Francisco de Assis
De Dicionrio de Potica e Pensamento
Edição feita às 18h16min de 16 de janeiro de 2025 por Profmanuel (Discussão | contribs)
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- "Na história da arte moderna, talvez não exista nenhuma figura como a de são Francisco, com quem tantos grandes mestres sonharam, retratando-o, cada qual à sua maneira, de acordo com esse sonho. Mesmo muito tempo depois da sua morte, ele continuou exercendo profundo e suave poder sobre os ânimos, a ponto de, em certo momento, tornar-se o preferido de todos os artistas" (1).
- Referência:
- (1) HESSE, Hermann. Francisco de Assis. Trad. Kristina Michahelles. Rio de Janeiro / São Paulo: Record, 1. e., 2019, p. 59.
2
- "Se alguém me perguntasse "mas como podes chamar aquele Francisco de grande poeta, se ele não nos legou nada mais do que a canção Laudes Creaturarum, eu responderia: ele nos deu as imagens imortais de Giotto, belas lendas e as canções de Jacopone e de todos os outros, além de mil obras preciosas que, sem ele e o secreto poder de amor de sua alma, jamais teriam surgido. Ele foi um daqueles grandes seres enigmáticos, um dos mais antigos que, inconscientemente, ajudaram a construir a obra gigantesca e milagrosa chamada Renascença, ou seja, o renascimento do espírito e das artes" (1).
- Em latim: Laudes Creaturarum, em português: Cântico das Criaturas. Conheça-o na próxima entrada, onde o transcrevo, traduzido para o português. Na realidade, ele o escreveu em um latim popular, base da futura língua italiana.
- Referência:
- (1) HESSE, Hermann. Francisco de Assis. Trad. Kristina Michahelles. Rio de Janeiro / São Paulo: Record, 1. e., 2019, p. 60.
3
- " Cântico das Criaturas "
- São Francisco de Assis (1181-1226)
- Altíssimo, onipotente, bom Senhor!
- Teus são o louvor, a glória, a honra
- e todas as bênçãos;
- a ti somente, Altíssimo, eles convêm
- e nenhum homem é digno de te nomear
- Louvado sejas, meu Senhor, com todas as tuas criaturas,
- Especialmente o senhor irmão Sol,
- Que clareia o dia
- E que com sua luz nos ilumina.
- Ele é belo e radiante,
- Com grande esplendor, de ti, altíssimo
- É a imagem.
- Louvado sejas, meu Senhor, pela irmã Lua
- E pelas estrelas, que no céu formastes
- Claras, preciosas e belas.
- Louvado sejas, meu Senhor, pelo irmão vento,
- Pelo ar e pelas nuvens,
- Pelo sereno e todo tempo
- Com que dás sustento às tuas criaturas
- Louvado sejas, meu Senhor, pela irmã água
- Muito útil e humilde e preciosa e casta.
- Louvado sejas, meu Senhor, pelo irmão fogo,
- Pelo qual iluminas a noite.
- Ele é belo e alegre e vigoroso e forte.
- Louvado sejas, meu Senhor, por nossa irmã, a mãe terra,
- que nos sustenta e governa,
- E produz frutos diversos, flores e ervas.
- Louvado sejas, meu Senhor, pelos que perdoam
- Pelo teu amor
- E suportam enfermidade e tribulações.
- Felizes os que guardam a paz,
- Pois serão coroados por Ti, Altíssimo.
- Louvado sejas, meu Senhor,
- Por nossa irmã a morte corporal,
- Da qual nenhum homem vivente pode escapar.
- Ai daqueles que morrem em pecado mortal;
- Feliz daquele que se achar na tua santíssima vontade
- A segunda morte não lhe fará mal.
- Louvai e bendizei ao meu Senhor,
- Agradecei-lhe e servi-o
- Com grande humildade" (1).
- (1) Versão em português do "Laudes creaturarum".
4
- Este Canto das criaturas foi escrito no século XIII por São Francisco de Assis. É um canto original e originário. Nele se dá uma profunda integração do ser humano com todo o universo da Vida e do Cosmo. De uma maneira criativa e genial, Francisco de Assis já nos convida a sermos profundamente ecológicos. Não é uma simples ecologia, como em geral se pensa hoje, da natureza, mas uma integração profunda do ser humano no mistério do universo e da vida. Por outro lado, o que aqui Francisco de Assis diz e convida a todos nós a fazer não o escreveu simplesmente. Ele viveu profundamente esta integração de tal maneira que foi o que disse e escreveu em vida: uma das realizações mais profundas do humano do homem, pois nele e por ele se dá a proximidade do sagrado com o homem e todo o universo da vida.
5
- "O Amor Ágape revela-se na caridade.... São Francisco, o noivo da dona pobreza, o santo da simplicidade, deixou um legado de caridade. Ensinou que é dando que se recebe, pediu ao Senhor que pudesse levar o amor onde o ódio estivesse reinando. Qual é a recompensa de quem faz a caridade? É muito maior do que podemos imaginar" (1).
- Referência:
- (1) ROSSI, Padre Marcelo. "Introdução". In: ---.Ágape. São Paulo: Editora Globo, 2015, 30 reimpressão, p. 26.