Compreensão

De Dicionrio de Potica e Pensamento

Edição feita às 22h38min de 7 de Setembro de 2017 por Profmanuel (Discussão | contribs)

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"Tudo que se abre para a compreensão é sustentado pelo sentido. O sentido é aquilo que pode ser articulado na abertura da compreensão, sendo esta abertura hermenêutica" (1).


Referência:
(1) HEIDEGGER, Martin. Ser e tempo. Parte I. 4ª ed. Petrópolis: Vozes, 1993, p. 208.


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"Nesse sentido, a compreensão é a vigência do limiar em todo o pensamento que questiona o ser ou que tem a questão do ser como o horizonte em que se dá a pergunta" (1).


Referência:
(1) AGUIAR, Werner. Música: poética do sentido. Tese de Doutorado. Faculdade de Letras da UFRJ. Programa de Pós-graduação de Ciência da Literatura. Área de Poética, 2004, pp. 15-16.

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Apreender o que é compreensão passa pela intuição e pela inteligência, porque ela para acontecer exige um mergulho no que se prende, capta, a partir do que se dá para poder ser prendido (com-preendido) e captado, conceituado. O compreender só acontece porque estamos nos movendo no intus-ir (intuir) e no intus-legere, no inteligir. Esse intus é o dentro que se doa no entre. Pois o intus se forma do "in", de onde se forma também o entre. Compreender é, pois, o prender que acontece na dinâmica do entre, ou seja, daquilo que denominamos intuição (noésis, em grego). Mas esta está ligada à inteligência, porque ela diz o que no e a partir do entre se dá como sentido poético no logos. Podemos fazer esta ligação a partir do fragmento III de Parmênides: "O mesmo é pensar e ser" (1). É nesse horizonte que se funda a inter-subjetividade, exercício e horizonte da compreensão. Esta é o exercício dialético intuitivo, inter-subjetivo e inteligente. Mas na inter-subjetividade enquanto diálogo, quem fala nunca é o sujeito, mas o logos. O logos fala, não o homem. Ao homem convém escutar e corresponder ao acontecer nele da linguagem.


- Manuel Antônio de Castro


Referência:
(1) PARMÊNIDES. Os pensadores originários. Trad. Sérgio Wrublewski. Petrópolis: Vozes, 1999, p. 45.

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Em português, a melhor expressão para o conceito em Hegel é a compreensão, em seu sentido constitutivo. Diz de um cum-prendere, ou seja, de um ser tomado no próprio acontecer da realidade e no deixar-se prendere, isto é, prender, agarrar, ser tomado. Tomado pelo quê? Pelo acontecer da realidade em seu doar-se e retrair-se. Daí a ligação profunda com a dialética originária, que Hegel denomina, especulativa. Para tal é necessário deixar-se tomar pela luz.


- Manuel Antônio de Castro


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"A ênfase na experiência vivida, na diversidade das manifestações da vida social e cultural, em detrimento das abstrações, resultou na importante distinção metodológica entre explicação (Erklärung) e compreensão (Verstehen), que cindiu a unidade do saber científico entre, de um lado, as ciências formais e da natureza e, de outro, as ciências do espírito ou da cultura" (1).


Referência:
(1) GIACOIA JR., Oswaldo. Heidegger urgente - introdução a um novo pensar. São Paulo: Três Estrelas, 2013, p. 30.
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