Explicação

De Dicionrio de Potica e Pensamento

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: No indo-europeu, ''-plic-'' e sua variante ''-plex-'' querem dizer [[dobra]]. Dessa maneira, ''explicar'' traz o [[sentido]] de pôr para fora das dobras, ou seja, de procurar o simples, o ''sine plex'', o sem dobras. Frente a toda simplificação em que muitas vezes foram entendidos os [[mitos]], estes assinalam sempre a ''im-plicação'' do [[ser humano]], ou seja, seu estar [[entre]] e dentro das dobras: o fato de ser e não ser, e o fato de cada [[sendo]] não ser o [[ser]]. Assim ''per-plexo'' por se descobrir no [[caminho]] em direção ao simples, no [[limite]] e não-limite das dobras, o ser humano se alimenta da ''com-plexidade'' de [[vida]] e [[morte]], no entre morte e vida enquanto [[realização]], enquanto [[travessia]]. O simples assinala, portanto, o [[princípio]] em que o ser humano já se descobre e procura se ''ex-plicar'', se desdobrar, se [[compreender]]. Portanto, todo explicar acontece sempre enquanto deixar [[vigorar]] a [[linguagem]], [[horizonte]] em que se dá o sentido de ser. A explicação de uma [[obra]] não se pode prender ao nível apenas dos recursos da [[língua]], pois não há língua sem o vigorar da linguagem, assim como não há [[vivente]] sem a [[vida]].
: - [[Manuel Antônio de Castro]]
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: "A ênfase na [[experiência]] vivida, na diversidade das [[manifestações]] da vida social e cultural, em detrimento das [[abstrações]], resultou na importante distinção metodológica entre ''[[explicação]]'' (''Erklärung'') e ''[[compreensão]]'' (''Verstehen''), que cindiu a [[unidade]] do [[saber]] científico [[entre]], de um lado, as [[ciências]] formais e da [[natureza]] e, de outro, as [[ciências]] do [[espírito]] ou da [[cultura]]" (1).
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: (1) GIACOIA JR., Oswaldo. '''[[Heidegger]] urgente - introdução a um novo [[pensar]]. São Paulo: Três Estrelas, 2013, p. 30.'''

Edição atual tal como 21h47min de 12 de março de 2025

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No indo-europeu, -plic- e sua variante -plex- querem dizer dobra. Dessa maneira, explicar traz o sentido de pôr para fora das dobras, ou seja, de procurar o simples, o sine plex, o sem dobras. Frente a toda simplificação em que muitas vezes foram entendidos os mitos, estes assinalam sempre a im-plicação do ser humano, ou seja, seu estar entre e dentro das dobras: o fato de ser e não ser, e o fato de cada sendo não ser o ser. Assim per-plexo por se descobrir no caminho em direção ao simples, no limite e não-limite das dobras, o ser humano se alimenta da com-plexidade de vida e morte, no entre morte e vida enquanto realização, enquanto travessia. O simples assinala, portanto, o princípio em que o ser humano já se descobre e procura se ex-plicar, se desdobrar, se compreender. Portanto, todo explicar acontece sempre enquanto deixar vigorar a linguagem, horizonte em que se dá o sentido de ser. A explicação de uma obra não se pode prender ao nível apenas dos recursos da língua, pois não há língua sem o vigorar da linguagem, assim como não há vivente sem a vida.


- Manuel Antônio de Castro

2

"A ênfase na experiência vivida, na diversidade das manifestações da vida social e cultural, em detrimento das abstrações, resultou na importante distinção metodológica entre explicação (Erklärung) e compreensão (Verstehen), que cindiu a unidade do saber científico entre, de um lado, as ciências formais e da natureza e, de outro, as ciências do espírito ou da cultura" (1).


Referência:
(1) GIACOIA JR., Oswaldo. Heidegger urgente - introdução a um novo pensar. São Paulo: Três Estrelas, 2013, p. 30.
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