Abstrato

De Dicionrio de Potica e Pensamento

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:"No desdobramento da Cultura Ocidental esse pensamento capaz de recolher e concentrar no dizer simples, concreto e que a partir de sua concretude se configurou capaz de desencadear realidade, se desunificou pela vigência da medida analógica, da identidade analítica, e pelo processo em que essas duas se juntaram à idéia, esta, enquanto fator basicamente constituidor da unidade abstrata, e diluidor da unidade concreta" (1).
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:"O estudo vem da [[razão]] e, como tudo que é racional, não pode nem [[morrer]] nem [[viver]]. [[Aprender]] é vivo e, como toda vida, precisa morrer continuamente para viver. Estudar é o meio de [[conhecer]]. Ora, conhecer é [[poder]] e um poder tão poderoso que se pretende dispensar de ser o que conhece. Para o [[conhecimento]] [[ser]] o que se conhece é perigoso. Traz o perigo de comprometer a isenção e neutralidade do conhecimento. Por isso, o conhecimento tem de ser racional e arrancado de toda [[possibilidade]] de viver e morrer. Em latim, arrancar se diz ''abstráhere'' e arrancado ''abstractum''. Para arrancar-se da alternativa de vida e morte, o conhecimento se torna abstrato. Abstrato quer dizer, em primeiro lugar e antes de tudo, fora da possibilidade de morrer e viver para poder estar todo dentro da segurança do poder" (1).
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: (1) LEÃO, Emmanuel Carneiro. ''Filosofia grega - uma introdução''. Teresópolis: Daimon Editora, 2010, p. 26.
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: - Ver o verbete [[abstração]].
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:"As palavras abstratas, disse Nietzsche, são como alforjes, nos quais as [[época|épocas]] e as filosofias teriam acumulado as coisas mais heteróclitas. E assim a [[palavra]] acaba tornando-se um tal entrecruzamento de "marcas" que embaralha todas as pistas. A [[função]] do genealogista é reencontrar estas pistas" (1). Se bem notarmos, tudo se centraliza na ''palavra''. Esta deve conter originariamente algo vivo e vigoroso que permita mais do que "pistas" a essência concreta do que a palavra conserva como [[memória]], onde a [[vigência]] do passado é a garantia do futuro.
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:- [[Manuel Antônio de Castro]]
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: (1) LEBRUN, Gérard. ''O que é poder''. 6. ed. São Paulo: Brasiliense, 1984, p. 8
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:Que diz a palavra abstrato? É bem diferente daquilo que a gramática ensina. Em sua formação temos: ''abs-'', para fora, e –''trato'', do verbo latino ''trahere'', arrastar, puxar. Arrastar para fora o quê? O que se deixa de fora nos [[conceitos]] e não pode ser representado: a diferença e originalidade de cada [[ente]] em seu estar sendo como [[tempo]]. Por isso, todo conceito é abstrato, é uma [[representação]] e [[conhecimento]] racional. De alguma maneira também a [[fotografia]] é abstrata. Podemos dar uma exemplo daquilo que ela não pode tornar [[presente]] e, portanto, fica de fora, torna-se uma representação abstrata: nenhuma foto registra e representa o odor da flor, bem como seu estar sendo. Ela a fixa num determinado momento e nada mais muda.
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:"No desdobramento da Cultura Ocidental esse [[pensamento]] capaz de recolher e concentrar no dizer simples, [[concreto]] e que a partir de sua concretude se configurou capaz de desencadear realidade, se desunificou pela vigência da [[medida]] analógica, da identidade [[análise|analítica]], e pelo processo em que essas duas se juntaram à ideia, esta, enquanto fator basicamente constituidor da [[unidade]] abstrata, e diluidor da unidade concreta" (1).
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Edição atual tal como 19h57min de 8 de Maio de 2015

1

"O estudo vem da razão e, como tudo que é racional, não pode nem morrer nem viver. Aprender é vivo e, como toda vida, precisa morrer continuamente para viver. Estudar é o meio de conhecer. Ora, conhecer é poder e um poder tão poderoso que se pretende dispensar de ser o que conhece. Para o conhecimento ser o que se conhece é perigoso. Traz o perigo de comprometer a isenção e neutralidade do conhecimento. Por isso, o conhecimento tem de ser racional e arrancado de toda possibilidade de viver e morrer. Em latim, arrancar se diz abstráhere e arrancado abstractum. Para arrancar-se da alternativa de vida e morte, o conhecimento se torna abstrato. Abstrato quer dizer, em primeiro lugar e antes de tudo, fora da possibilidade de morrer e viver para poder estar todo dentro da segurança do poder" (1).


Referência:
(1) LEÃO, Emmanuel Carneiro. Filosofia grega - uma introdução. Teresópolis: Daimon Editora, 2010, p. 26.


- Ver o verbete abstração.

2

"As palavras abstratas, disse Nietzsche, são como alforjes, nos quais as épocas e as filosofias teriam acumulado as coisas mais heteróclitas. E assim a palavra acaba tornando-se um tal entrecruzamento de "marcas" que embaralha todas as pistas. A função do genealogista é reencontrar estas pistas" (1). Se bem notarmos, tudo se centraliza na palavra. Esta deve conter originariamente algo vivo e vigoroso que permita mais do que "pistas" a essência concreta do que a palavra conserva como memória, onde a vigência do passado é a garantia do futuro.


- Manuel Antônio de Castro
Referência:
(1) LEBRUN, Gérard. O que é poder. 6. ed. São Paulo: Brasiliense, 1984, p. 8

3

Que diz a palavra abstrato? É bem diferente daquilo que a gramática ensina. Em sua formação temos: abs-, para fora, e –trato, do verbo latino trahere, arrastar, puxar. Arrastar para fora o quê? O que se deixa de fora nos conceitos e não pode ser representado: a diferença e originalidade de cada ente em seu estar sendo como tempo. Por isso, todo conceito é abstrato, é uma representação e conhecimento racional. De alguma maneira também a fotografia é abstrata. Podemos dar uma exemplo daquilo que ela não pode tornar presente e, portanto, fica de fora, torna-se uma representação abstrata: nenhuma foto registra e representa o odor da flor, bem como seu estar sendo. Ela a fixa num determinado momento e nada mais muda.


4

"No desdobramento da Cultura Ocidental esse pensamento capaz de recolher e concentrar no dizer simples, concreto e que a partir de sua concretude se configurou capaz de desencadear realidade, se desunificou pela vigência da medida analógica, da identidade analítica, e pelo processo em que essas duas se juntaram à ideia, esta, enquanto fator basicamente constituidor da unidade abstrata, e diluidor da unidade concreta" (1).
Referência:
(1) JARDIM, Antonio. Música: vigência do pensar poético. Rio de Janeiro: 7Letras, 2005, p. 51.


Ver também:
Ferramentas pessoais