Inautenticidade
De Dicionrio de Potica e Pensamento
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: [[Evidente]] que o [[ser humano]] como [[ser humano]] não tem esse [[poder]]. É, no fundo, a [[radicalização]] do [[racionalismo]]. O [[ser]] que somos nos foi [[doado]]. Porém, a [[realização]] deste [[ser]] que nos foi [[doado]] exige uma [[caminhada]] de [[apropriação]], pois todas as nossas [[escolhas]] são regidas pela [[lei]] do que nos é [[próprio]] ou como diziam os [[gregos]]: por nossa [[Moira]]. E ninguém pode fugir à sua [[Moira]]. | : [[Evidente]] que o [[ser humano]] como [[ser humano]] não tem esse [[poder]]. É, no fundo, a [[radicalização]] do [[racionalismo]]. O [[ser]] que somos nos foi [[doado]]. Porém, a [[realização]] deste [[ser]] que nos foi [[doado]] exige uma [[caminhada]] de [[apropriação]], pois todas as nossas [[escolhas]] são regidas pela [[lei]] do que nos é [[próprio]] ou como diziam os [[gregos]]: por nossa [[Moira]]. E ninguém pode fugir à sua [[Moira]]. | ||
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Edição de 20h15min de 25 de janeiro de 2025
1
- "Por causa da penosidade da autenticidade (Ver, este verbete), muitos procuram fugir a esta responsabilidade, deixam de ter “cuidado” de si mesmo e “solicitude” pelos outros. E a forma desta fuga se dá justamente dentro do esquema do ser-com-outro, mas agora decadente, a saber, na forma de perder-se na massa, deixar de ser propriamente alguém para tornar-se um “se” impessoal: “diz-se”, “pensa-se”, “vive-se”, situação esta em que o homem, por assim dizer, não vive, mas “é vivido” pela sua situação, sem personalidade nenhuma. Esta forma é a típica forma de mediocridade na vida, de nivelamento de todas as possibilidades humanas, de viver não mais como um “ipse” (próprio) responsável, mas como sujeito aos outros, sem opiniões próprias nem planos pessoais. A inautenticidade é a submersão na massa. E tal inautenticidade é tanto mais tentadora porque nos faz esquecer do “cuidado” que devemos ter de nós como “Dasein” e da “solicitude” que devemos ter como ser-com-outro" (1).
- Referência:
- (1) HUMMES, Frei Cláudio, ofm, hoje Cardeal. "Heidegger". ----. In: História da filosofia. Curso proferido em 1963, em Daltro Filho, hoje cidade de Imigrantes, RS.
2
- "Ora, o homem concreto, eu concretamente existente, não posso ser reduzido a uma definição essencial fixa de uma vez para sempre, diz o existencialismo. E isto precisamente porque o próprio do homem é o escolher. E não se trata de um escolher considerado abstratamente ou como não afetando o meu ser, mas um escolher em toda a sua concretude, em que eu mesmo “entro em jogo, numa tensão existencial entre um ou outro caminho que posso escolher. Por isto nunca se dá um escolher neutro, mas sempre toda escolha significa um escolher-se a si mesmo. Existir, para o homem, significa escolher continuamente ou sua autenticidade ou sua inautenticidade. E é neste sentido que nós, segundo a escolha que fazemos, segundo o modo como nos escolhemos e nos realizamos pela escolha, nos damos a essência: eu sou apenas aquilo que escolho ser. É este o significado fundamental do dito existencialista: “a existência precede a essência”, terminando assim com toda a teoria de um valor filosófico atribuído às essências possíveis, mas ainda não existentes, teoria tipicamente racionalista" (1).
- Evidente que o ser humano como ser humano não tem esse poder. É, no fundo, a radicalização do racionalismo. O ser que somos nos foi doado. Porém, a realização deste ser que nos foi doado exige uma caminhada de apropriação, pois todas as nossas escolhas são regidas pela lei do que nos é próprio ou como diziam os gregos: por nossa Moira. E ninguém pode fugir à sua Moira.
- Referência:
- (1) HUMMES, o.f.m. Frei Cláudio. Metafísica. Mimeo. Daltro Filho / Imigrantes, RS, 1963. Depois passou por uma ordenação Episcopal e posteriormente foi nomeado Cardeal.