Utopia
De Dicionrio de Potica e Pensamento
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Edição de 14h53min de 11 de Agosto de 2017
1
- "Não é por acidente que estas grandes revoluções, fundadoras da história moderna, tenham imperado no pensamento do século XVIII. Foi um século rico em projetos de reforma social e em utopias... As utopias do século XVIII foram o grande fermento que pôs em movimento a história dos séculos seguintes. A utopia é a outra cara da crítica e só uma idade crítica pode ser inventora de utopias: o buraco deixado pelas demolições do espírito crítico é sempre ocupado pelas construções utópicas. As utopias são os sonhos da razão. Sonhos ativos que se transformaram em revoluções e reformas" (1).
- Referência:
- (1) PAZ, Octavio. "Ruptura e convergência". In: -----. A outra voz. São Paulo: Siciliano, 2001, pp. 35-6.
2
- "O mundo como o deseja, onde ninguém sofre de fome, frio ou injustiça não existe e nunca existirá. Mas eu ouvia como meu coração respondia das minhas profundezas: Apesar de não existir, existirá porque assim o desejo. Eu o desejo, eu o quero a cada pulsar de meu coração. Creio num mundo que não está, mas acreditando nele, eu o crio. Chamamos de "inexistente" tudo o que não desejamos com bastate força" (1).
- Referência:
- (1) KAZANTZAKIS, Nikos. Testamento para El Greco. Rio de Janeiro: Artenova, 1975, p. 269.
3
- "O que é utopia? É o modo extraordinário de manifestar-se da realidade, nos adventos históricos das realizações do mundo, das realizações dos homens, da humanidade e das comunidades" (1).
- Referência:
- (1) LEÃO, Emmanuel Carneiro. Poesia e utopia. In: FAGUNDES, Igor (Org.). Permanecer silêncio - Manuel Antônio de Castro e o humano como obra. Rio de Janeiro: Confraria do Vento, 2011, p. 131.
4
- "Nenhum real se desenvolve plenamente nem chega à plenitude de seu surgir e de seu realizar-se por si mesmo, no mundo, sem a vigência da utopia e da poesia nas obras. Qualquer real" (1).
- Referência:
- (1) LEÃO, Emmanuel Carneiro. Poesia e utopia. In: FAGUNDES, Igor (Org.). Permanecer silêncio - Manuel Antônio de Castro e o humano como obra. Rio de Janeiro: Confraria do Vento, 2011, p. 132.
5
- Nosso tempo é o tempo da globalização, onde predomina uma uniformidade assustadora e que aparentemente anula as diferenças. Esta uniformidade se traduz numa faceta paradoxal: aparentemente há muitas mudanças, mas no fundo parte-se de um mesmo e único paradigma: o global, e, por isso, no lugar das utopias passa a dominar a distopia: um tempo sem utopias. Isso de maneira alguma nos impede de sermos utópicos. Só temos que ter aprendido com a história e não fazer da utopia um paradigma, um sistema ideal de realidade a ser feito pela ação do homem, pois o homem pode fazer muitas coisas, só não pode fazer a realidade fundamentada num sistema ideal. Isso jamais quer dizer que não seja da diferença ontológica do ser humano ser utópico, mas como possibilidade de ser sempre como possibilidade, ou seja: ser utópico. Nenhuma realização ou sistema, modelo, paradigma, de realização jamais acabará com a possibilidade de realizar e, portanto, com a utopia, que poderia ser denominada: utopia concreta.