Formação
De Dicionrio de Potica e Pensamento
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- | :Heidegger ao tratar do [[sentido]] da ciência remete para a questão da formação. Isto é importante para se pensar o homem moderno como o homem crítico, como um ser crítico ([[ente]]). Porém, o que é crítico? Ele se funda no diferenciar. Heidegger vai constatar que um tal homem só é aceitável na medida em que se dimensiona pelo que é digno de ser pensado. "Pensar o sentido tem outra essência do que a consciência e o conhecimento da ciência. Também é de outra essência do que a formação. A palavra ''bilden'', formar-se, significa, por um lado, propor e prescrever um modelo. Por outro, desenvolver e transformar disposições previamente dadas. A formação apresenta ao homem um modelo para servir de [[parâmetro]] à sua ação e omissão. Toda formação necessita de um [[paradigma]] previamente estabelecido e de uma posição orientada em todas as direções. Ora, estabelecer um ideal comum de formação e garantir-lhe o domínio pressupõe uma situação inquestionável e estável em todos os sentidos. Esta pressuposição, por usa vez, há de se fundar por uma fé no poder irresistível de uma razão imutável e seus princípios" (1). O pensamento do sentido pode ser também visto como [[medida]], no ensaio "... poeticamente o homem habita..." (2). | + | : Heidegger ao tratar do [[sentido]] da ciência remete para a questão da formação. Isto é importante para se pensar o homem moderno como o homem crítico, como um ser crítico ([[ente]]). Porém, o que é crítico? Ele se funda no diferenciar. Heidegger vai constatar que um tal homem só é aceitável na medida em que se dimensiona pelo que é digno de ser pensado. "Pensar o sentido tem outra essência do que a consciência e o conhecimento da ciência. Também é de outra essência do que a formação. A palavra ''bilden'', formar-se, significa, por um lado, propor e prescrever um modelo. Por outro, desenvolver e transformar disposições previamente dadas. A formação apresenta ao homem um modelo para servir de [[parâmetro]] à sua ação e omissão. Toda formação necessita de um [[paradigma]] previamente estabelecido e de uma posição orientada em todas as direções. Ora, estabelecer um ideal comum de formação e garantir-lhe o domínio pressupõe uma situação inquestionável e estável em todos os sentidos. Esta pressuposição, por usa vez, há de se fundar por uma fé no poder irresistível de uma razão imutável e seus princípios" (1). O pensamento do sentido pode ser também visto como [[medida]], no ensaio "... poeticamente o homem habita..." (2). |
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+ | :(2) HEIDEGGER, Martin. "... poeticamente o homem habita...". In: ''Ensaios e conferências''. Petrópolis: Vozes, 2002, pp. 165-82. | ||
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- | : | + | : (1) CASTRO, Manuel Antônio de. "Fundar e fundamentar". In: ------. ''Arte: o humano e o destino''. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 2011, p. 101. |
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- | + | : "Uma [[reflexão]] mínima nos mostra que [[pensar]] a [[formação]] [[integral]] do [[ser humano]] se faz dentro de algumas [[questões]] básicas, decorrentes da [[essência]] do [[humano]], interligadas entre si. Claro que a [[escolha]] destas [[questões]] é problemática. No entanto, pensando o [[ser humano]] sem [[sistemas]] logo nos são colocadas as [[questões]] que não podem ser omitidas" (1). | |
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- | : | + | : (1) : CASTRO, Manuel Antônio de. “O mito de Midas da morte ou do ser feliz”. In: ------. ‘’Arte: o humano e o destino’’. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 2011, p. 186. |
Edição atual tal como 20h32min de 6 de Setembro de 2020
1
- O projeto de construção da realidade e do homem tem na questão da formação um tema central. No final do ensaio "Ciência e pensamento do sentido" (1), Martin Heidegger constata os limites do sistema em correlação com a própria essência do conhecimento científico. A questão da formação é também referida em Stuart Hall (2), ligando-a ao feminismo. Ele trabalha, no entanto, com um conceito de identidade epistemológico e não ontológico. Por isso, não pensa a identidade/diferença tendo como fundo a essência da verdade/liberdade, já que não questiona a essência do conhecimento.
- Referências:
- (1) HEIDEGGER, Martin. "Ciência e pensamento do sentido". In: Ensaios e conferências. Petrópolis: Vozes, 2002.
- (2) HALL, Stuart. A identidade cultural na pós-modernidade. Rio: DP&A, 2003, pp. 45-6.
2
- Para falar de construção do humano como formação é necessário abordar as seguiintes questões: a) o éthos; b) a felicidade; c) a Cura; d) a poíesis; e) a diferença entre saber e sabedoria; f) a relação do vigor do poético e da essência do agir.
3
- Heidegger ao tratar do sentido da ciência remete para a questão da formação. Isto é importante para se pensar o homem moderno como o homem crítico, como um ser crítico (ente). Porém, o que é crítico? Ele se funda no diferenciar. Heidegger vai constatar que um tal homem só é aceitável na medida em que se dimensiona pelo que é digno de ser pensado. "Pensar o sentido tem outra essência do que a consciência e o conhecimento da ciência. Também é de outra essência do que a formação. A palavra bilden, formar-se, significa, por um lado, propor e prescrever um modelo. Por outro, desenvolver e transformar disposições previamente dadas. A formação apresenta ao homem um modelo para servir de parâmetro à sua ação e omissão. Toda formação necessita de um paradigma previamente estabelecido e de uma posição orientada em todas as direções. Ora, estabelecer um ideal comum de formação e garantir-lhe o domínio pressupõe uma situação inquestionável e estável em todos os sentidos. Esta pressuposição, por usa vez, há de se fundar por uma fé no poder irresistível de uma razão imutável e seus princípios" (1). O pensamento do sentido pode ser também visto como medida, no ensaio "... poeticamente o homem habita..." (2).
- Referências:
- (1) HEIDEGGER, Martin. "Ciência e pensamento do sentido". In: Ensaios e conferências. Petrópolis: Vozes, 2002, p. 58
- (2) HEIDEGGER, Martin. "... poeticamente o homem habita...". In: Ensaios e conferências. Petrópolis: Vozes, 2002, pp. 165-82.
4
- "Acontece realmente um aprender, quando a compreensão do que se tem, for e vier a ser sempre um dar-se a si mesmo sua própria identidade. Neste movimento radical, ensinar passa sempre de simples informação e explicação para vir a ser formação e criação. Formar é deixar o outro aprender, integrando no que ele é, os limites do que ele não é" (1).
- Referência:
- (1) LEÃO, Emmanuel Carneiro. "Aprender e ensinar". In: ------. Aprendendo a pensar. Petrópolis/RJ: Vozes, 1977, p. 49.
- Ver também:
5
- "Por formação completa entendamos então: uma educação em que o sentido da realidade e do ser humano sejam tão importantes quanto qualquer educação técnico-funcional" (1).
- Referência:
- (1) CASTRO, Manuel Antônio de. "Fundar e fundamentar". In: ------. Arte: o humano e o destino. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 2011, p. 101.
6
- "Uma reflexão mínima nos mostra que pensar a formação integral do ser humano se faz dentro de algumas questões básicas, decorrentes da essência do humano, interligadas entre si. Claro que a escolha destas questões é problemática. No entanto, pensando o ser humano sem sistemas logo nos são colocadas as questões que não podem ser omitidas" (1).
- Referência:
- (1) : CASTRO, Manuel Antônio de. “O mito de Midas da morte ou do ser feliz”. In: ------. ‘’Arte: o humano e o destino’’. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 2011, p. 186.