Édipo
De Dicionrio de Potica e Pensamento
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+ | : "Pensa-se que [[destino]] é o que a [[razão]], fonte do [[livre]] [[agir]] do [[ser humano]], não podia determinar nem controlar. Pela [[visão]] racionalista, o [[destino]] se opõe à [[liberdade humana]]. No [[existir]] o [[ser humano]] deve-se [[dar]] livremente a sua [[essência]], o seu ''[[genos]]'' enquanto seu [[quinhão]]. Nessa [[visão]], a [[existência]] precede e determina a [[essência]]. O [[existir]] enquanto o ''como é'' deve determinar livremente o ''que é''. O [[homem]] não tem um [[destino]], dá-se um [[destino]]. Esta foi a [[utopia]] [[moderna]], esquecida dos ensinamentos do [[mito]] de [[Édipo]]" (1). | ||
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+ | : (1) CASTRO, Manuel Antônio de. "Poético-ecologia". In: Manuel Antônio de Castro, (org.). ''Arte: corpo, mundo e terra''. Rio de Janeiro: 7Letras, 2009, p. 26. |
Edição de 01h42min de 2 de Agosto de 2018
1
- No ensaio "... poeticamente habita o homem..." (1), há um poema de Hölderlin que Heidegger interpreta, fazendo referência ao terceiro olho de Édipo. A fim de aprofundar a questão, confira o ensaio "Diana e Heráclito" (2), de Emmanuel Carneiro Leão.
- Referências:
- (1) HEIDEGGER, Martin. "... poeticamente habita o homem...". In:______. Ensaios e conferências. Petrópolis: Vozes, 2002.
- (2) LEÃO, Emmanuel Carneiro. "Diana e Heráclito". In: Aprendendo a pensar. Petrópolis: Vozes, 1977, pp. 187-8.
- Ver também:
2
- O mito do homem é a estrutura fundamental da cultura ocidental, daí a vigência do humanismo. A questão fundamental metafísica é o Humanismo. A poíesis (o vigor poético) não é metafísica nem humanista, mas defende a realização do humano do homem. E o maior exemplo é Édipo. Édipo realiza o humano do homem, porque toda a sua vida se funda numa disputa com o destino, para no final deixar que este o tome e dê o sentido da sua vida, quando então ele faz do humano do homem a liberdade como libertação, dimensionando-se pelo destino enquanto sabedoria. Arrancar os olhos é um ato livre de negação do saber e de se deixar tomar pela sabedoria.
3
- "Pensa-se que destino é o que a razão, fonte do livre agir do ser humano, não podia determinar nem controlar. Pela visão racionalista, o destino se opõe à liberdade humana. No existir o ser humano deve-se dar livremente a sua essência, o seu genos enquanto seu quinhão. Nessa visão, a existência precede e determina a essência. O existir enquanto o como é deve determinar livremente o que é. O homem não tem um destino, dá-se um destino. Esta foi a utopia moderna, esquecida dos ensinamentos do mito de Édipo" (1).
- Referência:
- (1) CASTRO, Manuel Antônio de. "Poético-ecologia". In: Manuel Antônio de Castro, (org.). Arte: corpo, mundo e terra. Rio de Janeiro: 7Letras, 2009, p. 26.