Não-causalidade

De Dicionrio de Potica e Pensamento

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:O mais belo da [[vida]] é sempre o imprevisível, o sem-causa, o sem-por quê. Ou como nos diz Rosa no conto “Reminisção”: “E há os súbitos, encobertos [[acontecimentos]], dentro da gente” (1). O súbito de todo [[instante]] poético acontecendo eis a [[memória]] originária, poética. Sem esta não há [[cronologia]] e [[causalidade]] nem a [[realidade]] tem [[sentido]].
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: O mais belo da [[vida]] é sempre o imprevisível, o sem-causa, o sem-por quê. Ou como nos diz [[Rosa]] no conto “Reminisção”: “E há os súbitos, encobertos [[acontecimento|acontecimentos]], dentro da gente” (1). O súbito de todo [[instante]] poético acontecendo eis a [[memória]] [[originária]], [[poética]]. Sem esta não há [[cronologia]] e [[causalidade]] nem a [[realidade]] tem [[sentido]].
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:- [[Manuel Antônio de Castro]]  
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:(1)ROSA, João Guimarães. ''Tutameia''. Rio de Janeiro: José Olympio, 1967, 81.
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: Para se entender a [[diferença]] [[entre]] [[causalidade]] e [[não-causalidade]], que é difícil, é bom apelar para o [[Pensador]] [[Rosa]]. [[Causalidade]] indica a [[essência]] do [[agir]] baseado nas [[causas]] e [[Rosa]] o sintetiza no verbo [[consertar]]. Neste não só o [[agir]] visa a um efeito, mas também o [[sujeito]] do [[agir]] se localiza, se funda no [[agir]] do [[homem]]. Já a [[não-causalidade]] é indicada por [[Rosa]] com outro [[verbo]]: [[concertar]]. Por este, o [[ser humano]] realiza o seu ''[[télos]]'' deixando-se tomar pelo [[vigor]] do [[Ser]]. Aí não pode haver [[causalidade]], mas [[vigora]] a [[não-causalidade]].
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: (1) CASTRO, Manuel Antônio de. "Telos e sentido", '''ensaio''' ainda não publicado.
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: (1) CASTRO, Manuel Antônio de. "Telos e sentido", '''ensaio''' ainda não publicado.

Edição atual tal como 02h12min de 13 de Dezembro de 2021

1

O mais belo da vida é sempre o imprevisível, o sem-causa, o sem-por quê. Ou como nos diz Rosa no conto “Reminisção”: “E há os súbitos, encobertos acontecimentos, dentro da gente” (1). O súbito de todo instante poético acontecendo eis a memória originária, poética. Sem esta não há cronologia e causalidade nem a realidade tem sentido.


- Manuel Antônio de Castro


Referência:
(1)ROSA, João Guimarães. Tutameia. Rio de Janeiro: José Olympio, 1967, p. 81.

2

Para se entender a diferença entre causalidade e não-causalidade, que é difícil, é bom apelar para o Pensador Rosa. Causalidade indica a essência do agir baseado nas causas e Rosa o sintetiza no verbo consertar. Neste não só o agir visa a um efeito, mas também o sujeito do agir se localiza, se funda no agir do homem. Já a não-causalidade é indicada por Rosa com outro verbo: concertar. Por este, o ser humano realiza o seu télos deixando-se tomar pelo vigor do Ser. Aí não pode haver causalidade, mas vigora a não-causalidade.


Manuel Antônio de Castro.

3

"O princípio, arkhé, advindo à sua plenitude] é o télos. É a não-causalidade. Guimarães Rosa comemorando no poético a memória enquanto unidade do acontecer, denominou poeticamente a não-causalidade como sendo o concertar" (1).


Referência:
(1) CASTRO, Manuel Antônio de. "Telos e sentido", ensaio ainda não publicado.

4

"Guimarães Rosa comemorando no poético a memória enquanto unidade do acontecer, denominou poeticamente a não-causalidade como sendo o concertar. É que neste nenhum sujeito age e produz efeitos. O concertar não se transforma em ação por dele emanar um efeito ou por vir a ser aplicado. O concertar age enquanto concerta. Concertar é poietizar" (1).


Referência:
(1) CASTRO, Manuel Antônio de. "Telos e sentido", ensaio ainda não publicado.
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