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De Dicionário de Poética e Pensamento

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Edição de 15h18min de 18 de Agosto de 2009

Cálculo

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"O cálculo é o procedimento assegurador e processador de toda teoria do real. Não se deve, porém, entender cálculo em sentido restrito de se operar com números. Em sentido essencial e amplo, calcular significa contar com alguma coisa, ou seja, levá-la em consideração e observá-la, ter expectativas, esperar dela alguma outra coisa. Neste sentido, toda objetivação do real é um cáclulo, quer corra atrás dos efeitos e suas causas, numa explicação causal, quer, enfim, assegure em seus fundamentos um sistema de relações e ordenamentos. A matemática é um cálculo que, em toda parte, espera chegar à equivalência das relações entre as ordens por meio de equações. E por isso mesmo 'conta' antecipadamente com uma equação fundamental para todas as ordens possíveis" (1).


Referência:
(1) HEIDEGGER, Martin. "Ciência e pensamento do sentido". In: Ensaios e conferências. Petrópolis: Vozes, 2007, p. 50.


Representação

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"A representação processadora, que assegura e garante todo e qualquer real em sua objetidade processável, constitui o traço fundamental da representação com que a ciência moderna corresponde ao real" (1). Porém, a representação científica se baseia sempre em algum dado da natureza, pois "Mesmo quando, por razões de essência, como na física atômica moderna, a teoria se torna necessariamente incapaz de representação sensível, mesmo assim a teoria depende de os átomos se mostrarem à percepção" (2). O que se deve considerar, todavia, é em que medida tal representação ao mesmo tempo em que se baseia em algo da natureza, também a reduz em sua representação, já que "o que a física assim representa é, com certeza a própria natureza, mas, por outro lado, não se pode contestar que se trata, apenas, da natureza assumida, como domínio de objetos, cuja objetidade determina e produz o processamento físico" (3).
"A representação científica nunca é capaz de evitar a essência da natureza porque, já em princípio, a objetidade da natureza é apenas um modo em que a natureza se ex-põe" (4). No entanto, aquilo que na natureza se vela à representação e que esta é incapaz de representar, justamente por seu caráter velado, a ciência não é capaz de pensar, por já se mover dentro de seus limites: "A representação da ciência, por sua vez, nunca poderá decidir se, com a objetidade, a riqueza recôndita na essência da ciência não se retira e retrai ao invés de dar-se e deixar aparecer" (5).


- Jun Shimada


Referências:
(1) HEIDEGGER, Martin. "Ciência e pensamento do sentido. In: Ensaios e conferências. Petrópolis: Vozes, 2007, p. 48.
(2) Idem, p. 52.
(3) Idem, p. 53.
(4) Idem, p. 53.
(5) Idem, p. 53.


Retração

1

"O que cabe pensar retrai-se para o homem à medida que dele se retira. O que se retira, porém, sempre já se nos mostrou. O que se retrai no modo de um retirar-se não desaparece. Com então saber o mínimo que seja a respeito disso que assim se retrai? Como sequer nomeá-lo? O que se retrai recusa o encontro. Retrair-se não é, porém, um nada. Retração é, aqui retirada e enquanto tal - acontecimento. O que se retrai pode concernir ao homem de maneira mais essencial e reivindicá-lo de modo mais próprio do que algo que aí está e o atinge e o afeta. [...] O que de nós se retrai à maneira mencionada, afasta-se para longe de nós. Mas precisamente isso nos leva junto e, à sua maneira, nos atrai" (1).


Referência:
(1) HEIDEGGER, Martin. "O que quer dizer pensar?". In: Ensaios e conferências. Petrópolis: Vozes, 2007, p. 116.


Ver também:


Atração

1

Ao homem atrai algo que se dá na experiência de sua própria liminaridade, do horizonte: aquilo que, ao se revelar também se vela e retrai. "O que se retrai parece estar absolutamente ausente. Mas essa aparência engana. O que se retrai se faz vigente - a saber, através do fato de nos atrair, quer percebamos agora, depois ou mesmo nunca. O que nos atrai já concedeu encontro. Tomado pela atração da retração, já estamos no impulso para isso que nos atrai à medida que se retrai" (1).


- Jun Shimada


Referência:
(1) HEIDEGGER, Martin. "O que quer dizer pensar?". In: Ensaios e conferências. Petrópolis: Vozes, 2007, p. 116.


Ver também:
Ferramentas pessoais