Destino

De Dicionrio de Potica e Pensamento

Edição feita às 23h48min de 29 de janeiro de 2017 por Fábio (Discussão | contribs)


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"Pensa-se que destino é o que a razão, fonte do livre agir do ser humano, não podia determinar nem controlar. Pela visão racionalista, o destino se opõe à liberdade humana. No existir o ser humano deve-se dar livremente a sua essência, o seu genos enquanto o seu quinhão. Nessa visão, a existência precede e determina a essência. O existir enquanto o como é deve determinar livremente o que é. O homem não tem um destino, dá-se um destino. Esta foi a utopia moderna, esquecida dos ensinamentos de mito de Édipo" (1).


Referência:
(1) CASTRO, Manuel Antônio de. "Poético-ecologia". In: CASTRO, Manuel Antônio de (org.). Arte: corpo, mundo e terra. Rio de Janeiro: 7Letras, 2009, p. 26.

2

"Destino é o que no homem se destina, o que ele recebe sem ter decidido, assim como aquele a quem dirigimos uma carta é chamado de destinatário, quer tenha escolhido recebê-la ou não. O homem é o destinatário do destino. Destino é o que ele já recebeu para ser, suas origens, sem as quais ele não é. Não se pode pular a própria sombra: só se pode ser a partir das origens, que em nós se dão para que sejamos" (1).


Referência:
(1) FERRAZ, Antônio Máximo. "Liberdade". In: Convite ao pensar. Org. de Manuel Antônio de Castro e Outros. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 2014, p. 134.

3

"O grande paradoxo em Édipo é que quanto mais foge mais cumpre o destino. Então o destino, ligado ao genos, à família, lhe traz o aprendizado de uma aprendizagem. Uma aprendizagem que o liberta para o que é pelo que não é nem pode por ele mesmo chegar a ser" (1).


Referência:
(1) CASTRO, Manuel Antônio de. "Poético-ecologia". In: CASTRO, Manuel Antônio de (org.). Arte: corpo, mundo e terra. Rio de Janeiro: 7Letras, 2009, p. 27.


4

"Cair, por si só, nos conduz ao mistério do obscuro. Porém, quando esta queda encurva, até mesmo a certeza do cair é desfeita. Logo, viver o que se pensa que se vive é uma incursão à ilusão protetora da realidade mediada por saberes, aquela na qual teimamos em permanecer velados do tempo sem medida, do destino imprevisível – uma vez que destino é o que está sendo na singularidade de cada momento" (1).


Referência:
(1) PESSANHA, Fábio Santana. "Homem: corpo insólito". In: GARCÍA, Flavio; PINTO, Marcello de Oliveira; MICHELLI, Regina (orgs.). O insólito e seu duplo – Anais do VI Painel Reflexões sobre o Insólito na narrativa ficcional/ I Encontro Regional Insólito como Questão na Narrativa Ficcional. Rio de Janeiro: Dialogarts, 2010, p. 140.


Ver também:


5

Sentido é a tarefa que nos cabe realizar como o motivo do existir, do que desde sempre já somos. É nosso destino. Este é o deixar manifestar-se, eclodir, o sentido do que já somos. Nenhuma doutrina, nenhum modelo, nenhum sistema o pode dar. E não o pode dar porque o destino é nosso dote, nossa moira, é nossas possibilidades, é nossa essência humana. Destino enquanto sentido é o humano de todo ser humano.


- Manuel Antônio de Castro.


6

Destino são nossas possibilidades contínuas que nenhuma ação, nenhuma escolha, nenhuma realização chega a cumprir e dissolver, a eliminar. Toda realização é retomar no realizado o não-realizado. Eis a ventura e aventura de existir, sempre nova, sempre inaugural, sempre desafiante.


Referência:


CASTRO, Manuel Antonio de. “Ser e estar”. In: ‘’Arte: o humano e o destino’’. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 2011, p. 30


7

Há sempre em tudo três questões prévias para o aprender do pensar: o que é o ser humano? o que é a realidade? o que é o destino? E a palavra exata para se dimensionar o aprender do pensar é a questão do sentido. Por isso, o destino é a linha diretriz do horizonte das duas outras questões prévias. No destino está o sentido do que somos e não somos e, existindo, estamos a caminho de o realizar para chegar a sê-lo. Destino é o caminho a ser trilhado para manifestação do sentido que já nos foi dado. Se o destino é nosso próprio, o sentido é o caminho necessário do que somos. Desse modo, é impossível separar as três questões: o sentido da realidade é o humano se realizando em seu destino. Isso se torna para nós o real ou mundo.


- Manuel Antônio de Castro


8

"Durante um momento nossas vidas navegam a favor ou contra a corrente. Porém, é a corrente que decide nosso destino" (1).


Referência:
(1) Fala da personagen Sofie, no filme Sofie, de Liv Ullmann.


9

O que é Destino? É desvelar enquanto presença o que nos foi presenteado. Cada presença-destino, enquanto questão, é um desvelamento do que não cessa de se velar no destinar-se do sentido do Ser, do Nada. Toda presença participa do desvelamento ou verdade na medida em que este é Destino do Ser. Por isso, toda presença, enquanto desvelamento ou verdade, vigora no diálogo e enquanto diálogo, pois não há desvelamento sem velamento ou verdade sem não-verdade. A presença-destino é o Ser se Essencializando enquanto Linguagem e Verdade. Isso é poiesis enquanto sentido ético, ou seja, o sentido do Ser.


- Manuel Antônio de Castro
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