Motivo

De Dicionrio de Potica e Pensamento

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: "[[Viver]] sem [[sentido]] não implica no [[agir]] deixar-se tomar pelo sem [[sentido]]? Por vivermos já estamos agindo. Mas qual o [[motivo]] de nosso [[agir]]? O que em nossas [[ações]] temos em vista? Em outras [[palavras]]: o que dá [[sentido]] ao nosso [[agir]]? É a [[vida]]? E se não for a [[vida]], mas a [[morte]]? Como pode a [[morte]], que é [[não-ação]], dar [[sentido]]? Essa é a [[questão]] em que se move não somente o [[viver]], mas também o [[estar]] [[sendo]] no [[viver]]" (1). A [[sociedade]] de [[consumo]] em que vivemos produz um [[paradoxo]]: embora se viva em [[função]] do [[consumo]], as [[pessoas]] se dão, de repente, conta de que não estão aproveitando a [[vida]]. Por isso, mais do que nunca é [[necessário]] [[pensar]] a [[essência]] do [[agir]] e seu [[sentido]], o [[poético]] da [[vida]]. Precisamos [[pensar]] o [[motivo]] que move nossas [[escolhas]]. E então se faz [[presente]], [[necessariamente]], a [[morte]].

Edição de 15h52min de 30 de Dezembro de 2019

Tabela de conteúdo

1

"Coisas simples não podem apenas ser simples. Por detrás de todo motivo há sempre outro motivo" (1).


- Referência:
(1) Fala da personagem Marianne no filme de Liv Ullmann Infiel, com roteiro de Ingmar Bergman.

2

Como o tempo se dá em instantes, não poderíamos experienciar nenhum instante como tempo se este não fosse sentido, ou seja, linguagem. A linguagem é o sentido do tempo na medida em que este é vida, é memória, é ser. A linguagem é a unidade da memória vigorando enquanto sentido. Em um tal vigorar é que consiste propriamente a poesia. Portanto, tanto esta quanto a linguagem são indissociáveis de ser e tempo. E é o tempo enquanto instante que se torna o motivo de ser poeta. É o que nos diz a poeta Cecília Meireles no primoroso poema "Motivo" do livro Viagem (1):
Motivo
Eu canto porque o instante existe
e a minha vida está completa.
Não sou alegre nem sou triste:
sou poeta (1).
.............................


- Manuel Antônio de Castro.
Referência:
(1) MEIRELES, Cecília. Viagem. In: -------. Obra poética. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 1987, p. 81.


3

"Em todo existir há sempre um motivo, aquilo que nos move, comove e promove em tudo que fazemos e não fazemos: ser amando. Isso decorre de que não somos nós que nos movemos, mas o amar é que dá a energia e o sentido de todo mover" (1).


Referência:
(1) CASTRO, Manuel Antônio de. "Amar e ser". In: -----. Arte: o humano e o destino. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 2011, p. 293.

4

"A realidade é o labirinto que exige de nós uma caminhada de sentido, um motivo que nos mova em nossa existência. É para esse sentido que a dança nos conduz, se a deixarmos operar, se tivermos a coragem de nos entregarmos a ela em sua vigência. Na dança poética somos tomados pelo que somos, pois ser é sempre uma tarefa poética, onde quem vigora é o princípio: o não cessar de estar sendo" (1).


Referência:
(1) CASTRO, Manuel Antônio de. “Aprender com a dança: fluxos e diálogos poéticos”. In: TAVARES, Renata (org.). O que me move, de Pina Bausch – e outros textos sobre dança-teatro. São Paulo: LibersArs, 2017, p. 83.


5

"Viver sem sentido não implica no agir deixar-se tomar pelo sem sentido? Por vivermos já estamos agindo. Mas qual o motivo de nosso agir? O que em nossas ações temos em vista? Em outras palavras: o que dá sentido ao nosso agir? É a vida? E se não for a vida, mas a morte? Como pode a morte, que é não-ação, dar sentido? Essa é a questão em que se move não somente o viver, mas também o estar sendo no viver" (1). A sociedade de consumo em que vivemos produz um paradoxo: embora se viva em função do consumo, as pessoas se dão, de repente, conta de que não estão aproveitando a vida. Por isso, mais do que nunca é necessário pensar a essência do agir e seu sentido, o poético da vida. Precisamos pensar o motivo que move nossas escolhas. E então se faz presente, necessariamente, a morte.


- Manuel Antônio de Castro.
Referência:
(1) CASTRO, Manuel Antônio de. "A gota d’água e o mar". In: -----. Arte: o humano e o destino. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 2011, p. 245.