Razão

De Dicionrio de Potica e Pensamento

Edição feita às 23h14min de 17 de Abril de 2010 por Profmanuel (Discussão | contribs)

1

Em relação à Escola de Frankfurt, teríamos três momentos ou três razões: 1ª) Razão crítica. Tem sua origem em Kant e marca um otimismo no poder da razão, podendo ser instrumental e emancipatória. 2ª) Razão negativa. Surge com Horkheimer e Adorno, frente à realidade moderna e ao humanismo diante da realidade da guerra, da cultura de massa. É uma perda de fé na razão. é aqui a palavra adequada, pois tal fé ainda diz uma crença na razão que faz o homem maior do que a questão, do que a realidade. 3ª) Razão comunicativa. Conceituação desenvolvida por Habermas, tenta superar o solipsismo da consciência e parte para o diálogo como fundamento do consenso. Porém, num tal diálogo nunca se dá o acontecer das diferenças, muito menos da realidade em seu desvelar e velar, em seu dar-se e guardar-se. Num tal diálogo quer-se determinar o auto-diálogo pelo dialógo comunicativo. Não se pensa o diá- de todo diá-logo nem o lógos como a identidade das diferenças e a diferença das diferenças, e a identidade das identidades.


- Manuel Antônio de Castro


2

"Por isso mesmo, a dialética, ao contrário da lógica formal, é capaz de incluir em seus conceitos os elementos da contradição e da transformação, e de abarcar o não-idêntico em um mesmo conceito. A razão iluminista, com sua dupla face de razão emancipatória e razão instrumental, não deixa de ser razão quando se impõe e concretiza como razão instrumental. Mas por isso mesmo gera, pelas limitações a que ela própria se condena, sua contradição, sua crítica e negação, tornando-se necessário o resgate de seu contrário, originalmente nela contido: a razão emancipatória" (1).
Adorno está polemizando com Popper. Este defende a razão lógica, puramente metodológica, ao passo que Adorno defende uma dimensão existencial. A pura razão lógica e instrumental é identificada com o positivismo, defendido por Popper. Ver como conceitos de razão: emancipatória, instrumental, lógico-formal, negativa, dialógica ou comunicativa (todas metafísicas). Estes conceitos não questionam o fato de que toda razão implica uma representação.


- Manuel Antônio de Castro


Referência:
(1) FREITAG, Bárbara. A teoria crítica ontem e hoje. S. Paulo: Brasiliense, 1985, p. 49.


3

"O anúncio de algo como algo faz com que, no anúncio, se tome algo como algo, que algo seja tomado por algo. 'Eu tomo isto por isto', é o que diz o verbo latino reor. A capacidade correspondente de se tomar algo por algo é ratio" (1). "Tomar algo por algo é ajuizar. A essência do pensamento concebido metafisicamente reside no juízo. Esse pensamento "lógico", logikós, dimensionado pelo lógos enquanto enunciado, é a essência da ratio, da razão" (2).


Referências:
(1) HEIDEGGER, Martin. Heráclito. Rio: Relume Dumará, 1998, p. 282.
(2) Idem, p. 282.


Ver também:


4

"... pensa-se, no entanto, o lógos do homem como ratio, razão, e, portanto, como a capacidade de pensar segundo ideias, ou seja, de julgar por conceitos" (1). "Metafísica e logicamente, lógos significa enunciado, juízo ou também conceito, desde que se apreenda conceito como o coágulo de uma conceituação, de um ajuizamento". (2)


Referências:
(1) HEIDEGGER, Martin. Heráclito. Rio: Relume Dumará, 1998, p. 293.
(2) Idem, p. 293.


Ver também:


5

"Não é a razão que é condição de possibilidade do pensar e sim o contrário, a condição de possibilidade da razão é o pensar. A palavra racional tem sua origem no latim ratio que significa cálculo, conta, proporção, medida, sistema, regularidade, ordem, regra, juízo, causa, bom senso etc. Ora, o pensar não se estabelece exclusivamente a partir das experiências enunciadas por essas atribuições. Significa: para se pensar não é imprescindível que haja cálculo, proporção, medida, sistema, regularidade, causa ou mesmo bom senso" (1).


Referência:
(1) JARDIM, Antonio. Música: vigência do pensar poético. Rio de Janeiro: 7Letras, 2005, p. 168.


6

"Eu não entendo mais aquilo que entendo, pois estou infinitamente maior do que eu mesma...então não me alcanço" (1).


Referência:
(1) LISPECTOR, Clarice. Texto publicado numa montagem artística de fotos com textos de Clarice, sem indicação da fonte.