Relação

De Dicionrio de Potica e Pensamento

Edição feita às 15h01min de 10 de Maio de 2012 por Profmanuel (Discussão | contribs)

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O conceito relação é muito importante pois está na base do conceito de verdade como adequação. Há diversos tipos de relação. Cf. HEIDEGGER, Martin. "Sobre a essência da verdade". In: Os pensadores. São Paulo: Abril Cultural, 1979.


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Cf. HUMMES, Cláudio. "Metafísica", p. 100. Acessível em: [www.travessiapoetica.blogspot.com]. Importante: Mostra como entre o ente e o ser absoluto não pode haver relação. Diz, afinal, que nossa inteligência é pequena.


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Há a relação e a referência. Por isso, em alemão, Heidegger usa para a primeira Beziehung e para a segunda Bezug. No experimento da física quântica, o objeto perde a primazia e se estabelece uma tensão entre sujeito e objeto, ou seja, uma relação que toma a primazia. Nesse sentido, Martin Heidegger assim pensa a relação: "Só assim a relação sujeito-objeto chega a assumir seu caráter de 'relação', ou seja, de dis-posição em que tanto o sujeito como o objeto se absorvem em dis-ponibilidades. Isso não significa que a relação sujeito-objeto desaparece, mas, ao contrário, que somente agora atinge seu completo vigor já predeterminado pela com-posição. Ela se torna, então, uma dis-ponibilidade a ser dis-posta" (1). Já na referência acontece algo completamente diferente. O que permite a referência atua de uma tal maneira que os referenciados se interrelacionam profundamente e algo de novo acontece, alogo eclode, se manifesta, amadurece. Quando há um verdadeiro hetero-diálogo, acontece uma referência. Tanto o eu como o tu crescem e se afirmam em suas diferenças, tendo como referência, no diálogo, o lógos, que se constitui como a identidade das diferenças que são o "eu" e o "tu". No diálogo comunicacional, onde predomina o código e não, propriamente, o lógos, já se dá uma mera relação. Por isso esquecemos facilmente o que nos é comunicado e informado diariamente. Já na referência inerente a um hétero-diálogo sempre algo marcante e, às vezes, inesquecível, acontece.


- Manuel Antônio de Castro


Referência:
(1) HEIDEGGER, Martin. "Ciência e pensamento do sentido". In: Ensaios e conferências. Petrópolis: Vozes, 2002, p. 52.


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Relações são as ligações propositivas nas representações da realidade. Relação é, a partir dessas representações, a redução de cada sendo ao funcionar de acordo com o sistema enquanto modelo, paradigma ou teoria da realidade. Toda teoria da realidade é sempre propositiva. Na proposição como tal a palavra poética perde o seu vigor. Relação então é a funcionalidade do sistema pela qual se dá a absorção de cada sendo na medida do funcionar do sistema. Tal absorção faz de cada sendo singular e irrepetível uma representação conceitual pela qual o horizonte de realização de cada sendo é o horizonte da funcionalidade do sistema na e pelas relações. A relação propositiva (dos componentes da proposição) acaba por reduzir a realidade à proposição, tendo por fundamento a linguagem enquanto sistema de relações estruturais ou código verbal. A linguagem originária é a possibilidade de toda e qualquer relação propositiva e não o inverso, como faz supor a redução da linguagem ao código verbal.


- Manuel Antônio de Castro


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Relação se distingue em sua essência da referência. Enquanto aquela está ligada à interpretação conceitual da [[realidade] e do ser humano a partir do fundamento, esta se torna questão sempre e está ligada ao fundar e não ao fundamentar. A primeira é regida pela causalidade entre agente e paciente, entre sujeito e objeto, indicando uma integração funcional, isto é, sempre dependente de um sistema. Já a referência é sem-causa, sem-porquê e indica sempre uma integração ontológica e não meramente funcional dentro de um sistema já dado. Relação se reduz sempre a algum conceito, a referência se dá na dialética de pergunta e resposta, sem que esta jamais consiga eliminar a pergunta, porque referência é questão.


- Manuel Antônio de Castro
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