Poema

De Dicionrio de Potica e Pensamento

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:“Um poema não quer [[dizer]], ele diz. E esse dizer não é um ‘[[fazer]] como’, uma indicação de um [[caminho]] a seguir, mas é o próprio caminhar. Ler um poema é se abrir ao indizível, por isso, como podemos dizer que um poema retrata, caracteriza ou luta por algo?
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: "O que um [[poema]] comunica não é primeiro da ordem de um conteúdo de [[pensamento]], ele faz ouvir primeiro uma [[voz]] que é portadora de uma tonalidade afetiva" (1).
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O impacto de um poema não se restringe apenas à explosão [[subjetividade|subjetiva]] das sensações, isto é, o poema não está a serviço da sensibilidade, do sensório. Mais do que isso, ele nos convoca a adentrarmos naquilo que não conhecemos sobre nosso [[próprio]]; um caminho de [[procura]] cuja busca se dá na peregrinação do que estamos sendo, portanto, um ato contínuo de desencobrimento.
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Um poema é uma [[abertura]], então devemos lê-lo sem querer [[resposta|respostas]], mas de maneira questionante. Devemos ser com o poema” (1).
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:(1) PESSANHA, Fábio Santana. ''A hermenêutica do mar – Um estudo sobre a poética de Virgílio de Lemos''. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 2013, p. 44.
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: (1) HAAR, Michel.''' "A 'elaboração' da [[verdade]]". In: -----. A [[obra]] de [[arte]]. Trad. Maria Helena Kühner. Rio de Janeiro: Difel, 2.000, p. 95.'''
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: “Todo [[poema]] é [[poema]] de uma [[sonoridade]] e de uma [[temporalidade]] de [[presenças]] e [[ausências]]. Todo [[poema]] engendra [[fazer]] já que é uma [[afirmação]] de seu [[próprio]], de sua [[temporalidade]] e de sua [[espacialidade]]. Todo [[poema]] é [[lugar]]. Todo [[poema]] é [[lugar]] de onde nunca podemos simplesmente sair. O [[próprio]] é o componente de todo [[poema]], de toda [[ação]] e de toda [[poética]]. Nenhum [[poema]] não tem [[próprio]]. Todo [[poema]] é [[próprio]]! É por sua propriedade que ele nos chega mesmo quando não o entendemos muito bem" (1).
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:“Em um poema não há [[lógica]], só é necessário que nos entreguemos para nos tornarmos [[corpo]] com o poema. Não sabemos seu modo de realização, pois apenas nos entregamos para que, com eles, nos realizemos de maneira surpreendente. Eis aí o [[espanto]] do operar [[poético]]: um [[mar]] se dando na multiperspectividade de nuances, em que não é possível identificar um porto seguro” (1).
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: (1) JARDIM, Antônio.''' "[[Permanência]] e atualidade da [[Poética]]". In: Tempo Brasileiro, 171, out.-dez., 2007, p. 5.'''
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: O eu-lírico é um [[conceito]] abstrato-formal inexistente, a que nenhuma [[realidade]] corresponde. Quando num [[poema]] fala um [[eu]], se o [[poema]] é [[verdadeiro]], este será sempre fala da [[poesia]]. Jamais será fala do [[poeta]] ou um formal e abstrato eu-lírico. É o eu-concreto da [[poesia]] manifestando-se no [[poeta]] e nos [[leitores]] que verdadeiramente têm o [[poema]] da [[poesia]]. O [[poeta]] ou o [[leitor]] fala, mas quem diz é a [[poesia]]. Um [[poema]] é verdadeiro quando é esse [[dizer]] [[concreto]] da [[poesia]].
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:(1) PESSANHA, Fábio Santana. ''A hermenêutica do mar – Um estudo sobre a poética de Virgílio de Lemos''. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 2013, p. 51.
 
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: - [[Manuel Antônio de Castro]]
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: '''Ver também:'''
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:'''* [[Bardo]]'''
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:'''* [[Aedo]]'''
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: "O [[poema]] é uma das maneiras como a [[poesia]] se manifesta, como também é a [[música]], a arquitetura e a [[culinária]]" (1).
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: (1) MÁRCIO-ANDRÉ.''' "[[Ser]] topônimo de si mesmo". In: Revista Tempo Brasileiro, 201/202 - [[Globalização]], [[pensamento]] e [[arte]]. Rio de Janeiro, abr.-set., 2015, p. 179.'''
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: " ... um [[poema]] no papel depende de um [[leitor]] aberto à [[poesia]] que possa “extrair” dele. Sem esta [[abertura]], esta “preparação”, o [[poema]] é apenas um [[texto]] no papel. O [[poder]] [[poético]] guardado nas [[coisas]] e no [[poema]] necessita [[ser]] aberto com chave ou punho. Não está pronto simplesmente, exige uma intervenção [[corporal]]" (1).
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: (1) MÁRCIO-ANDRÉ.''' "[[Ser]] topônimo de si mesmo". In: Revista Tempo Brasileiro, 201/202 - [[Globalização]], [[pensamento]] e [[arte]]. Rio de Janeiro, abr.-set., 2015, p. 179.'''
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: “Um [[poema]] não quer [[dizer]], ele diz. E esse [[dizer]] não é um ‘[[fazer]] como’, uma indicação de um [[caminho]] a seguir, mas é o próprio [[caminhar]]. [[Ler]] um [[poema]] é se abrir ao indizível, por isso, como podemos dizer que um [[poema]] retrata, caracteriza ou luta por algo?
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: O impacto de um [[poema]] não se restringe apenas à explosão [[subjetividade|subjetiva]] das sensações, isto é, o [[poema]] não está a serviço da sensibilidade, do sensório. Mais do que isso, ele nos convoca a adentrarmos naquilo que não conhecemos sobre nosso [[próprio]]; um [[caminho]] de [[procura]] cuja busca se dá na peregrinação do que estamos sendo, portanto, um ato contínuo de desencobrimento.
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: Um [[poema]] é uma [[abertura]], então devemos lê-lo sem querer [[resposta|respostas]], mas de maneira questionante. Devemos [[ser]] com o [[poema]] (1).
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: (1) PESSANHA, Fábio Santana. '''A [[hermenêutica]] do [[mar]] – Um [[estudo]] sobre a [[poética]] de Virgílio de Lemos. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 2013, p. 44.'''
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: '''Ver também:'''
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: '''*[[Poesia]]'''

Edição atual tal como 20h23min de 13 de janeiro de 2025

1

"O que um poema comunica não é primeiro da ordem de um conteúdo de pensamento, ele faz ouvir primeiro uma voz que é portadora de uma tonalidade afetiva" (1).


Referência:
(1) HAAR, Michel. "A 'elaboração' da verdade". In: -----. A obra de arte. Trad. Maria Helena Kühner. Rio de Janeiro: Difel, 2.000, p. 95.

2

“Todo poema é poema de uma sonoridade e de uma temporalidade de presenças e ausências. Todo poema engendra fazer já que é uma afirmação de seu próprio, de sua temporalidade e de sua espacialidade. Todo poema é lugar. Todo poema é lugar de onde nunca podemos simplesmente sair. O próprio é o componente de todo poema, de toda ação e de toda poética. Nenhum poema não tem próprio. Todo poema é próprio! É por sua propriedade que ele nos chega mesmo quando não o entendemos muito bem" (1).


Referência:
(1) JARDIM, Antônio. "Permanência e atualidade da Poética". In: Tempo Brasileiro, 171, out.-dez., 2007, p. 5.

3

O eu-lírico é um conceito abstrato-formal inexistente, a que nenhuma realidade corresponde. Quando num poema fala um eu, se o poema é verdadeiro, este será sempre fala da poesia. Jamais será fala do poeta ou um formal e abstrato eu-lírico. É o eu-concreto da poesia manifestando-se no poeta e nos leitores que verdadeiramente têm o poema da poesia. O poeta ou o leitor fala, mas quem diz é a poesia. Um poema é verdadeiro quando é esse dizer concreto da poesia.


- Manuel Antônio de Castro


Ver também:
* Bardo
* Aedo

4

"O poema é uma das maneiras como a poesia se manifesta, como também é a música, a arquitetura e a culinária" (1).


Referência:
(1) MÁRCIO-ANDRÉ. "Ser topônimo de si mesmo". In: Revista Tempo Brasileiro, 201/202 - Globalização, pensamento e arte. Rio de Janeiro, abr.-set., 2015, p. 179.

5

" ... um poema no papel depende de um leitor aberto à poesia que possa “extrair” dele. Sem esta abertura, esta “preparação”, o poema é apenas um texto no papel. O poder poético guardado nas coisas e no poema necessita ser aberto com chave ou punho. Não está pronto simplesmente, exige uma intervenção corporal" (1).


Referência:
(1) MÁRCIO-ANDRÉ. "Ser topônimo de si mesmo". In: Revista Tempo Brasileiro, 201/202 - Globalização, pensamento e arte. Rio de Janeiro, abr.-set., 2015, p. 179.

6

“Um poema não quer dizer, ele diz. E esse dizer não é um ‘fazer como’, uma indicação de um caminho a seguir, mas é o próprio caminhar. Ler um poema é se abrir ao indizível, por isso, como podemos dizer que um poema retrata, caracteriza ou luta por algo?
O impacto de um poema não se restringe apenas à explosão subjetiva das sensações, isto é, o poema não está a serviço da sensibilidade, do sensório. Mais do que isso, ele nos convoca a adentrarmos naquilo que não conhecemos sobre nosso próprio; um caminho de procura cuja busca se dá na peregrinação do que estamos sendo, portanto, um ato contínuo de desencobrimento.
Um poema é uma abertura, então devemos lê-lo sem querer respostas, mas de maneira questionante. Devemos ser com o poema (1).


Referência:
(1) PESSANHA, Fábio Santana. A hermenêutica do mar – Um estudo sobre a poética de Virgílio de Lemos. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 2013, p. 44.
Ver também:
*Poesia
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