Compreensão

De Dicionrio de Potica e Pensamento

(Diferença entre revisões)
(4)
(3)
Linha 18: Linha 18:
== 3 ==
== 3 ==
-
:A compreensão do que é compreensão passa pela [[intuição]] e pela inteligência, porque ela para acontecer exige um mergulho no que se prende, capta, a partir do que se dá para poder ser prendido (com-preendido) e captado, conceituado. O com-preender só acontece porque estamos nos movendo no intus-ir (intuir) e no intus-legere, no in-teligir. Esse ''intus'' é o dentro que se doa no entre. Pois o ''intus'' se forma do "in", de onde se forma o entre. Compreender é, pois, o prender que acontece na dinâmica do entre, ou seja, daquilo que denominamos intuição (''noésis'', em grego). Mas esta está ligada à inteligência, porque ela diz o que no e a partir do entre se dá como sentido poético no ''lógos''.  Podemos fazer esta ligação a partir do fragmento III de Parmênides: "O mesmo é pensar e ser" (1). É nesse horizonte que se funda a inter-subjetividade, exercício e horizonte da compreensão. A compreensão é o exercício dialético intuitivo, inter-subjetivo e inteligente. Mas na inter-subjetividade enquanto diálogo, quem fala nunca é o sujeito, mas o ''lógos''. O ''lógos'' fala, não o homem. Ao homem convém escutar e corresponder.
+
: [[Apreender]] o que é [[compreensão]] passa pela [[intuição]] e pela [[inteligência]], porque ela para [[acontecer]] exige um mergulho no que se prende, capta, a partir do que se dá para poder ser prendido (com-preendido) e captado, conceituado. O [[compreender]] só acontece porque estamos nos movendo no ''intus-ir'' ([[intuir]]) e no ''intus-legere'', no [[inteligir]]. Esse ''intus'' é o dentro que se doa no [[entre]]. Pois o ''intus'' se forma do "''in''", de onde se forma também o [[entre]]. [[Compreender]] é, pois, o prender que acontece na dinâmica do [[entre]], ou seja, daquilo que denominamos [[intuição]] (''noésis'', em grego). Mas esta está ligada à [[inteligência]], porque ela diz o que no e a partir do [[entre]] se dá como [[sentido poético]] no ''logos''.  Podemos fazer esta ligação a partir do fragmento III de Parmênides: "O mesmo é pensar e ser" (1). É nesse [[horizonte]] que se funda a inter-subjetividade, exercício e [[horizonte]] da [[compreensão]]. Esta é o exercício dialético intuitivo, inter-subjetivo e inteligente. Mas na inter-subjetividade enquanto [[diálogo]], quem fala nunca é o [[sujeito]], mas o ''[[logos]]''. O ''[[logos]]'' fala, não o [[homem]]. Ao [[homem]] convém [[escutar]] e [[corresponder]] ao acontecer nele da [[linguagem]].
-
:- [[Manuel Antônio de Castro]]
+
: - [[Manuel Antônio de Castro]]
-
:Referência:
+
: Referência:
-
 
+
-
:(1) PARMÊNIDES. ''Os pensadores originários''. Trad. Sérgio Wrublewski. Petrópolis: Vozes, 1999, p. 45.
+
-
 
+
 +
: (1) PARMÊNIDES. ''Os pensadores originários''. Trad. Sérgio Wrublewski. Petrópolis: Vozes, 1999, p. 45.
== 4 ==
== 4 ==

Edição de 22h38min de 7 de Setembro de 2017

1

"Tudo que se abre para a compreensão é sustentado pelo sentido. O sentido é aquilo que pode ser articulado na abertura da compreensão, sendo esta abertura hermenêutica" (1).


Referência:
(1) HEIDEGGER, Martin. Ser e tempo. Parte I. 4ª ed. Petrópolis: Vozes, 1993, p. 208.


2

"Nesse sentido, a compreensão é a vigência do limiar em todo o pensamento que questiona o ser ou que tem a questão do ser como o horizonte em que se dá a pergunta" (1).


Referência:
(1) AGUIAR, Werner. Música: poética do sentido. Tese de Doutorado. Faculdade de Letras da UFRJ. Programa de Pós-graduação de Ciência da Literatura. Área de Poética, 2004, pp. 15-16.

3

Apreender o que é compreensão passa pela intuição e pela inteligência, porque ela para acontecer exige um mergulho no que se prende, capta, a partir do que se dá para poder ser prendido (com-preendido) e captado, conceituado. O compreender só acontece porque estamos nos movendo no intus-ir (intuir) e no intus-legere, no inteligir. Esse intus é o dentro que se doa no entre. Pois o intus se forma do "in", de onde se forma também o entre. Compreender é, pois, o prender que acontece na dinâmica do entre, ou seja, daquilo que denominamos intuição (noésis, em grego). Mas esta está ligada à inteligência, porque ela diz o que no e a partir do entre se dá como sentido poético no logos. Podemos fazer esta ligação a partir do fragmento III de Parmênides: "O mesmo é pensar e ser" (1). É nesse horizonte que se funda a inter-subjetividade, exercício e horizonte da compreensão. Esta é o exercício dialético intuitivo, inter-subjetivo e inteligente. Mas na inter-subjetividade enquanto diálogo, quem fala nunca é o sujeito, mas o logos. O logos fala, não o homem. Ao homem convém escutar e corresponder ao acontecer nele da linguagem.


- Manuel Antônio de Castro


Referência:
(1) PARMÊNIDES. Os pensadores originários. Trad. Sérgio Wrublewski. Petrópolis: Vozes, 1999, p. 45.

4

Em português, a melhor expressão para o conceito em Hegel é a compreensão, em seu sentido constitutivo. Diz de um cum-prendere, ou seja, de um ser tomado no próprio acontecer da realidade e no deixar-se prendere, isto é, prender, agarrar, ser tomado. Tomado pelo quê? Pelo acontecer da realidade em seu doar-se e retrair-se. Daí a ligação profunda com a dialética originária, que Hegel denomina, especulativa. Para tal é necessário deixar-se tomar pela luz.


- Manuel Antônio de Castro


5

"A ênfase na experiência vivida, na diversidade das manifestações da vida social e cultural, em detrimento das abstrações, resultou na importante distinção metodológica entre explicação (Erklärung) e compreensão (Verstehen), que cindiu a unidade do saber científico entre, de um lado, as ciências formais e da natureza e, de outro, as ciências do espírito ou da cultura" (1).


Referência:
(1) GIACOIA JR., Oswaldo. Heidegger urgente - introdução a um novo pensar. São Paulo: Três Estrelas, 2013, p. 30.
Ferramentas pessoais