Signo
De Dicionrio de Potica e Pensamento
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- | :[[Conotação]] é o signo que, como significante e [[significado]], além deste significado enquanto denotação, ainda tem um outro significado não diretamente notado e assinalado, mas que se dá na reunião da realidade denotada com a realidade conotada. Etimologicamente tanto denotação como conotação são sím-bolos. O signo (obra-texto) representação que é um objeto e que como significante, além do seu significado enquanto representação, ainda tem uma outra representação que é o símbolo. Se o signo está mais diretamente ligado a sintomas, enquanto corpo que procura a [[linguagem]]: psicanálise concebida como sintoma e signo, o objeto-representação está mais diretamente ligado à imaginação que procura a realidade. Resta a questão: sintoma é, mas de que é sintoma? Imaginação é, mas de que é imaginação? Signo é, mas de que é significante e significado? Símbolo é, mas de que é símbolo? Como ficam todos esses conceitos se o que é se mostrando como aparecimento e aparência é e não é, como é e como não é? | + | : [[Conotação]] é o signo que, como [[significante]] e [[significado]], além deste significado enquanto [[denotação]], ainda tem um outro significado não diretamente notado e assinalado, mas que se dá na reunião da realidade denotada com a realidade conotada. Etimologicamente, tanto denotação como conotação são sím-bolos. O signo (obra-texto) representação que é um objeto e que como significante, além do seu significado enquanto representação, ainda tem uma outra representação que é o símbolo. Se o signo está mais diretamente ligado a sintomas, enquanto corpo que procura a [[linguagem]]: psicanálise concebida como sintoma e signo, o objeto-representação está mais diretamente ligado à [[imaginação]] que procura a realidade. Resta a questão: sintoma é, mas de que é sintoma? Imaginação é, mas de que é imaginação? Signo é, mas de que é significante e significado? Símbolo é, mas de que é símbolo? Como ficam todos esses conceitos se o que é se mostrando como aparecimento e aparência é e não é, como é e como não é? |
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- | :"O vigor da linguagem é a saga do dizer enquanto o mostrante. O seu mostrar não se funda num signo. Todos os signos é que surgem de um mostrar, em cujo âmbito e para o qual os signos podem existir". | + | : "''Signum, signi'', neutro: marca; sintoma; senha; sinal de comando; [[figura]], imagem esculpida, estátua; constelação; signo do zodíaco" (1). "''Signo, signare'': marcar por meio de um [[sinal]]; gravar, por selo em; cunhar moeda; [[significar]], indicar, ornar" (2). Como vemos, na [[raiz]] de todo [[significado]] e [[significante]] está um [[signo]], que remete necessariamente para uma [[representação]]. Esta [[representação]] se torna [[essencial]] para todos os [[estudos]], seja da [[palavra]] [[escrita]], seja das [[teorias]] sobre a [[poesia]] e os [[poemas]] [[escritos]]. E diz também o alcance de tais [[estudos]] através dos [[conceitos]] de [estilo]] e dos [[estilos]] de [[época]]. |
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+ | : "A [[imagem]] não se reduz à noção de [[signo]], já que traz, em si, no seu [[mostrar]], o próprio mostrar; no seu deixar [[aparecer]], o próprio deixar [[aparecer]], o qual se faz [[presente]] quanto mais segue ausentando-se: [[imagem]]-pronúncia da [[voz]] [[poética]]" (1). | ||
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+ | : "A [[linguagem]], tanto no modo de [[manifestação]] positiva quanto no modo de [[manifestação]] negativa, nada tem a ver com os [[signos]], [[indícios]], indicação e [[denotação]]. O [[indício]] denota o que não se mostra em si mesmo, refere-se a algo que não é [[linguagem]]. [[Signo]] não diz o [[mostrar-se]] em si mesmo, mas um anunciar, um indicar uma [[coisa]] que não se mostra, nem como ela [[é]], nem como ela [[não é]], mediante outra que se mostra. [[Signo]] é, pois, o não [[mostrar-se]]" (1). | ||
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+ | : "O [[vigor]] da [[linguagem]] é a [[saga]] do [[dizer]] enquanto o mostrante. O seu [[mostrar]] não se funda num [[signo]]. Todos os [[signos]] é que surgem de um mostrar, em cujo âmbito e para o qual os [[signos]] podem [[existir]]" (1). | ||
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+ | : (1) [[HEIDEGGER]], Martin. '''A caminho da [[linguagem]]. Petrópolis: Vozes, 2003, p. 203.''' | ||
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+ | : "Todo [[signo]] só pode indicar em [[razão]] do [[mostrar-se]] de alguma [[coisa]]. Este [[mostrar-se]] não é, em si mesmo, um [[signo]]. Todos os [[signos]] só são [[signos]] na dependência da [[linguagem]]. Quanto se diz, portanto, que a [[linguagem]] é um [[sistema]] de [[signos]], não se define, mas se pressupõe a [[linguagem]], e com a desvantagem de encobri-la, reduzindo-a à [[língua]]" (1). | ||
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Edição atual tal como 22h20min de 13 de março de 2025
1
- Conotação é o signo que, como significante e significado, além deste significado enquanto denotação, ainda tem um outro significado não diretamente notado e assinalado, mas que se dá na reunião da realidade denotada com a realidade conotada. Etimologicamente, tanto denotação como conotação são sím-bolos. O signo (obra-texto) representação que é um objeto e que como significante, além do seu significado enquanto representação, ainda tem uma outra representação que é o símbolo. Se o signo está mais diretamente ligado a sintomas, enquanto corpo que procura a linguagem: psicanálise concebida como sintoma e signo, o objeto-representação está mais diretamente ligado à imaginação que procura a realidade. Resta a questão: sintoma é, mas de que é sintoma? Imaginação é, mas de que é imaginação? Signo é, mas de que é significante e significado? Símbolo é, mas de que é símbolo? Como ficam todos esses conceitos se o que é se mostrando como aparecimento e aparência é e não é, como é e como não é?
2
- O signo é um véu. O véu é um signo. Mas véu e signo só signam e velam a partir do assinalado e do velado que se doa como signo e véu na clareira. A partir da clareira, o velar se doa como véu e signo o que se desvela como assinalar e ao mesmo tempo assinala o velar como véu. O signo e o véu não são homoíosis de nada. O des-velo e excessividade amorosa do nada é que se presentifica como signo e véu. Nesse sentido, a partir do nada, o signo e o véu são criptofânicos. É o que nos diz Heráclito no frag. 123: "Phýsis krýptesthai phileî". A phýsis se vela no desvelo. Nesta criptofania amorosa recebe o véu e o signo não só seu significado mas também seu sentido, pois não há significado nem sentido como não há figura / imagem sem vazio. É o que nos mostra o mito de Cura. Há por isso uma semiologia gramático-formal e há também uma semio-poíesis. Uma trata dos significados formais do código. A outra ausculta o sentido da linguagem do código. O signo e o véu guardam (bewahren) como signo e véu o desvelamento (verdade) que se vela (não-verdade). Mas então não serão signos e véus como homoíosis, mas obras de arte (poíesis).
3
- "Signo é, pois, o não mostrar-se. Mas este não do signo não se identifica com o não da linguagem, isto é, com o parecer e a aparência. Pois o que não se mostra também nunca poderá aparecer e, por conseguinte, parecer. Signos são metáforas, alegorias, sintomas, índices, indicações, embora cada um o seja à sua maneira" (1).
- Referência:
- (1) LEÃO, Emmanuel Carneiro. Texto distribuído em sala de aula, num curso da pós, em 1971. Faculdade de Letras - UFRJ.
4
- "Signum, signi, neutro: marca; sintoma; senha; sinal de comando; figura, imagem esculpida, estátua; constelação; signo do zodíaco" (1). "Signo, signare: marcar por meio de um sinal; gravar, por selo em; cunhar moeda; significar, indicar, ornar" (2). Como vemos, na raiz de todo significado e significante está um signo, que remete necessariamente para uma representação. Esta representação se torna essencial para todos os estudos, seja da palavra escrita, seja das teorias sobre a poesia e os poemas escritos. E diz também o alcance de tais estudos através dos conceitos de [estilo]] e dos estilos de época.
- Referência:
- (1) KOEHLER S. J., Pe. H. Dicionário Escolar Latino-Português. Rio de Janeiro/Porto Alegre/São Paulo: Editora Globo, 7. e., p. 794.
- (2) KOEHLER S. J., Pe. H. Dicionário Escolar Latino-Português. Rio de Janeiro/Porto Alegre/São Paulo: Editora Globo, 7. e., p. 794.
5
- "A imagem não se reduz à noção de signo, já que traz, em si, no seu mostrar, o próprio mostrar; no seu deixar aparecer, o próprio deixar aparecer, o qual se faz presente quanto mais segue ausentando-se: imagem-pronúncia da voz poética" (1).
- Referência:
- (1) CALFA, Maria Ignez de Souza. "Imagem". In: -----. CASTRO, Manuel Antônio de (0rg.). Convite ao pensar. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 2014, p. 123.
6
- "A linguagem, tanto no modo de manifestação positiva quanto no modo de manifestação negativa, nada tem a ver com os signos, indícios, indicação e denotação. O indício denota o que não se mostra em si mesmo, refere-se a algo que não é linguagem. Signo não diz o mostrar-se em si mesmo, mas um anunciar, um indicar uma coisa que não se mostra, nem como ela é, nem como ela não é, mediante outra que se mostra. Signo é, pois, o não mostrar-se" (1).
- Referência:
- (1) LEÃO, Emmanuel Carneiro. Texto distribuído em sala de aula, num curso da pós, em 1971. Faculdade de Letras - UFRJ.
7
- "O vigor da linguagem é a saga do dizer enquanto o mostrante. O seu mostrar não se funda num signo. Todos os signos é que surgem de um mostrar, em cujo âmbito e para o qual os signos podem existir" (1).
- Referência:
8
- "Todo signo só pode indicar em razão do mostrar-se de alguma coisa. Este mostrar-se não é, em si mesmo, um signo. Todos os signos só são signos na dependência da linguagem. Quanto se diz, portanto, que a linguagem é um sistema de signos, não se define, mas se pressupõe a linguagem, e com a desvantagem de encobri-la, reduzindo-a à língua" (1).
- Referência:
- (1) LEÃO, Emmanuel Carneiro. Texto distribuído em sala de aula, num curso da pós, em 1971. Faculdade de Letras - UFRJ.