Habitação

De Dicionrio de Potica e Pensamento

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:"A habitação não é um [[objeto]], uma máquina para [[habitar]]; é o Universo que o homem construiu para si imitando a Criação exemplar dos deuses, a cosmogonia" (1). Há aqui dois [[aspecto|aspectos]]: o primeiro é o [[sentido]] de todo habitar; o segundo é o lugar do homem também como criador, numa semelhança com o criar cosmogônico dos deuses: é o lugar misterioso do [[homem]] e sua [[ação]], reduzido a um imitar. Porém, essa visão epistemológica perde o próprio da [[essência]] do habitar, porque separa o habitar e criar dos deuses do habitar e criar humano. Não há nem pode haver essa separação. Em sentido próprio, o ser humano não cria, apenas manifesta a realidade que já lhe foi dada pelo [[sagrado]]. Desse modo, habitar é ser [[linguagem]] na medida da [[escuta]] da voz do sagrado. Por isso, habitar é ser linguagem sendo [[mundo]], sendo [[memória]], [[sendo]] [[tempo]], simplesmente sendo. Nosso destino é ser habitante da terra e do céu: do universo.  
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: "A [[habitação]] não é um [[objeto]], uma máquina para [[habitar]]; é o [[Universo]] que o [[homem]] construiu para si imitando a [[Criação]] exemplar dos [[deuses]], a [[cosmogonia]]" (1).  
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: Há aqui dois [[aspecto|aspectos]]: o primeiro é o [[sentido]] de todo [[habitar]]; o segundo é o [[lugar]] do [[homem]] também como [[criador]], numa semelhança com o [[criar]] [[cosmogônico]] dos [[deuses]]: é o [[lugar]] [[misterioso]] do [[homem]] e sua [[ação]], reduzido a um [[imitar]]. Porém, essa [[visão]] [[epistemológica]] perde o [[próprio]] da [[essência]] do [[habitar]], porque separa o [[habitar]] e [[criar]] dos [[deuses]] do [[habitar]] e [[criar]] [[humano. Não há nem pode haver essa separação. Em [[sentido]] [[próprio]], o [[ser humano]] não cria, apenas manifesta a [[realidade]] que já lhe foi dada pelo [[sagrado]]. Desse modo, [[habitar]] é [[ser]] [[linguagem]] na medida da [[escuta]] da [[voz]] do [[sagrado]]. Por isso, [[habitar]] é [[ser]] [[linguagem]] sendo [[mundo]], sendo [[memória]], [[sendo]] [[tempo]], simplesmente [[sendo]]. Nosso [[destino]] é [[ser]] habitante da [[terra]] e do [[céu]]: do [[universo]].
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:(1) ELIADE, Mircea. ''O sagrado e o profano''. São Paulo: Martins Fontes, 2001, p. 54.
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: (1) ELIADE, Mircea. '''O sagrado e o profano'''. São Paulo: Martins Fontes, 2001, p. 54.
: * Ver [[Casa]].
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Edição de 02h38min de 3 de Julho de 2021

1

"A habitação não é um objeto, uma máquina para habitar; é o Universo que o homem construiu para si imitando a Criação exemplar dos deuses, a cosmogonia" (1).
Há aqui dois aspectos: o primeiro é o sentido de todo habitar; o segundo é o lugar do homem também como criador, numa semelhança com o criar cosmogônico dos deuses: é o lugar misterioso do homem e sua ação, reduzido a um imitar. Porém, essa visão epistemológica perde o próprio da essência do habitar, porque separa o habitar e criar dos deuses do habitar e criar [[humano. Não há nem pode haver essa separação. Em sentido próprio, o ser humano não cria, apenas manifesta a realidade que já lhe foi dada pelo sagrado. Desse modo, habitar é ser linguagem na medida da escuta da voz do sagrado. Por isso, habitar é ser linguagem sendo mundo, sendo memória, sendo tempo, simplesmente sendo. Nosso destino é ser habitante da terra e do céu: do universo.


- Manuel Antônio de Castro


Referência:
(1) ELIADE, Mircea. O sagrado e o profano. São Paulo: Martins Fontes, 2001, p. 54.


* Ver Casa.
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