Fotografia

De Dicionário de Poética e Pensamento

Tabela de conteúdo

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Fotografia formou-se de duas palavras gregas: phos/photos, luz, e do verbo graphein, escrever. De phos também se formou em português a palavra foto. Porém, só alcançamos o âmbito misterioso da luz quando a ligamos a outras palavras gregas, provenientes do mesmo radical: ph. Assim, physis, o vigor de todo manifestar-se que ama velar-se (traduzida para o latim por natura / natureza). Phainomenos, todo aparecimento ou fenômeno, seja natural ou cultural. Desse modo, phos vem a ser o princípio de tudo que é e vem a ser, seja no dia, seja na noite, seja claro, seja escuro, seja luminosidade, seja sombra. Toda a ambiguidade da phos faz-se presente na fotografia, a fala da realidade expondo-se e velando-se, que funda todo ver.


- Manuel Antônio de Castro

2

"Que a fotografia seja uma metáfora para o pensamento como revelação, para o abandono da cegueira, eis o ânimo que fez avançar este livro feito de ideias e imagens, menores, sem dúvida, do que as dúvidas que, sustentando-o, também lhe dão asas para levar o leitor à venturosa viagem do pensamento" (1).


Referência:
(1) TIBURI, Marcia. In: TIBURI, Marcia e ACHUTTI, Luiz Eduardo. Diálogo / fotografia. São Paulo: Editora Senac, 2012, p. 8.

3

[... fotografia.] "Arte de estagnar o tempo? O instante eternizado mostra o irreversível fotográfico, o momento ímpar. Tempo aprisionado em cena? A foto como fragmento de gesto, onde o instante é capturado através do olho do artista. É o olho a nos mostrar, em criação, o instante - para, a seguir, em jogo revelador, a criação nos mostrar o preciso instante do olhar criativo. Paradoxo instantâneo do fazer fotográfico. Em fotografia, arte e testemunho do fazer são um. Ampliando o alcance da visão através do pensar poético, percebemos que, para além de tais reflexões, podemos vislumbrar na fotografia questões de ordem do tempo, da memória e da própria dinâmica do acontecer da physis em realizações" (1).


Referência:
(1) LAPORT, Janaína. "Fotografia". In: CASTRO, Manuel Antônio de e Outros (Org.). Convite ao pensar. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 2014, p. 105.

4

"O mundo pelo viés fotográfico é muito mais interessante e menos tedioso. Tudo isso para tentar argumentar que fotografia é olhar de outro modo" (1).


- Referência:
(1) ACHUTTI, Luiz Eduardo. In: TIBURI, Marcia e ACHUTTI, Luiz Eduardo. Diálogo / fotografia. São Paulo: Editora Senac, 2012, p. 29.

5

"São quatro fotografias completamente diferentes em força e significado. São quatro registros que estão a sugerir que o tempo guarda em si infinitas porções de eternidade" (1).


Referência:
(1) ACHUTTI, Luiz Eduardo. In: TIBURI, Marcia e ACHUTTI, Luiz Eduardo. Diálogo / fotografia. São Paulo: Editora Senac, 2012, p. 101.

6

"A foto não é somente uma imagem (o produto de uma técnica e de uma ação, o resultado de um procedimento e uma habilidade, uma figura de papel que se olha simplesmente em seu aspecto de objeto terminado); antes de tudo, é também um verdadeiro ato icônico, uma imagem, se se quer, porém, como trabalho em ação, algo que não é possível conceber fora de suas circunstâncias, fora do jogo que a anima, sem literalmente fazer a prova; portanto, algo que é ao mesmo tempo e consubstancialmente uma imagem-ato, levando em conta que este 'ato', trivialmente, não se limita somente ao gesto da produção propriamente dita da imagem (o gesto da 'tomada'), mas que além disso inclui o ato de sua recepção e de sua contemplação" (1). (Tradução do espanhol de Manuel Antônio de Castro).


Referência:
(1) DUBOIS, Philippe. El acto fotográfico y otros ensayos. Buenos Aires: La Marca Editora, 2008, p. 14.
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