Exegese

De Dicionrio de Potica e Pensamento

(Diferença entre revisões)
(2)
(3)
Linha 15: Linha 15:
== 3 ==
== 3 ==
: "Cedo os [[textos]] [[religiosos]] tiveram que se defrontar com as cultíssimas e profundas [[obras]] [[filosóficas]] na [[compreensão]] da [[realidade]] e da própria [[essência]] do [[humano]], ou seja, da [[verdade]]. Então os [[comentários]] de todas essas [[obras]] exigiram uma outra [[dimensão]]: a [[exegese]]. Note-se que agora não se tratava apenas de levar aos [[leitores]] os [[conhecimentos]] para a [[compreensão]] das [[obras]]. Uma outra [[dimensão]] se tornou mais importante: Qual era a [[verdade]] de que as [[obras]] eram depositárias, isto é, que [[fundavam]], que ensinavam?" (1)
: "Cedo os [[textos]] [[religiosos]] tiveram que se defrontar com as cultíssimas e profundas [[obras]] [[filosóficas]] na [[compreensão]] da [[realidade]] e da própria [[essência]] do [[humano]], ou seja, da [[verdade]]. Então os [[comentários]] de todas essas [[obras]] exigiram uma outra [[dimensão]]: a [[exegese]]. Note-se que agora não se tratava apenas de levar aos [[leitores]] os [[conhecimentos]] para a [[compreensão]] das [[obras]]. Uma outra [[dimensão]] se tornou mais importante: Qual era a [[verdade]] de que as [[obras]] eram depositárias, isto é, que [[fundavam]], que ensinavam?" (1)
 +
 +
 +
: Referência:
 +
 +
: (1) CASTRO, Manuel Antônio de. "Leitura e Crítica". In: ---------. ''Leitura: questões''. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 2015, p. 124.
 +
 +
== 4 ==
 +
: "Para compatibilizar o que as [[obras]] [[mítico]]-[[poéticas]] ensinavam com essas [[verdades]] [[religiosas]], eliminando qualquer [[discordância]] [[entre]] as [[obras]] [[religiosas]], as [[filosóficas]] e as [[mítico]]-[[poéticas]], dividiu-se a [[exegese]] em duas partes. As obras [[filosóficas]] se tornaram o suporte [[teórico]] para as [[exegeses]] [[teológicas]]. Estas procuravam mostrar que as [[obras]] [[religiosas]] não eram simples [[obras]] escritas por [[mortais]], mas era a [[própria]] [[palavra divina]], era a sua [[revelação]], a sua [[verdade]], que se tornava a [[verdade]] da [[realidade]], dos [[homens]], da [[vida]]. Então estas [[obras]] eram interpretadas através da [[exegese]] [[teológica]], onde se estabelecia o que [[Deus]] revelava enquanto [[verdade]] em tais [[obras]]. Era uma [[exegese]] [[filosófico]]-[[teológica]]" (1).

Edição de 22h12min de 29 de Outubro de 2020

Tabela de conteúdo

1

"A relação leitor / texto exige a intervenção explícita de uma interpretação, mas ainda uma interpretação relativa ao texto, em sua organização e produção histórico-textual. Porém, havia uma outra dimensão que fazia comparecer a interpretação, não porque o texto não fosse legível , mas porque o seu significado era misterioso. É aí que se faz presente o mito de Hermes, como o que medeia a linguagem dos deuses para a língua dos mortais. Neste caso, a hermenêutica, embora ainda só se atenha ao texto, já articula uma realidade transcendente e outra imanente. Parte-se do domínio gramatical para o correto encaminhamento do sentido figurativo ou alegórico. À correta interpretação do que está expresso simbolicamente, à manifestação dessa outra realidade do texto deu-se o nome de exegese. Esta metodologia é sobretudo desenvolvida pelo cristianismo, diante dos textos sagrados reunidos na Bíblia, considerados a Palavra de Deus" (1).


Referência:
(1) CASTRO, Manuel Antônio de. "A questão hermenêutica". In: -------. Tempos de Metamorfose. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 1994, p. 18.

2

Toda leitura já é, essencialmente uma interpretação, pois a essência do ser humano exige sempre que em toda situação pratique uma interpretação, seja ela qual for. Toda opinião já é também uma interpretação, consciente ou não, todo diálogo se funda em diferentes interpretações. Mas o importante a reter e compreender é que nem toda interpretação já se torne, por isso mesmo, uma exegese. Não. Esta é uma interpretação específica. Ela diz respeito a textos sagrados. Há aí uma questão teológica, específica para o cristianismo. Quando este irrompeu há 21 séculos, já encontrou diversas outras religiões com seus deuses e seus ritos e textos sagrados. Porém, o deus Cristão se proclamava o deus único verdadeiro, perante o qual os outros deuses seriam falsos. Mas ao desenvolverem a doutrina cristã, para se defenderem de outas doutrinas e até de outras interpretações dos mesmos textos cristãos (daí surgiram sempre os hereges), os teólogos e filósofos cristãos se serviram, sobretudo da filosofia grega. Porém, muitas destas ideias provinham das ideias expressas pelos deuses mitológicos, isto é, dos mitos, de onde partiram dos ensinamentos e desenvolvimentos filosóficos gregos. É verdade, não todos os filósofos, mas a maioria, pois a filosofia também se desenvolveu em virtude dos pensadores originários. Os quais de alguma maneira tinham como horizontes questões mitológicas. Ou seja, a filosofia tinha como fundo os mitos e suas questões. Diante disso, os filósofos e teólogos cristãos se viram diante de um impasse: se negavam os deuses dos mitos como se utilizavam das ideias neles expressas. Foi então que surgiu a exegese (também e muito em virtude das heresias): a interpretação simbólica e alegórica de tais verdades míticas. Isto mascarou seus procedimentos e faz surgir uma outra questão: O que é o símbolo? O que é a Alegoria? Ver estas palavras.


- Manuel Antônio de Castro

3

"Cedo os textos religiosos tiveram que se defrontar com as cultíssimas e profundas obras filosóficas na compreensão da realidade e da própria essência do humano, ou seja, da verdade. Então os comentários de todas essas obras exigiram uma outra dimensão: a exegese. Note-se que agora não se tratava apenas de levar aos leitores os conhecimentos para a compreensão das obras. Uma outra dimensão se tornou mais importante: Qual era a verdade de que as obras eram depositárias, isto é, que fundavam, que ensinavam?" (1)


Referência:
(1) CASTRO, Manuel Antônio de. "Leitura e Crítica". In: ---------. Leitura: questões. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 2015, p. 124.

4

"Para compatibilizar o que as obras mítico-poéticas ensinavam com essas verdades religiosas, eliminando qualquer discordância entre as obras religiosas, as filosóficas e as mítico-poéticas, dividiu-se a exegese em duas partes. As obras filosóficas se tornaram o suporte teórico para as exegeses teológicas. Estas procuravam mostrar que as obras religiosas não eram simples obras escritas por mortais, mas era a própria palavra divina, era a sua revelação, a sua verdade, que se tornava a verdade da realidade, dos homens, da vida. Então estas obras eram interpretadas através da exegese teológica, onde se estabelecia o que Deus revelava enquanto verdade em tais obras. Era uma exegese filosófico-teológica" (1).


Referência:
(1) CASTRO, Manuel Antônio de. "Leitura e Crítica". In: ---------. Leitura: questões. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 2015, p. 124.
Ferramentas pessoais