanto no pré-consciente, no subconsciente ou inconsciente, como no extra-consciente. Sem a vigência do ser num advento de realização de sua verdade não se dá nem se pode dar consciência e intencionalidade. Por isso a fenomenologia da Pré-sença, Dasein, é a locanda, a estância móvel, onde o homem encontra as possibilidades ontológicas para edificar seu modo de ser em todos os níveis de seu desempenho. Por isso, para edificar-se, Ser e Tempo não pode partir nem instalar-se na consciência, seja intencional ou não, seja transcendental ou não, seja empírica ou não" (1).


Referência:
(1) LEÃO, Emmanuel Carneiro. "A fenomenologia de Edmund Husserl e a fenomenologia de Martin Heidegger". In: Revista Tempo Brasileiro, nº 165. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 2006, p. 10.
O texto foi reeditado em:
(1) LEÃO, Emmanuel Carneiro. Filosofia Contemporânea. Teresópolis/RJ: Daimon Editora, 2013, p. 27 a 45.

3

"Na fenomenologia, trata-se de ver com os olhos de todo o ser que se acha e se tem aos olhos. O fenômeno grita em cada esquina e clama pelas praças afora. Está por toda parte, na sarjeta e no ferro velho, na vida e na morte, no monte de lixo e no monturo de estrume. Dá-se abertamente em plena claridade, seja do meio dia, seja da meia noite. Basta abrir os olhos para dentro e para fora, como faz a rosa à luz da manhã, nas palavras de um médico do século XVII, que, em suas andanças de arauto, se chamava de Ângelus Silesius, mensageiro da Silésia. O ser não está atrás do que é e está sendo. Por detrás do sendo, não há nada, nem ser, nem sendo, somente o Nada" (1).


Referência:
LEÃO, Emmanuel Carneiro. "A fenomenologia de Edmund Husserl e a fenomenologia de Martin Heidegger". In: Revista Tempo Brasileiro, nº 165. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 2006, p. 11.
O texto foi reeditado em:
(1) LEÃO, Emmanuel Carneiro. Filosofia Contemporânea. Teresópolis/RJ: Daimon Editora, 2013, p. 27 a 45.

4

"Ora, uma das lições da fenomenologia está em que toda visão não vê apenas o visível, vê também o invisível, e o vê para poder simplesmente ver alguma coisa. É que, em toda visão, se vê também com os ouvidos e com tudo que se é e deixa de ser, e não apenas com os olhos. Nesta integração de escuta e visão, convivem a ambiguidade de ser e não-ser e a ambivalência de dar-se e retrair-se que de si mesmo nos dá qualquer fenômeno em toda leitura" (1).


Referência:
LEÃO, Emmanuel Carneiro. "A fenomenologia de Edmund Husserl e a fenomenologia de Martin Heidegger". In: Revista Tempo Brasileiro, nº 165. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 2006, p. 7.
O texto foi reeditado em:
(1) LEÃO, Emmanuel Carneiro. Filosofia Contemporânea. Teresópolis/RJ: Daimon Editora, 2013, p. 27 a 45.

5

"Em Binswanger todo e qualquer fenômeno já é em si mesmo como fenômeno, uma fenomenologia. No aparecimento e desaparecimento de sua ocorrência, a pessoa é criativa, passa a recolher o modo de ser e acolher o não ser de suas diferenças e referências com todos os outros fenômenos" (1).


Referência:
(1) LEÃO, Emmanuel Carneiro. "Análise da Existência humana em Binswanger". In: -----. Filosofia contemporânea. Teresópolis/RJ: Daimon Editora, 2013, p. 69.


6

"Em Husserl é pela intencionalidade que a consciência está sempre passando do fenômeno para a fenomenologia. Há, pois, uma distinção entre fenômeno e fenomenologia e a intencionalidade da consciência serve de ponte de ligação. Sem consciência intencional não se dá fenomenologia" (1).


Referência:
(1) LEÃO, Emmanuel Carneiro. "Análise da Existência humana em Binswanger". In: -----. Filosofia contemporânea. Teresópolis/RJ: Daimon Editora, 2013, p. 69.

7

"A diferença e referência entre consciente e inconsciente não se pode reduzir apenas a mecanismos e processadores, mas inclui ambas as coisas. O que a fenomenologia do fenômeno nos faz perceber é que qualquer emergente na vida perfaz um movimento só na criação das pessoas. Sem o percurso desta identidade, de igualdade e diferença, não é possível sentir-se dentro nem encontrar-se com movimento de transformação da fenomenologia de todo fenômeno. Assim é indispensável passar dos mecanismos para o sentido que revelam e a que visam os mecanismos" (1).


Referência:
(1) LEÃO, Emmanuel Carneiro. "Análise da Existência humana em Binswanger". In: -----. Filosofia contemporânea. Teresópolis/RJ: Daimon Editora, 2013, p. 70.
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