Problema
De Dicionrio de Potica e Pensamento
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: Tudo muda quando a [[questão]] se torna [[problema]]. Todo [[problema]] é localizado, o que pressupõe também uma [[resposta]] localizada. A [[palavra]] [[problema]] diz exatamente isso: o colocar para diante algo, que se re-solve na [[resposta]]. Um [[problema]] pode ter uma solução, a [[questão]] jamais. Na [[questão]] a [[resposta]] nada mais é, quando é [[resposta]], do que uma maneira de re-colocar a [[questão]]. | : Tudo muda quando a [[questão]] se torna [[problema]]. Todo [[problema]] é localizado, o que pressupõe também uma [[resposta]] localizada. A [[palavra]] [[problema]] diz exatamente isso: o colocar para diante algo, que se re-solve na [[resposta]]. Um [[problema]] pode ter uma solução, a [[questão]] jamais. Na [[questão]] a [[resposta]] nada mais é, quando é [[resposta]], do que uma maneira de re-colocar a [[questão]]. | ||
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+ | : Em verdade, [[pensar]] é deixar-se tomar pela [[questão]]. E as [[respostas]]? São [[respostas]], não são [[solução]]. Para a [[questão]] a [[resposta]] só é [[resposta]] se tiver a [[dimensão]] de recolocar a [[questão]] em novo [[horizonte]]. Por isso vale a pena [[perguntar]] e [[responder]]. [[Tudo]] e [[sempre]] se torna [[diferente]]. A [[resposta]] só se torna uma [[solução]] se a [[pergunta]] é originada numa [[teoria]] ou num [[conceito]]. Falamos então em [[problema]] e [[solução]]. Seja como for, toda [[teoria]] e toda [[solução]] é sempre [[provisória]]. A [[energia]] do [[tempo]] a [[tudo]] transforma, exigindo novas [[teorias]] e novas [[respostas]], no caso, soluções. | ||
: - [[Manuel Antônio de Castro]]. | : - [[Manuel Antônio de Castro]]. | ||
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+ | : (1) CASTRO, Manuel Antônio de.''' “[[Heidegger]] e as [[questões]] da [[arte]]”. In: Manuel Antônio de Castro, (org.). [[Arte]] em [[questão]]: as [[questões]] da [[arte]]. Rio de Janeiro: 7Letras, 2005, p. 37.''' |
Edição atual tal como 19h16min de 2 de Abril de 2025
Tabela de conteúdo |
1
- Na realidade, a questão é sempre a mesma, isto não quer dizer que seja sempre a mesma coisa, pois ela acontece na dialética de pergunta e resposta, de não saber e saber, sempre em aberto, impossível de se fechar, de terminar. Por isso somos históricos.
- Tudo muda quando a questão se torna problema. Todo problema é localizado, o que pressupõe também uma resposta localizada. A palavra problema diz exatamente isso: o colocar para diante algo, que se re-solve na resposta. Um problema pode ter uma solução, a questão jamais. Na questão a resposta nada mais é, quando é resposta, do que uma maneira de re-colocar a questão.
2
- Os problemas são históricos e circunstanciais, além de passíveis de solução. É certo que por essa condição estão também surgindo sempre novos problemas. A realidade histórica produz sempre novos e contínuos problemas. Mas eles podem ser equacionados e resolvidos. Já as questões não são históricas. Elas constituem a história. Por isso mesmo é que o ser humano tem problemas, mas é constituído pelas questões. Não é ele que as tem. São elas que o têm. Isso não quer dizer que as questões são atemporais, pois aí já estaríamos partindo de um conceito de tempo.
3
- Em verdade, pensar é deixar-se tomar pela questão. E as respostas? São respostas, não são solução. Para a questão a resposta só é resposta se tiver a dimensão de recolocar a questão em novo horizonte. Por isso vale a pena perguntar e responder. Tudo e sempre se torna diferente. A resposta só se torna uma solução se a pergunta é originada numa teoria ou num conceito. Falamos então em problema e solução. Seja como for, toda teoria e toda solução é sempre provisória. A energia do tempo a tudo transforma, exigindo novas teorias e novas respostas, no caso, soluções.
4
- "... questão não é problema. O problema se resolve, se acha uma solução para ele. Por isso os problemas aparecem e desaparecem. As questões não, elas nos frequentam permanentemente: são nosso oxigênio" (1).
- Referência: