Sentimento
De Dicionrio de Potica e Pensamento
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+ | : (1) KUNDERA, Milan. ''A identidade'', trad. Teresa Bulhões Carvalho da Fonseca. São Paulo: Companhia de Bolso, 2009, p. 33. |
Edição de 15h30min de 17 de Setembro de 2019
1
- Frase escutada popularmente: "Coração da gente é terra que ninguém habita". Como ler e interpretar essa afirmação de profunda sabedoria? O coração é muito mais do que a compreensão, pois também abriga e se torna a não-compreensão, não como simples negação, mas como o não-limite de todo limite, como o inacessível de todo acolhimento, de toda identidade da diferença, da proximidade de toda distância. O coração é muito mais do que a compreensão porque é fonte de toda compreensão, assim como o silêncio é a fonte de toda fala. O coração nunca se pode tornar um conceito, ele, ao ser “terra que ninguém habita” é a concretização da questão, em que o mistério se dá como presença. O sou do eu nunca pode ser ocupado por qualquer outro sou. Caso isso acontecesse algum sou seria anulado, deixaria de ser, porque todo sou é único, é um próprio, e abismalmente solitário, porque possibilidade de plenitude, eros, amor. Eis o motivo pelo qual nossos sentimentos são tão indefinidos, pois têm sua fonte no coração e não simplesmente na razão, no sentido racional e moderno. E nesse horizonte o sentimento, tendo origem no coração, é vida.
2
- "Mas contra os sentimentos ninguém pode fazer nada, estão aí e escapam a qualquer censura. Podemos nos censurar por um ato, uma palavra pronunciada, não podemos nos censurar por um sentimento, simplesmente porque não temos nenhum poder sobre ele" (1).
- Referência:
- (1) KUNDERA, Milan. A identidade, trad. Teresa Bulhões Carvalho da Fonseca. São Paulo: Companhia de Bolso, 2009, p. 33.