Ser-com

De Dicionrio de Potica e Pensamento

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:Um outro caminho de entender o ser-com além do [[diálogo]] é uma reflexão sobre Unidade a partir do fragmento III de Parmênides. "Pois o mesmo é ser e pensar", e do fragmento 50 de Heráclito: "Auscultando não a mim mas ao logos, é sábio concordar que tudo é um". Antônio Jardim desenvolve essa problemática tematizando a questão da Unidade. E assim afirma: "Uma unidade se caracteriza basicamente enquanto unidade, seja ela originária ou não. Uma unidade é irrepetível no outro, ela não se expõe à dinâmica da igualdade. Uma unidade só é igual a si mesma. É a partir desse ser igual a si mesma que ela é concomitantemente exigência de um outro, de uma outa unidade. Pois só podemos falar em unidade e identidade concreta a partir da tensão identidade/diferença. A unidade é a insuficiência precisa do outro, de outras unidades manifesta pela suficiência só é igual a si mesma" (1).  
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: Um [[outro]] [[caminho]] de entender o [[ser-com]] além do [[diálogo]] é uma [[reflexão]] sobre [[unidade]] a partir do fragmento III de Parmênides: "Pois o [[mesmo]] é [[ser]] e [[pensar]]", e do fragmento 50 de Heráclito: "Auscultando não a mim mas ao ''[[lógos]]'', é sábio concordar que [[tudo]] [[é]] [[um]]". Antonio Jardim desenvolve essa problemática [[tematizando]] a [[questão]] da [[Unidade]]. E assim afirma: "Uma [[unidade]] se caracteriza basicamente enquanto [[unidade]], seja ela [[originária]] ou não. Uma [[unidade]] é irrepetível no [[outro]], ela não se expõe à [[dinâmica]] da [[igualdade]]. Uma [[unidade]] só é [[igual]] a si mesma. É a partir desse [[ser]] [[igual]] a si mesma que ela é concomitantemente exigência de um [[outro]] ou  de uma outra [[unidade]]" (1).
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: - [[Manuel Antônio de Castro]]
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:(1) JARDIM, Antônio. ''Música: vigência do pensar poético''. Rio de Janeiro: 7 letras, 2005, p. 53.
 
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: (1) JARDIM, Antonio. ''Música: vigência do pensar poético''. Rio de Janeiro: 7letras, 2005, p. 53.
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*[[Diálogo]]
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: "Um [[diálogo]] sempre se dá, acontece “[[entre]]” um [[Eu]] E um [[Tu]]. Cotidiana e impensadamente sempre achamos que o [[diálogo]] visa [[comunicar]], tornar [[comum]] algo, isto é, que será tanto do [[eu]] como do [[tu]]. São as [[informações]] e os [[conhecimentos]], ou seja, aquilo que é produzido pelas [[disciplinas]]. Estas são o “[[entre]]” [[Eu]] E [[Tu]]. Esta [[posição]], como já vimos, surge do [[conceito]] de [[interdisciplinaridade]], onde o “[[entre]]” é reduzido e se confunde com as [[disciplinas]]. Elas são o [[elemento]] [[comum]] a quem ensina e a quem aprende, ao [[emissor]] e ao [[receptor]]. [[Diálogo]] é isso, mas é também bem mais [[complexo]] e [[profundo]]" (1). Quando acontece o diálogo essencial, [[Heidegger]] o denomina também ''[[Mit-sein]]'', isto  é: [[ser-com]], onde acontece concomitantemente o ''[[Dasein]]'' e o ''[[In-der-Welt-sein]]''.
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: - [[Manuel Antônio de Castro]].
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: (1) CASTRO, Manuel Antônio de. "Interdisciplinaridade poética: o ''entre''". Revista ''Tempo Brasileiro'': Rio de Janeiro: ''Interdisciplinaridade: dimensões poéticas'', 164, jan.-mar., 2006, p. 27.
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: *[[Diferença]]
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: *[[Identidade]]
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: "A [[escrita]] [[solitária]] pressupõe sempre o [[outro]]. Somos [[essencialmente]] [[ser-com]]. Em princípio, um [[diálogo]] acontece quando há uma [[fala]] e uma [[escuta]] ou uma [[escrita]] e uma [[leitura]], como é o caso presente. Porém, além do [[emissor]] e do [[receptor]], deve haver uma terceira [[dimensão]] com uma faceta dupla: ''[[o quê]]'' se comunica e ''[[o como]]'' se comunica: deve haver um [[conhecimento]] e um [[meio]]" (1).
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: (1) CASTRO, Manuel Antônio de. "Interdisciplinaridade poética: o ''entre''". Revista ''Tempo Brasileiro'': Rio de Janeiro: ''Interdisciplinaridade: dimensões poéticas'', 164, jan.-mar., 2006, p. 26.
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: "O “[[entre]]” é uma captação prévia, ou seja, é a [[intuição]] [[originária]], é o próprio ''[[logos]]'', de que falamos no item anterior. Então ''[[logos]]'' é [[mundo]] enquanto [[sentido]] e [[verdade]]. E, portanto, o [[mundo]] é o “[[entre]]” do ''[[Dasein]]'', ou seja, do [[Entre-ser]] e do [[ser-com]] ou ''[[Mit-sein]]''. A [[facticidade]] é então a nossa [[condição]] [[humana]] de sermos [[Entre-ser]] e [[Ser-com]]. À [[facticidade]] [[Heidegger]] chamou de [[transcendência]] ou [[mundo]]" (1).
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: (1) CASTRO, Manuel Antônio de. "Interdisciplinaridade poética: o ''entre''". Revista ''Tempo Brasileiro'': Rio de Janeiro: ''Interdisciplinaridade: dimensões poéticas'', 164, jan.-mar., 2006, p. 31.
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: "Normalmente só se presta atenção à [[conexão]] como ligação “[[entre]]” dois [[nós]]. Porém, a [[ligação]] ainda não é o “[[entre]]”. Este se dá e se retrai, porque ele pressupõe os [[nós]] e a [[ligação]] ocorre a partir do “[[entre]]” dos [[nós]]. Só porque o [[nó]] (''[[Dasein]]'') já se move na [[ambiguidade]] do ”[[entre]]” (este é a própria [[fonte]] da [[ambiguidade]]) é que ocorre a “ligação” a partir do “[[entre]]” dos [[nós]], tanto que se há um só [[nó]] não há [[ligação]] (bem como se há só linha também não há [[ligação]]). De novo: não dialogamos porque somos [[sociais]], mas somos [[sociais]] porque, [[essencial]] e [[necessariamente]] somos [[diá-logo]])" (1).
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: (1) CASTRO, Manuel Antônio de. "Interdisciplinaridade poética: o ''entre''". Revista ''Tempo Brasileiro'': Rio de Janeiro: ''Interdisciplinaridade: dimensões poéticas'', 164, jan.-mar., 2006, p. 32.

Edição atual tal como 22h34min de 10 de Agosto de 2019

1

Um outro caminho de entender o ser-com além do diálogo é uma reflexão sobre unidade a partir do fragmento III de Parmênides: "Pois o mesmo é ser e pensar", e do fragmento 50 de Heráclito: "Auscultando não a mim mas ao lógos, é sábio concordar que tudo é um". Antonio Jardim desenvolve essa problemática tematizando a questão da Unidade. E assim afirma: "Uma unidade se caracteriza basicamente enquanto unidade, seja ela originária ou não. Uma unidade é irrepetível no outro, ela não se expõe à dinâmica da igualdade. Uma unidade só é igual a si mesma. É a partir desse ser igual a si mesma que ela é concomitantemente exigência de um outro ou de uma outra unidade" (1).


- Manuel Antônio de Castro


Referência:
(1) JARDIM, Antonio. Música: vigência do pensar poético. Rio de Janeiro: 7letras, 2005, p. 53.


Ver também:
*Medida
*Entre


2

"Um diálogo sempre se dá, acontece “entre” um Eu E um Tu. Cotidiana e impensadamente sempre achamos que o diálogo visa comunicar, tornar comum algo, isto é, que será tanto do eu como do tu. São as informações e os conhecimentos, ou seja, aquilo que é produzido pelas disciplinas. Estas são o “entreEu E Tu. Esta posição, como já vimos, surge do conceito de interdisciplinaridade, onde o “entre” é reduzido e se confunde com as disciplinas. Elas são o elemento comum a quem ensina e a quem aprende, ao emissor e ao receptor. Diálogo é isso, mas é também bem mais complexo e profundo" (1). Quando acontece o diálogo essencial, Heidegger o denomina também Mit-sein, isto é: ser-com, onde acontece concomitantemente o Dasein e o In-der-Welt-sein.


- Manuel Antônio de Castro.


Referência:
(1) CASTRO, Manuel Antônio de. "Interdisciplinaridade poética: o entre". Revista Tempo Brasileiro: Rio de Janeiro: Interdisciplinaridade: dimensões poéticas, 164, jan.-mar., 2006, p. 27.
*Diferença
*Identidade

3

"A escrita solitária pressupõe sempre o outro. Somos essencialmente ser-com. Em princípio, um diálogo acontece quando há uma fala e uma escuta ou uma escrita e uma leitura, como é o caso presente. Porém, além do emissor e do receptor, deve haver uma terceira dimensão com uma faceta dupla: o quê se comunica e o como se comunica: deve haver um conhecimento e um meio" (1).


Referência:
(1) CASTRO, Manuel Antônio de. "Interdisciplinaridade poética: o entre". Revista Tempo Brasileiro: Rio de Janeiro: Interdisciplinaridade: dimensões poéticas, 164, jan.-mar., 2006, p. 26.


4

"O “entre” é uma captação prévia, ou seja, é a intuição originária, é o próprio logos, de que falamos no item anterior. Então logos é mundo enquanto sentido e verdade. E, portanto, o mundo é o “entre” do Dasein, ou seja, do Entre-ser e do ser-com ou Mit-sein. A facticidade é então a nossa condição humana de sermos Entre-ser e Ser-com. À facticidade Heidegger chamou de transcendência ou mundo" (1).


Referência:
(1) CASTRO, Manuel Antônio de. "Interdisciplinaridade poética: o entre". Revista Tempo Brasileiro: Rio de Janeiro: Interdisciplinaridade: dimensões poéticas, 164, jan.-mar., 2006, p. 31.


5

"Normalmente só se presta atenção à conexão como ligação “entre” dois nós. Porém, a ligação ainda não é o “entre”. Este se dá e se retrai, porque ele pressupõe os nós e a ligação ocorre a partir do “entre” dos nós. Só porque o (Dasein) já se move na ambiguidade do ”entre” (este é a própria fonte da ambiguidade) é que ocorre a “ligação” a partir do “entre” dos nós, tanto que se há um só não há ligação (bem como se há só linha também não há ligação). De novo: não dialogamos porque somos sociais, mas somos sociais porque, essencial e necessariamente somos diá-logo)" (1).


Referência:
(1) CASTRO, Manuel Antônio de. "Interdisciplinaridade poética: o entre". Revista Tempo Brasileiro: Rio de Janeiro: Interdisciplinaridade: dimensões poéticas, 164, jan.-mar., 2006, p. 32.
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