Língua

De Dicionrio de Potica e Pensamento

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: "À língua como [[corpo]] vivo que é [[mundo]] é que denomino [[vocabulário]]. A grande diferença que aí acontece está em que [[mundo]] passa a ser o [[sentido]] do [[ser]]. [[Sentido]] se constitui então no sangue do [[corpo]] vivo, porque nele o [[ser]] acontece permanentemente. Surpreender numa obra o seu [[vocabulário]] não é uma tarefa gramatical, nem semântica, nem lexical, nem sintática. É [[poética]], enquanto [[corpo]] vivo; [[mundo]], enquanto [[sentido]]. Este não provém do [[vocabulário]], mas do ''logon'' [ver ''[[logos]]''] do [[ser]], da [[voz]] do [[sagrado]]. ''Logon'' [ver ''[[logos]]''] mais do que [[vocabulário]] é [[sentido]]".
: "À língua como [[corpo]] vivo que é [[mundo]] é que denomino [[vocabulário]]. A grande diferença que aí acontece está em que [[mundo]] passa a ser o [[sentido]] do [[ser]]. [[Sentido]] se constitui então no sangue do [[corpo]] vivo, porque nele o [[ser]] acontece permanentemente. Surpreender numa obra o seu [[vocabulário]] não é uma tarefa gramatical, nem semântica, nem lexical, nem sintática. É [[poética]], enquanto [[corpo]] vivo; [[mundo]], enquanto [[sentido]]. Este não provém do [[vocabulário]], mas do ''logon'' [ver ''[[logos]]''] do [[ser]], da [[voz]] do [[sagrado]]. ''Logon'' [ver ''[[logos]]''] mais do que [[vocabulário]] é [[sentido]]".

Edição de 22h22min de 14 de Abril de 2017

Tabela de conteúdo

1

Reduzir a linguagem à língua é a tentativa moderna de reduzir a vida ao vivente. Só na língua é possível reduzir a realidade a julgamentos, a orações, fonte necessária de todos os atributos, de todas as representações, de todos os suportes. Toda representação origina e tem sua vigência num sistema. Daí ser tradicional e comum a representação de língua como um código. Código pode ser representado e visualizado como uma rede (de significados) ou sistema articulado de linhas e nós, onde se esquece o vazio em que eles podem se constituir em rede e até se expandir em novos significados. Não há significado sem sentido, como não há sentido sem vazio ou silêncio.


- Manuel Antônio de Castro


2

Toda língua é uma experienciação do real que se dá e se retrai como Linguagem.


- Manuel Antônio de Castro


3

 : "E a tradução? Eis de novo o problema. É que cada tradução já traz com ela um horizonte onde se dá a posição da língua para a qual se traduz. Sim, toda língua já constitui uma posição no silêncio e vazio do ser" (1).


Referência bibliográfica:
(1) CASTRO, Manuel Antônio de. "O próprio como possibilidades". In: --------. Arte: o humano e o destino. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 2011, p. 129.


4

"Língua e vocabulário podem se tornar duas palavras enganadoras, pois o que aí se quer dizer precede e excede em muito o que elas tanto evocam como manifestam. Convocar, evocar, vocação, voz e vocábulo têm a mesma “raiz indo-européia *wek.w, que indicava a emissão de voz com todas as forças religiosas e jurídicas que delas resultam” (1). É a voz que, provindo do sagrado, tem força de realização, de manifestação da realidade. É a voz de todas as forças divinas, dos deuses" (2).


Referência:
(1) ERNOUT , A. e MEILLET, A. Dictionnaire étymologique de la langue latine. Paris: Klincksiek, 1979, 754).
(2) CASTRO, Manuel Antônio de. "Obra de arte, vocabulário e mundo". In: ------------. Leitura: questões. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 2015, p. 240.


5

"À língua como corpo vivo que é mundo é que denomino vocabulário. A grande diferença que aí acontece está em que mundo passa a ser o sentido do ser. Sentido se constitui então no sangue do corpo vivo, porque nele o ser acontece permanentemente. Surpreender numa obra o seu vocabulário não é uma tarefa gramatical, nem semântica, nem lexical, nem sintática. É poética, enquanto corpo vivo; mundo, enquanto sentido. Este não provém do vocabulário, mas do logon [ver logos] do ser, da voz do sagrado. Logon [ver logos] mais do que vocabulário é sentido".


Referência:
(1) CASTRO, Manuel Antônio de. "Obra de arte, vocabulário e mundo". In: ------------. Leitura: questões. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 2015, p. 249.
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