Prazer

De Dicionrio de Potica e Pensamento

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: "''Socrates'': Digo que em nós, seres vivos, quando a [[harmonia]] sofre uma ruptura, ocorre simultaneamente uma [[desintegração]] em nossa [[natureza]] e o [[nascimento]] da [[dor]]...Se, todavia, a [[harmonia]] é recuperada e a [[natureza]] reintegrada, digo que ocorre o [[nascimento]] do [[prazer]], se é que me é permitido expressar-me com o mínimo de [[palavras]] e a máxima brevidade sobre [[matérias]] de suma importância" (1).  
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: (1) Platão. ''Filebo''. In: ''Diálogos de Platão IV'', trad. Edson Bini. São Paulo: Edipro, 2009, p. 213. Filebo, 31 d.S
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: (1) Platão. '''Filebo. In: [[Diálogos]] de [[Platão]] IV, trad. Edson Bini. São Paulo: Edipro, 2009, p. 213. Filebo, 31 d.S '''
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: "...uma boa [[definição]] do [[próprio]] [[prazer]], tal como Epicuro o concebe. O [[prazer]], como [[bem]] principal e inato, não é [[algo]] que deva [[ser]] buscado a todo custo e indiscriminadamente, já que às vezes pode resultar em [[dor]]. Do [[mesmo]] modo, uma [[dor]] nem [[sempre]] deve [[ser]] evitada, já que pode resultar em [[prazer]]" (1).
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: (1) LORENCINI, Álvaro e CARRATORE, Enzo del. In: Epicuro. ''Carta sobre a felicidade'' (a Meneceu). Trad. e Apresentação de Álvaro Lorentini e Enzo Del Carratore. São Paulo: Editora UNESP, 2002, p. 16.
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: (1) LORENCINI, Álvaro e CARRATORE, Enzo del. ''' In: Epicuro. Carta sobre a [[felicidade]] (a Meneceu). Trad. e Apresentação de Álvaro Lorentini e Enzo Del Carratore. São Paulo: Editora UNESP, 2002, p. 16. '''
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: Pode o [[êxtase]] levar a possuir o [[silêncio]] e o [[vazio]], o [[nada]] criativo? Miticamente, é a [[mulher]], em seu [[feminino]] como [[possibilidade]], a mais completa [[fonte]] de [[prazer]] e realização do [[desejar]], aquela que atinge e pode levar ao [[êxtase]]. [[Êxtase]] será então [[completude]], [[plenitude]] de [[realização]], eclosão na [[liberdade]]. Entendamos, a [[palavra]] [[êxtase]] se compõe do prefixo latino e grego ''ex/eks'', que tanto pode significar para fora ou fora de, quando diz uma [[relação]] espácio-temporal, substantiva, quanto o lançar para fora dos [[limites]], dizendo, então, uma [[possibilidade]] [[ontológica]] do [[existir]] [[humano]]. O que está fora dos [[limites]] é o livre aberto, a [[possibilidade]] enquanto [[possibilidade]], [[ser]]. Já o radical ''-stase'' diz [[posição]]. [[Êxtase]] assinala, portanto, ontologicamente, o que está além e aquém da [[posição]]. Se [[posição]] diz o [[estar]], o [[êxtase]] pode abrir-nos para o [[ser]], o que está fora de, além do estado, da [[posição]], ou seja, o nos projetar no livre aberto da [[libertação]] essencial. A [[possibilidade]] [[ontológica]] é a [[essência]] da [[liberdade]]. Daí advir no [[êxtase]] [[ontológico]] a [[completude]] da [[liberdade]], do livre aberto em que nos podemos projetar e sair dos nossos [[limites]] posicionais, substantivos, da nossa [[finitude]].
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: Pode o [[êxtase]] levar a possuir o [[silêncio]] e o [[vazio]], o [[nada]] criativo? Miticamente, é a [[mulher]], em seu [[feminino]] como [[possibilidade]], a mais completa [[fonte]] de [[prazer]] e realização do [[desejar]], aquela que atinge e pode levar ao [[êxtase]]. [[Êxtase]] será então [[completude]], [[plenitude]] de [[realização]], eclosão na [[liberdade]]. Entendamos, a [[palavra]] [[êxtase]] se compõe do prefixo latino e grego ''ex/eks'', que tanto pode significar para fora ou fora de, quando diz uma [[relação]] espácio-temporal, substantiva, quanto o lançar para fora dos [[limites]], dizendo, então, uma [[possibilidade]] [[ontológica]] do [[existir]] [[humano]]. O que está fora dos [[limites]] é o livre aberto, a [[possibilidade]] enquanto [[possibilidade]], [[ser]]. Já o radical ''-stase'' diz [[posição]]. [[Êxtase]] assinala, portanto, [[ontologicamente]], o que está além e aquém da [[posição]]. Se [[posição]] diz o [[estar]], o [[êxtase]] pode abrir-nos para o [[ser]], o que está fora de, além do estado, da [[posição]], ou seja, o nos projetar no [[livre]] [[aberto]] da [[libertação]] [[essencial]]. A [[possibilidade]] [[ontológica]] é a [[essência]] da [[liberdade]]. Daí advir no [[êxtase]] [[ontológico]] a [[completude]] da [[liberdade]], do livre aberto em que nos podemos projetar e sair dos nossos [[limites]] posicionais, substantivos, da nossa [[finitude]].
: - [[Manuel Antônio de Castro]]
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: "A [[melhor]] maneira de multiplicar um [[prazer]] é dividi-lo. A [[melhor]] maneira de acalmar uma [[dor]] também" (1).
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: (1) AGUALUSA, José Eduardo. ''' Crônica: "Patins cor-de-rosa". In: O Globo, Segundo Caderno, sábado, 12-10-2024, p.6 '''

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Tabela de conteúdo

1

"Socrates: Digo que em nós, seres vivos, quando a harmonia sofre uma ruptura, ocorre simultaneamente uma desintegração em nossa natureza e o nascimento da dor...Se, todavia, a harmonia é recuperada e a natureza reintegrada, digo que ocorre o nascimento do prazer, se é que me é permitido expressar-me com o mínimo de palavras e a máxima brevidade sobre matérias de suma importância" (1).


Referência:
(1) Platão. Filebo. In: Diálogos de Platão IV, trad. Edson Bini. São Paulo: Edipro, 2009, p. 213. Filebo, 31 d.S

2

"...uma boa definição do próprio prazer, tal como Epicuro o concebe. O prazer, como bem principal e inato, não é algo que deva ser buscado a todo custo e indiscriminadamente, já que às vezes pode resultar em dor. Do mesmo modo, uma dor nem sempre deve ser evitada, já que pode resultar em prazer" (1).


Referência:
(1) LORENCINI, Álvaro e CARRATORE, Enzo del. In: Epicuro. Carta sobre a felicidade (a Meneceu). Trad. e Apresentação de Álvaro Lorentini e Enzo Del Carratore. São Paulo: Editora UNESP, 2002, p. 16.

3

Pode o êxtase levar a possuir o silêncio e o vazio, o nada criativo? Miticamente, é a mulher, em seu feminino como possibilidade, a mais completa fonte de prazer e realização do desejar, aquela que atinge e pode levar ao êxtase. Êxtase será então completude, plenitude de realização, eclosão na liberdade. Entendamos, a palavra êxtase se compõe do prefixo latino e grego ex/eks, que tanto pode significar para fora ou fora de, quando diz uma relação espácio-temporal, substantiva, quanto o lançar para fora dos limites, dizendo, então, uma possibilidade ontológica do existir humano. O que está fora dos limites é o livre aberto, a possibilidade enquanto possibilidade, ser. Já o radical -stase diz posição. Êxtase assinala, portanto, ontologicamente, o que está além e aquém da posição. Se posição diz o estar, o êxtase pode abrir-nos para o ser, o que está fora de, além do estado, da posição, ou seja, o nos projetar no livre aberto da libertação essencial. A possibilidade ontológica é a essência da liberdade. Daí advir no êxtase ontológico a completude da liberdade, do livre aberto em que nos podemos projetar e sair dos nossos limites posicionais, substantivos, da nossa finitude.


- Manuel Antônio de Castro

4

"A melhor maneira de multiplicar um prazer é dividi-lo. A melhor maneira de acalmar uma dor também" (1).


(1) AGUALUSA, José Eduardo. Crônica: "Patins cor-de-rosa". In: O Globo, Segundo Caderno, sábado, 12-10-2024, p.6
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