Culpa

De Dicionrio de Potica e Pensamento

Edição feita às 20h03min de 23 de Setembro de 2018 por Profmanuel (Discussão | contribs)

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"A culpa é a espora e o freio do desejo" (1).


Referência:
(1) PAZ, Octavio. O labirinto da solidão e post.scriptum. Trad. Eliane Zagury. 2.e. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1984, p. 179.


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"Eu costumava me sentir culpado até que descobri que se sentir culpado de algo tão grave como abandonar seus filhos é mero fingimento. É um modo de se obter um pouco de sofrimento que não pode ser igualado ao sofrimento que você causou" (1).


Referência:
(1) BERGMAN, Ingmar. Fala dele no filme: A ilha de Bergman. Direção de Marie Nyreröd, 2004.


3

Culpa é uma palavra que aparece muito, mas de difícil compreensão, quando se tenta defini-la. Diz-se que a culpa resulta de um pecado. Claro, têm significados parecidos, mas essencialmente diferentes, pois pecado diz respeito ao não cumprimento de uma lei ou prescrição religiosa. Deve-se notar que não é em todas as religiões que se fala de pecado. A culpa está sempre ligada ao poder da vontade humana. Embora conheça a interdição de determinada ação, assim mesmo o ser humano a pratica, causando sofrimento em alguém e em si mesmo, aparecendo depois o remorso. A culpa decorre do mal causado e devido à ação da vontade humana. Não podemos esquecer de que também podemos ligar a culpa ou pecado a uma transgressão da lei e da ética que rege todas as ações humanase que é da essência de todo ser humano. Tal lei divina tem sua origem no destino ou Moira, segundo os gregos, advindo o sofrimento, a dor. É o caso de Édipo. Outro aspecto da culpa está ligado ao sofrimento de quem a pratica. Mais do que externo, este sofrimento é interno e profundo, atingindo o próprio ser de quem a pratica. Acrescente-se que esse sofrimento é misterioso e nos acompanha até nos podermos livrar da culpa. A culpa atua muitas vezes de modo inconsciente. Daí surge a contraface do pecado: a necessidade da confissão (ou análise), provocando um profundo alívio interno, uma vez que há a intervenção de um poder divino. Por todos esses aspectos, essas questões remetem sempre para a essência do agir.
Quanto ao aspecto religioso, deve-se ter em mente que também nele não podemos ofender a Deus, por um motivo simples: Deus é perfeição e jamais o podemos ofender; podemos, sim, ofender a nós mesmos no que cada um de nós tem de divino ou sagrado.


- Manuel Antônio de Castro.