Parecer

De Dicionrio de Potica e Pensamento

Edição feita às 20h20min de 19 de Maio de 2020 por Profmanuel (Discussão | contribs)

Tabela de conteúdo

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"... é essencial diferenciar as ações éticas daquelas morais. Na moral o parecer é mais importante do que o ser. Claro, não pode haver uma dicotomia, mas também não é a mesma coisa. O parecer consiste em considerar o aparecer sem o ser. São os valores da aparência, das máscaras, dos simulacros, dos estereótipos, dos hábitos, do já aceito e repetido como sabido" (1).


Referência:
(1) CASTRO, Manuel Antônio de. "O humano, o poético e a contracultura". In: www.travessiapoetica.Blogspot.com

2

"O vigorar da inclusão é que faz a proximidade e distância tornarem-se sempre presentes no amar e não parecer no aparecer. É o dar-se da união amorosa. Só há aparência do aparecer quando há o esquecimento do sentido do ser, porque o aparecer se move no plano dos entes. E estes nunca podem fundar ser, porque só este é vigorar, acontecer. Amar é acontecer" (1).


Referência:
(1) CASTRO, Manuel Antônio de. "Amar e ser". In: -----. Arte: o humano e o destino. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 2011, p. 308.


3

"Toda diferença é o outro de si-mesmo e o outro dos outros. Então, por esses dois motivos, não se pode trabalhar de maneira alguma com a oposição aparência e essência. Esta dicotomia atribuída a Platão funda-se em uma leitura equivocada do que ele propõe para ser pensado. A idéa não é o oposto do que aparece. Ele trabalha com o tò mé on, o nada criativo, com as possibilidades de e para as possibilidades. Portanto, o lugar do aparecer e do parecer da aparência está em que tal aparecer se torna o índice de algo que não pode ser repetido nem esperado como o definitivo, mas como um passo no caminho que se pode realizar sem jamais completar e repetir, exigindo novos passos. Nesse sentido, o passado sempre vigora, não passa" (1).


Referência:
(1) CASTRO, Manuel Antônio de. "Amar e ser". In: -----. Arte: o humano e o destino. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 2011, p. 308.


4

"Fala da médica:
- Elisabet, não creio que haja motivos para ficar no hospital. Só lhe faz mal ficar aqui... Pensa que não entendo? O inútil sonho de ser, não parecer, mas ser. Estar alerta em todos os momentos. A luta: o que você é com os outros e o que você realmente é. Um sentimento de vertigem... e a constante fome de finalmente ser exposta. Ser vista por dentro, cortada até mesmo eliminada. Cada tom de voz, uma mentira. Cada gesto, falso. Cada sorriso, uma careta... Mas pode se recusar a se mover e ficar em silêncio. Então, pelo menos, não está mentindo. Você pode se fechar, se fechar para o mundo. Então não tem que interpretar papéis, fazer caretas, gestos falsos. Acreditaria que sim, mas a realidade é diabólica. Seu esconderijo não é à prova d'água. A vida engana em todos os aspectos. Você é forçada a reagir. Ninguém pergunta se é real ou não, se é sincera ou mentirosa. Isso só é importante no teatro, talvez nem nele. Entendo por que não fala, por que não se movimenta. Sua apatia se tornou um papel fantástico. Entendo e admiro você. Acho que deveria representar este papel até o fim, até que não seja mais interessante. Então pode esquecer, como esquece seus papeis (1).


Referência:
(1) BERGMAN, Ingmar. Filme Persona. A médica está se dirigindo à personagem Elisabet, atriz de teatro que, de repente, fica em silêncio e se nega a falar. Não esqueçamos que personagem vem de Persona.
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