Romance

De Dicionrio de Potica e Pensamento

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:"O espírito do romance é o [[espírito]] de complexidade. Cada romance diz ao leitor: 'As coisas são mais complicadas do que você pensa'. Esta é a eterna [[verdade]] do romance que, entretanto, é ouvida cada vez menos no alarido das respostas simples e rápidas que precedem a [[questão]] e a excluem. Para o espírito de nosso tempo, é ou Ana ou então Karenina que tem razão, e a velha [[sabedoria]] de Cervantes que nos fala da dificuldade de saber e da intangível verdade que parece embaraçosa e inútil" (1).
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: "O [[espírito]] do [[romance]] é o [[espírito]] de complexidade. Cada [[romance]] diz ao [[leitor]]: 'As [[coisas]] são mais complicadas do que você pensa'. Esta é a [[eterna]] [[verdade]] do [[romance]] que, entretanto, é ouvida cada vez menos no alarido das [[respostas]] [[simples]] e rápidas que precedem a [[questão]] e a excluem. Para o [[espírito]] de nosso [[tempo]], é ou Ana ou então Karenina que tem [[razão]], e a velha [[sabedoria]] de Cervantes que nos fala da dificuldade de [[saber]] e da intangível [[verdade]] que parece embaraçosa e [[inútil]]" (1).
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:(1) KUNDERA, Milan. ''A arte do romance''. São Paulo: Companhia das Letras, 1988, p.21.
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: (1) KUNDERA, Milan. '''A arte do romance'''. São Paulo: Companhia das Letras, 1988, p. 21.
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: "O [[espírito]] do [[romance]] [[é]] o [[espírito]] de continuidade: cada [[obra]] é a [[resposta]] às [[obras]] precedentes, cada [[obra]] contém toda a [[experiência]] anterior do [[romance]]. Entretanto, o [[espírito]] de nosso [[tempo]] está fixado sobre a [[atualidade]] que é tão expansiva, tão ampla, que repele o [[passado]] e nosso [[horizonte]] e reduz o [[tempo]] ao único segundo [[presente]]. Incluído neste [[sistema]], o [[romance]] não é mais '''obra''' ([[coisa]] [[destinada]] a [[durar]], a [[unir]] o [[passado]] ao [[futuro]]), mas [[acontecimento]] da [[atualidade]] como outros [[acontecimento|acontecimentos]], um gesto sem amanhã" (1).
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:"O espírito do romance é o espírito de continuidade: cada [[obra]] é a resposta às obras precedentes, cada obra contém toda a [[experiência]] anterior do romance. Entretanto, o espírito de nosso tempo está fixado sobre a atualidade que é tão expansiva, tão ampla ,que repele o passado e nosso [[horizonte]] e reduz o [[tempo]] ao único segundo presente. Incluído neste [[sistema]], o romance não é mais ''obra'' (coisa destinada a durar, a unir o passado ao futuro) mas acontecimento da atualidade como outros [[acontecimentos]], um gesto sem amanhã" (1).
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: (1) KUNDERA, Milan. '''A arte do romance'''. São Paulo: Companhia das Letras, 1988, p. 22.
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: "Se eu acordasse um dia e descobrisse que tinha me transformado numa imensa barata, o que aconteceria comigo?"
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: Por trás de todo grande [[romance]] está um [[autor]] cujo maior prazer consiste em [[entrar]] em outra [[forma]] de dar-lhe [[vida]] - um [[autor]] cujo impulso mais forte e criativo é pôr à prova os [[limites]] da sua [[identidade]]" (1).
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: (1) PAMUK, Orhan. '''A maleta de meu pai'''. São Paulo: Companhia das Letras, 2007, p. 46.
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: "A [[história]] do [[romance]] é a [[história]] da [[libertação]] [[humana]]: ao nos colocarmos no [[lugar]] do outro, usando a [[imaginação]] para nos desprender da nossa [[identidade]] [[própria]], podemos conquistar a [[liberdade]]" (1).
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:(1) KUNDERA, Milan. ''A arte do romance''. São Paulo: Companhia das Letras, 1988, p. 22.
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: (1) PAMUK, Orhan. '''A maleta de meu pai'''. São Paulo: Companhia das Letras, 2007, p. 48.

Edição atual tal como 03h02min de 14 de Outubro de 2022

1

"O espírito do romance é o espírito de complexidade. Cada romance diz ao leitor: 'As coisas são mais complicadas do que você pensa'. Esta é a eterna verdade do romance que, entretanto, é ouvida cada vez menos no alarido das respostas simples e rápidas que precedem a questão e a excluem. Para o espírito de nosso tempo, é ou Ana ou então Karenina que tem razão, e a velha sabedoria de Cervantes que nos fala da dificuldade de saber e da intangível verdade que parece embaraçosa e inútil" (1).


Referência:
(1) KUNDERA, Milan. A arte do romance. São Paulo: Companhia das Letras, 1988, p. 21.

2

"O espírito do romance é o espírito de continuidade: cada obra é a resposta às obras precedentes, cada obra contém toda a experiência anterior do romance. Entretanto, o espírito de nosso tempo está fixado sobre a atualidade que é tão expansiva, tão ampla, que repele o passado e nosso horizonte e reduz o tempo ao único segundo presente. Incluído neste sistema, o romance não é mais obra (coisa destinada a durar, a unir o passado ao futuro), mas acontecimento da atualidade como outros acontecimentos, um gesto sem amanhã" (1).


Referência:
(1) KUNDERA, Milan. A arte do romance. São Paulo: Companhia das Letras, 1988, p. 22.

3

"Se eu acordasse um dia e descobrisse que tinha me transformado numa imensa barata, o que aconteceria comigo?"
Por trás de todo grande romance está um autor cujo maior prazer consiste em entrar em outra forma de dar-lhe vida - um autor cujo impulso mais forte e criativo é pôr à prova os limites da sua identidade" (1).


Referência:
(1) PAMUK, Orhan. A maleta de meu pai. São Paulo: Companhia das Letras, 2007, p. 46.

4

"A história do romance é a história da libertação humana: ao nos colocarmos no lugar do outro, usando a imaginação para nos desprender da nossa identidade própria, podemos conquistar a liberdade" (1).


Referência:
(1) PAMUK, Orhan. A maleta de meu pai. São Paulo: Companhia das Letras, 2007, p. 48.