Perguntar

De Dicionrio de Potica e Pensamento

Edição feita às 22h49min de 21 de Setembro de 2019 por Profmanuel (Discussão | contribs)

1

"Quando pergunto pergunto pelo “é”: se é e o que é. Se pergunto assim, então posso fundamentalmente perguntar por tudo. Porém, o perguntar não é só um exercício do saber, pois se já soubesse tudo nem mais poderia perguntar. O perguntar é também um exercício do querer, enquanto tendo para o perguntado e quero atingi-lo e exercê-lo pelo saber. O tender e o querer, no entanto, supõem que o seu objeto seja algo para o qual se possa tender e o qual se possa querer. Mas perguntar eu só posso se já anteriormente sei, não só que o perguntado pode ser sabido, mas também se posso tender a ele para tentar sabê-lo mais e mais. Ora, se posso perguntar, sem mais, por tudo, isto supõe que tudo não somente é inteligível, mas também que tudo pode ser objeto da tendência, do querer, do meu espírito, ou seja, que tudo, além do ser inteligível é também “apetecível”. Ora, o que é apetecível ou objeto de uma tendência em vista da auto-realização chamamos de “bem”. Portanto, tudo o que é, enquanto é, é bom. “Omne ens est bonum”. O “bom” é, portanto, uma propriedade transcendental do ente" (1). [Ver o ensaio do Emmanuel: “O problema da Poética de Aristóteles” (2)].


Referências:
(1) HUMMES o.f.m., Dom Cláudio. Metafísica. Tratado transcrito datilograficamente por Manuel Antônio de Castro. Daltro Filho [Hoje Imigrantes]/RS: 1964, p. 113.
(2) LEÃO, Emmanuel Carneiro. Aprendendo a pensar 2. Petrópolis: Vozes, 1992.


2

"Pelo perguntar o homem está sempre adiante dele mesmo: o homem que pergunta radicalmente é o homem trágico: as respostas não o esgotam nem o definem: evidenciam o humano" (1).


Referência:
(1) CASTRO, Manuel Antônio de. "As faces do trágico em Vidas Secas". In: -----. Travessia Poética. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 1977, p. 73.


3

"Só podemos perguntar porque já vigoramos no ser, na memória do sentido do ser. É que o ser, a memória ou sentido do ser, é questão. É que a questão não é apenas saber e não-saber, ser e não-ser, ela é também a unidade de saber e ser, de não-saber e não-ser. E só por ser unidade é que a questão pode advir à pergunta. Advir à pergunta é advir à linguagem, a partir da memória. Memória é unidade e sendo unidade é linguagem. Linguagem, enquanto unidade, não é, em primeira instância, fala ou elocução. Só se fala na e a partir da linguagem. Então podemos dizer que a quarta dimensão do tempo é a memória, e esta é a unidade do tempo enquanto o tempo se faz linguagem. É. O tempo édiz, originariamente, linguagem, unidade" (1).


Referência:
(1) CASTRO, Manuel Antônio de. "Espelho: o perigoso caminho do auto-diálogo". Ensaio ainda não publicado.
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