Paradigma
De Dicionrio de Potica e Pensamento
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+ | : (1) CASTRO, Manuel Antônio de. "Paradigma e identidade". In: ------. ''Tempos de Metamorfose''. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 1994, p. 188. |
Edição de 01h53min de 10 de Novembro de 2017
1
- A palavra paradigma se forma do grego: pará: de parte de; entre; durante, por causa de, e do verbo deiknymi: mostrar, fazer ver; produzir; fazer conhecer; revelar; pôr sob os olhos de alguém. O paradigma conjuga então duas dimensões: é um fazer ver, conhecer, mostrar, mas enquanto: de parte de, por causa de, num entre. Previamente, algo se dá a ver e a conhecer, e se cria um conhecimento através do qual se desvela ou representa o que se mostra. Sem algo se mostrar não pode ser visto e, portanto, serem criados os paradigmas. Não há paradigma sem o que se dá a ver. E o que se dá a ver é que possibilita ultrapassar e criar novos paradigmas. Quando o paradigma se autonomiza como representação, ele se torna modelo de compreensão da realidade, contrariando a própria dinâmica da realidade em sua verdade, pois tanto mais se dá a ver quanto mais se vela. O que se dá a ver e se vela é, para os gregos, a physis; para nós, a realidade. Para mostrar o que se dá a ver (a realidade, a physis), o ser humano recebe da própria physis duas dimensões que o constituem, circunscrevem e determinam: o conhecimento (nous, em grego) e a linguagem (logos, em grego). O nous é um conhecimento pré-compreensivo, que permite ver o não visto (teoria). E ele pode ser dito porque somos constituídos pelo logos, a linguagem (daí ser próprio do ser-humano formular teo-rias, ou seja, paradigmas).
2
- "A questão é constituída de uma pergunta e de uma resposta, a partir de e sobre a realidade (sem adjetivos). As diferentes respostas – teorias - tornam-se paradigmas da realidade. A questão diz sempre respeito à realidade e o paradigma diz sempre respeito a uma determinada teoria ou visão da realidade como resposta à questão. É deste complexo que surgiram e surgem ainda as correntes críticas. E também surgem as épocas. Cada época é sempre um certo paradigma ou modelo de ler e apreender o acontecer da realidade, ou seja, a realidade enquanto tempo se dá a conhecer e este conhecer se configura numa época, ou seja, num paradigma. Como o acontecer da realidade nunca para, devemos distinguir cada época, enquanto acontecer, do acontecer poético. Este é aquele que, de alguma maneira, participa também de um paradigma, mas vai além dele porque apreende não só o que se manifesta, mas igualmente a realidade em sua dinâmica (acontecer) de velar-se, matriz de novos acontecimentos. A verdadeira obra de arte é aquela que jamais se deixa reduzir a um paradigma. Ela nos remete para o enigma do tempo desdobrando-se em linguagem e sentidod, incessantemente. Heráclito diz isto na sentença 123, quando nos provoca a pensar: "O nascer incessante ama desvelar-se, velando-se" (Physis kryptestai philei ").
3
- "Paradigma é uma palavra múltipla. Talvez mais que múltipla é uma palavra flexível. Para as mais diferentes situações, empregamos tranquilamente a palavra paradigma. Sem suscitar contradições. Ela aceita como sinônimos diversas outras: modelo, sistema, estrutura, cânone. Daí talvez a sua ambiguidade" (1).
- Referência:
- (1) CASTRO, Manuel Antônio de. "Paradigma e identidade". In: ------. Tempos de Metamorfose. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 1994, p. 188.