Pensar

De Dicionrio de Potica e Pensamento

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:"O eu pensante não tem idade, e, na medida em que os pensadores não existem efetivamente senão no pensar, sua felicidade e infelicidade é o se tornarem velhos sem envelhecer. Com a [[paixão]] do pensar ocorre o mesmo que acontece com as outras paixões: o que habitualmente conhecemos como particularidades próprias da pessoa, cuja totalidade ordenada pela vontade produz então algo como um caráter, não resiste ao assalto da paixão que toma e, de certa forma, se apodera do homem e da pessoa" (1).
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:"O eu pensante não tem idade, e, na medida em que os pensadores não existem efetivamente senão no pensar, sua [[felicidade]] e infelicidade é o se tornarem velhos sem envelhecer. Com a [[paixão]] do pensar ocorre o mesmo que acontece com as outras paixões: o que habitualmente conhecemos como particularidades próprias da pessoa, cuja totalidade ordenada pela [[vontade]] produz então algo como um caráter, não resiste ao assalto da paixão que toma e, de certa forma, se apodera do [[homem]] e da pessoa" (1).
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:ARENDT, Hannah. ''Homens em tempos sombrios''. São Paulo: Cia. das Letras, 1987, p. 226.
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:(1) ARENDT, Hannah. ''Homens em tempos sombrios''. São Paulo: Companhia das Letras, 1987, p. 226.
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:"O eu que, pensando, "se sustém em si mesmo" na tempestade desencadeada, como diz Heidegger, e para quem o tempo literalmente pára, não só não tem idade, como também, ainda que sempre um eu especificamente diferente, não tem particularidade. O eu pensante é totalmente diferente do si da [[consciência]]" (1).
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:"O eu que, pensando, 'se sustém em si mesmo' na tempestade desencadeada, como diz Heidegger, e para quem o [[tempo]] literalmente para, não só não tem idade, como também, ainda que sempre um eu especificamente diferente, não tem particularidade. O eu pensante é totalmente diferente do si da [[consciência]]" (1).
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:ARENDT, Hannah. ''Homens em tempos sombrios''. São Paulo: Cia. das Letras, 1987, p. 226.
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:(1) ARENDT, Hannah. ''Homens em tempos sombrios''. São Paulo: Companhia das Letras, 1987, p. 226.
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:"Construir e pensar são, cada um a seu modo, indispensáveis para o habitar. Ambos são, no entanto, insuficientes para o habitar se cada um se mantiver isolado, cuidando do que é seu ao invés de escutar um ao outro. Essa escuta só acontece se ambos, construir e pensar, pertencem ao habitar, permanecem em seus limites e sabem que tanto um como outro provém da obra de uma longa experiência e de um exercício incessante" (1).
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:"[[Construir]] e pensar são, cada um a seu modo, indispensáveis para o [[habitar]]. Ambos são, no entanto, insuficientes para o habitar se cada um se mantiver isolado, cuidando do que é seu ao invés de escutar um ao outro. Essa [[escuta]] só acontece se ambos, construir e pensar, pertencem ao habitar, permanecem em seus limites e sabem que tanto um como outro provém da obra de uma longa experiência e de um exercício incessante" (1).
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:(1) HEIDEGGER, Martin. "Construir, habitar, pensar". In: ''Ensaios e conferências''. Trad. Emmanuel Carneiro Leão, Gilvan Fogel e Marcia Sá Cavalcante Schuback. Petrópolis: Vozes, 2001, p. 140.
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:(1) HEIDEGGER, Martin. ''Ensaios e conferências''. Tradução de Emmanuel Carneiro Leão, Gilvan Fogel, Marcia Sá Cavalcante Schuback. Petrópolis, RJ: Vozes, 2001, p. 140.
 
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:"O pensar poético é o pensar se manifestando realização concreta, por uma modalidade de fazer, tal como diz o verbo poievw. Nessa manifestação, realizando, se dis-põe ao desvelamento. Por sua vez, nesse desvelamento não há certeza, há dinâmica. Sua concretude advém precisamente da ausência de certeza e da vigência de uma dinâmica. O pensar é apresentado como o pensar que pensa realizando, diferentemente de uma modalidade de pensar que se realiza como cumulação de abstrações, como informações coligidas para se apresentarem, no mais das vezes, como simulacro de alguma realização externa a esse mesmo pensar. O pensar vigente como desencadeador de realidade é o que faz com que o desvelar se pronuncie" (1).
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:"O pensar [[poético]] é o pensar se manifestando realização concreta, por uma modalidade de fazer, tal como diz o verbo ''poiéo''. Nessa manifestação, realizando, se dis-põe ao desvelamento. Por sua vez, nesse desvelamento não há [[certeza]], há [[dinâmica]]. Sua [[concreto|concretude]] advém precisamente da ausência de certeza e da vigência de uma dinâmica. O pensar é apresentado como o pensar que pensa realizando, diferentemente de uma modalidade de pensar que se realiza como cumulação de abstrações, como informações coligidas para se apresentarem, no mais das vezes, como simulacro de alguma realização externa a esse mesmo pensar. O pensar vigente como desencadeador de [[realidade]] é o que faz com que o desvelar se pronuncie" (1).
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:(1) JARDIM, Antonio. ''Música: vigência do pensar poético''. Rio de Janeiro: 7Letras, 2005, p. 33.
:(1) JARDIM, Antonio. ''Música: vigência do pensar poético''. Rio de Janeiro: 7Letras, 2005, p. 33.
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:"Pensar não é raciocinar. É mais. É deixar-se atravessar pelo a-ser-pensado, pelo não saber de todo conhecer. Portanto, pensamento não é a mesma coisa que conhecimento, embora sejam o “mesmo”. Para o pensamento, o desafio é pensar o conhecido, pensando-o na sua proveniência. É, no dito poético, deixar advir o não-dito" (1).
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:"Pensar não é [[raciocinar]]. É mais. É deixar-se atravessar pelo a-ser-pensado, pelo [[não-saber|não saber]] de todo [[conhecer]]. Portanto, pensamento não é a mesma coisa que conhecimento, embora sejam o “mesmo”. Para o pensamento, o desafio é pensar o conhecido, pensando-o na sua proveniência. É, no dito poético, deixar advir o não-dito" (1).
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:(1) CASTRO, Manuel Antônio de. Interdisciplinaridade poética: o "entre". In: Revista ''Tempo Brasileiro'', Rio de Janeiro, 164: 7/36, jan.-mar., 2006, p. 13.
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:(1) CASTRO, Manuel Antônio de. "Interdisciplinaridade poética: o 'entre'". In: ''Revista Tempo Brasileiro''. Rio de Janeiro: número 164, jan.-mar. 2006, p. 13.

Edição de 23h42min de 25 de março de 2009

1

"O eu pensante não tem idade, e, na medida em que os pensadores não existem efetivamente senão no pensar, sua felicidade e infelicidade é o se tornarem velhos sem envelhecer. Com a paixão do pensar ocorre o mesmo que acontece com as outras paixões: o que habitualmente conhecemos como particularidades próprias da pessoa, cuja totalidade ordenada pela vontade produz então algo como um caráter, não resiste ao assalto da paixão que toma e, de certa forma, se apodera do homem e da pessoa" (1).


Referência:
(1) ARENDT, Hannah. Homens em tempos sombrios. São Paulo: Companhia das Letras, 1987, p. 226.


2

"O eu que, pensando, 'se sustém em si mesmo' na tempestade desencadeada, como diz Heidegger, e para quem o tempo literalmente para, não só não tem idade, como também, ainda que sempre um eu especificamente diferente, não tem particularidade. O eu pensante é totalmente diferente do si da consciência" (1).


Referência:
(1) ARENDT, Hannah. Homens em tempos sombrios. São Paulo: Companhia das Letras, 1987, p. 226.


Ver também:


3

"Construir e pensar são, cada um a seu modo, indispensáveis para o habitar. Ambos são, no entanto, insuficientes para o habitar se cada um se mantiver isolado, cuidando do que é seu ao invés de escutar um ao outro. Essa escuta só acontece se ambos, construir e pensar, pertencem ao habitar, permanecem em seus limites e sabem que tanto um como outro provém da obra de uma longa experiência e de um exercício incessante" (1).


Referência:
(1) HEIDEGGER, Martin. "Construir, habitar, pensar". In: Ensaios e conferências. Trad. Emmanuel Carneiro Leão, Gilvan Fogel e Marcia Sá Cavalcante Schuback. Petrópolis: Vozes, 2001, p. 140.


4

"O pensar poético é o pensar se manifestando realização concreta, por uma modalidade de fazer, tal como diz o verbo poiéo. Nessa manifestação, realizando, se dis-põe ao desvelamento. Por sua vez, nesse desvelamento não há certeza, há dinâmica. Sua concretude advém precisamente da ausência de certeza e da vigência de uma dinâmica. O pensar é apresentado como o pensar que pensa realizando, diferentemente de uma modalidade de pensar que se realiza como cumulação de abstrações, como informações coligidas para se apresentarem, no mais das vezes, como simulacro de alguma realização externa a esse mesmo pensar. O pensar vigente como desencadeador de realidade é o que faz com que o desvelar se pronuncie" (1).


Referência:
(1) JARDIM, Antonio. Música: vigência do pensar poético. Rio de Janeiro: 7Letras, 2005, p. 33.


5

"Pensar não é raciocinar. É mais. É deixar-se atravessar pelo a-ser-pensado, pelo não saber de todo conhecer. Portanto, pensamento não é a mesma coisa que conhecimento, embora sejam o “mesmo”. Para o pensamento, o desafio é pensar o conhecido, pensando-o na sua proveniência. É, no dito poético, deixar advir o não-dito" (1).


Referência:
(1) CASTRO, Manuel Antônio de. "Interdisciplinaridade poética: o 'entre'". In: Revista Tempo Brasileiro. Rio de Janeiro: número 164, jan.-mar. 2006, p. 13.