Francisco de Assis
De Dicionrio de Potica e Pensamento
(Diferença entre revisões)
(→1) |
(→5) |
||
(19 edições intermediárias não estão sendo exibidas.) | |||
Linha 5: | Linha 5: | ||
: Referência: | : Referência: | ||
- | : (1) HESSE, Hermann. ''Francisco de Assis | + | : (1) HESSE, Hermann. '''Francisco de Assis. Trad. Kristina Michahelles. Rio de Janeiro / São Paulo: Record, 1. e., 2019, p. 59.''' |
== 2 == | == 2 == | ||
- | : "Se alguém me perguntasse "mas como podes chamar aquele Francisco de grande [[poeta]], se ele não nos legou nada mais do que a [[canção]] ''Laudes Creaturarum'', eu responderia: ele nos deu as [[imagens]] [[imortais]] de Giotto, belas [[lendas]] e as canções de Jacopone e de todos os outros, além de mil [[obras]] preciosas que, sem ele e o | + | : "Se alguém me perguntasse "mas como podes chamar aquele Francisco de grande [[poeta]], se ele não nos legou nada mais do que a [[canção]] ''Laudes Creaturarum'', eu responderia: ele nos deu as [[imagens]] [[imortais]] de Giotto, belas [[lendas]] e as canções de Jacopone e de todos os outros, além de mil [[obras]] preciosas que, sem ele e o secreto [[poder]] de [[amor]] de sua [[alma]], jamais teriam surgido. Ele foi um daqueles grandes [[seres]] [[enigmáticos]], um dos mais [[antigos]] que, [[inconscientemente]], ajudaram a construir a [[obra]] gigantesca e milagrosa chamada [[Renascença]], ou seja, o [[renascimento]] do [[espírito]] e das [[artes]]" (1). |
+ | |||
+ | : Em latim: ''Laudes Creaturarum'', em [[português]]: ''Cântico das Criaturas''. Conheça-o na próxima entrada, onde o transcrevo, traduzido para o português. Na realidade, ele o escreveu em um latim [[popular]], base da [[futura]] [[língua]] italiana. | ||
+ | |||
+ | |||
+ | : [[Manuel Antônio de Castro]]. | ||
+ | |||
+ | : Referência: | ||
+ | |||
+ | : (1) HESSE, Hermann. '''Francisco de Assis. Trad. Kristina Michahelles. Rio de Janeiro / São Paulo: Record, 1. e., 2019, p. 60.''' | ||
+ | |||
+ | == 3 == | ||
+ | : " '''Cântico das Criaturas''' " | ||
+ | |||
+ | : ''São Francisco de Assis'' (1181-1226) | ||
+ | |||
+ | : Altíssimo, onipotente, bom Senhor! | ||
+ | : Teus são o louvor, a glória, a honra | ||
+ | : e todas as bênçãos; | ||
+ | : a ti somente, Altíssimo, eles convêm | ||
+ | : e nenhum homem é digno de te nomear | ||
+ | |||
+ | : Louvado sejas, meu Senhor, com todas as tuas criaturas, | ||
+ | : Especialmente o senhor irmão Sol, | ||
+ | : Que clareia o dia | ||
+ | : E que com sua luz nos ilumina. | ||
+ | : Ele é belo e radiante, | ||
+ | : Com grande esplendor, de ti, altíssimo | ||
+ | : É a imagem. | ||
+ | |||
+ | : Louvado sejas, meu Senhor, pela irmã Lua | ||
+ | : E pelas estrelas, que no céu formastes | ||
+ | : Claras, preciosas e belas. | ||
+ | |||
+ | |||
+ | : Louvado sejas, meu Senhor, pelo irmão vento, | ||
+ | : Pelo ar e pelas nuvens, | ||
+ | : Pelo sereno e todo tempo | ||
+ | : Com que dás sustento às tuas criaturas | ||
+ | |||
+ | : Louvado sejas, meu Senhor, pela irmã água | ||
+ | : Muito útil e humilde e preciosa e casta. | ||
+ | |||
+ | : Louvado sejas, meu Senhor, pelo irmão fogo, | ||
+ | : Pelo qual iluminas a noite. | ||
+ | : Ele é belo e alegre e vigoroso e forte. | ||
+ | |||
+ | : Louvado sejas, meu Senhor, por nossa irmã, a mãe terra, | ||
+ | : que nos sustenta e governa, | ||
+ | : E produz frutos diversos, flores e ervas. | ||
+ | |||
+ | : Louvado sejas, meu Senhor, pelos que perdoam | ||
+ | : Pelo teu amor | ||
+ | : E suportam enfermidade e tribulações. | ||
+ | : Felizes os que guardam a paz, | ||
+ | : Pois serão coroados por Ti, Altíssimo. | ||
+ | |||
+ | : Louvado sejas, meu Senhor, | ||
+ | : Por nossa irmã a morte corporal, | ||
+ | : Da qual nenhum homem vivente pode escapar. | ||
+ | : Ai daqueles que morrem em pecado mortal; | ||
+ | : Feliz daquele que se achar na tua santíssima vontade | ||
+ | : A segunda morte não lhe fará mal. | ||
+ | |||
+ | : Louvai e bendizei ao meu Senhor, | ||
+ | : Agradecei-lhe e servi-o | ||
+ | : Com grande humildade" (1). | ||
+ | |||
+ | |||
+ | : '''(1) Versão em português do "Laudes creaturarum".''' | ||
+ | |||
+ | == 4 == | ||
+ | : Este '''Canto das criaturas''' foi escrito no século XIII por São [[Francisco de Assis]]. É um [[canto]] [[original]] e [[originário]]. Nele se dá uma [[profunda]] [[integração]] do [[ser humano]] com todo o [[universo]] da [[Vida]] e do [[Cosmo]]. De uma maneira criativa e genial, [[Francisco de Assis]] já nos convida a sermos [[profundamente]] [[ecológicos]]. Não é uma [[simples]] [[ecologia]], como em geral se pensa hoje, da [[natureza]], mas uma [[integração]] [[profunda]] do [[ser humano]] no [[mistério]] do [[universo]] e da [[vida]]. Por outro lado, o que aqui [[Francisco de Assis]] diz e convida a todos nós a [[fazer]] não o escreveu simplesmente. Ele viveu [[profundamente]] esta [[integração]] de tal maneira que foi o que disse e escreveu em [[vida]]: uma das [[realizações]] mais [[profundas]] do [[humano]] do [[homem]], pois nele e por ele se dá a [[proximidade]] do [[sagrado]] com o [[homem]] e todo o [[universo]] da [[vida]]. | ||
+ | |||
+ | |||
+ | : - [[Manuel Antônio de Castro]]. | ||
+ | |||
+ | == 5 == | ||
+ | : "O [[Amor]] [[Ágape]] revela-se na [[caridade]].... São [[Francisco]], o noivo da dona [[pobreza]], o [[santo]] da [[simplicidade]], deixou um legado de [[caridade]]. Ensinou que é dando que se recebe, pediu ao [[Senhor]] que pudesse levar o [[amor]] onde o ódio estivesse reinando. Qual é a recompensa de quem faz a [[caridade]]? É muito maior do que podemos [[imaginar]]" (1). | ||
: Referência: | : Referência: | ||
- | : (1) | + | : (1) ROSSI, Padre Marcelo.''' "Introdução". In: ---.[[Ágape]]. São Paulo: Editora Globo, 2015, 30 reimpressão, p. 26.''' |
Edição atual tal como 18h17min de 16 de janeiro de 2025
Tabela de conteúdo |
1
- "Na história da arte moderna, talvez não exista nenhuma figura como a de são Francisco, com quem tantos grandes mestres sonharam, retratando-o, cada qual à sua maneira, de acordo com esse sonho. Mesmo muito tempo depois da sua morte, ele continuou exercendo profundo e suave poder sobre os ânimos, a ponto de, em certo momento, tornar-se o preferido de todos os artistas" (1).
- Referência:
- (1) HESSE, Hermann. Francisco de Assis. Trad. Kristina Michahelles. Rio de Janeiro / São Paulo: Record, 1. e., 2019, p. 59.
2
- "Se alguém me perguntasse "mas como podes chamar aquele Francisco de grande poeta, se ele não nos legou nada mais do que a canção Laudes Creaturarum, eu responderia: ele nos deu as imagens imortais de Giotto, belas lendas e as canções de Jacopone e de todos os outros, além de mil obras preciosas que, sem ele e o secreto poder de amor de sua alma, jamais teriam surgido. Ele foi um daqueles grandes seres enigmáticos, um dos mais antigos que, inconscientemente, ajudaram a construir a obra gigantesca e milagrosa chamada Renascença, ou seja, o renascimento do espírito e das artes" (1).
- Em latim: Laudes Creaturarum, em português: Cântico das Criaturas. Conheça-o na próxima entrada, onde o transcrevo, traduzido para o português. Na realidade, ele o escreveu em um latim popular, base da futura língua italiana.
- Referência:
- (1) HESSE, Hermann. Francisco de Assis. Trad. Kristina Michahelles. Rio de Janeiro / São Paulo: Record, 1. e., 2019, p. 60.
3
- " Cântico das Criaturas "
- São Francisco de Assis (1181-1226)
- Altíssimo, onipotente, bom Senhor!
- Teus são o louvor, a glória, a honra
- e todas as bênçãos;
- a ti somente, Altíssimo, eles convêm
- e nenhum homem é digno de te nomear
- Louvado sejas, meu Senhor, com todas as tuas criaturas,
- Especialmente o senhor irmão Sol,
- Que clareia o dia
- E que com sua luz nos ilumina.
- Ele é belo e radiante,
- Com grande esplendor, de ti, altíssimo
- É a imagem.
- Louvado sejas, meu Senhor, pela irmã Lua
- E pelas estrelas, que no céu formastes
- Claras, preciosas e belas.
- Louvado sejas, meu Senhor, pelo irmão vento,
- Pelo ar e pelas nuvens,
- Pelo sereno e todo tempo
- Com que dás sustento às tuas criaturas
- Louvado sejas, meu Senhor, pela irmã água
- Muito útil e humilde e preciosa e casta.
- Louvado sejas, meu Senhor, pelo irmão fogo,
- Pelo qual iluminas a noite.
- Ele é belo e alegre e vigoroso e forte.
- Louvado sejas, meu Senhor, por nossa irmã, a mãe terra,
- que nos sustenta e governa,
- E produz frutos diversos, flores e ervas.
- Louvado sejas, meu Senhor, pelos que perdoam
- Pelo teu amor
- E suportam enfermidade e tribulações.
- Felizes os que guardam a paz,
- Pois serão coroados por Ti, Altíssimo.
- Louvado sejas, meu Senhor,
- Por nossa irmã a morte corporal,
- Da qual nenhum homem vivente pode escapar.
- Ai daqueles que morrem em pecado mortal;
- Feliz daquele que se achar na tua santíssima vontade
- A segunda morte não lhe fará mal.
- Louvai e bendizei ao meu Senhor,
- Agradecei-lhe e servi-o
- Com grande humildade" (1).
- (1) Versão em português do "Laudes creaturarum".
4
- Este Canto das criaturas foi escrito no século XIII por São Francisco de Assis. É um canto original e originário. Nele se dá uma profunda integração do ser humano com todo o universo da Vida e do Cosmo. De uma maneira criativa e genial, Francisco de Assis já nos convida a sermos profundamente ecológicos. Não é uma simples ecologia, como em geral se pensa hoje, da natureza, mas uma integração profunda do ser humano no mistério do universo e da vida. Por outro lado, o que aqui Francisco de Assis diz e convida a todos nós a fazer não o escreveu simplesmente. Ele viveu profundamente esta integração de tal maneira que foi o que disse e escreveu em vida: uma das realizações mais profundas do humano do homem, pois nele e por ele se dá a proximidade do sagrado com o homem e todo o universo da vida.
5
- "O Amor Ágape revela-se na caridade.... São Francisco, o noivo da dona pobreza, o santo da simplicidade, deixou um legado de caridade. Ensinou que é dando que se recebe, pediu ao Senhor que pudesse levar o amor onde o ódio estivesse reinando. Qual é a recompensa de quem faz a caridade? É muito maior do que podemos imaginar" (1).
- Referência:
- (1) ROSSI, Padre Marcelo. "Introdução". In: ---.Ágape. São Paulo: Editora Globo, 2015, 30 reimpressão, p. 26.