Início

De Dicionrio de Potica e Pensamento

(Diferença entre revisões)
(1)
(1)
 
(uma edição intermediária não está sendo exibida.)
Linha 1: Linha 1:
__NOTOC__
__NOTOC__
== 1 ==
== 1 ==
-
: "[[Início]] é o [[princípio]]. [[Início]] é alavanca. Remete-nos ao empuxo e arranque com que uma [[coisa]] começa. Enquanto [[princípio]] é [[origem]]. Remete-nos à [[fonte]] de onde uma [[coisa]] brota. O [[início]], mal inicia, e já está superado. Desaparece e fica para trás nas peripécias do [[processo]] de [[criar]] e [[produzir]]. O [[princípio]], ao contrário, surge e se impõe ao longo de todo o [[processo]], pois só alcança a [[plenitude]] no [[fim]]. [[Início]] é o [[princípio]] em busca de [[realização]], [[fim]] é o [[princípio]] plenamente realizado como [[princípio]]" (1). O [[início]] se dá sempre enquanto [[técnica]], já o [[princípio]] é o [[vigorar]] da ''[[poíesis]]''. Por isso é que não se pode [[ler]] uma [[obra de arte]] apenas atentando para o [[início]], isto é, apenas para a [[técnica]] ou [[forma]], mas é [[necessário]] [[ver]] e [[compreender]] que o [[início]] já é uma [[doação]] da ''[[poíesis]]'' ou [[princípio]]. Toda [[técnica]] se move no [[agir]] [[causal]], já a ''[[poíesis]]'' vigora no [[agir]] [[originário]], isto é, no que se denomina [[princípio]] ou ''[[arkhé]]'', em [[grego]]. A [[história]] da [[arte]] no [[ocidente]] nunca se mede pela ''[[poíesis]]'', mas tão-somente pela ''[[tekhné]]'', daí [[ser]] uma [[concepção]] [[retórica]] e [[formal]] da [[arte]], pois nela sempre fica esquecido o [[princípio]].
+
: "[[Início]] é o [[princípio]]. [[Início]] é alavanca. Remete-nos ao empuxo e arranque com que uma [[coisa]] começa. Enquanto [[princípio]] é [[origem]]. Remete-nos à [[fonte]] de onde uma [[coisa]] brota. O [[início]], mal inicia, e já está superado. Desaparece e fica para trás nas peripécias do [[processo]] de [[criar]] e [[produzir]]. O [[princípio]], ao contrário, surge e se impõe ao longo de todo o [[processo]], pois só alcança a [[plenitude]] no [[fim]]. [[Início]] é o [[princípio]] em busca de [[realização]], [[fim]] é o [[princípio]] plenamente realizado como [[princípio]]" (1).  
 +
 
 +
: O [[início]] se dá sempre enquanto [[técnica]], já o [[princípio]] é o [[vigorar]] da ''[[poíesis]]''. Por isso é que não se pode [[ler]] uma [[obra de arte]] apenas atentando para o [[início]], isto é, apenas para a [[técnica]] ou [[forma]], mas é [[necessário]] [[ver]] e [[compreender]] que o [[início]] já é uma [[doação]] da ''[[poíesis]]'' ou [[princípio]]. Toda [[técnica]] se move no [[agir]] [[causal]], já a ''[[poíesis]]'' vigora no [[agir]] [[originário]], isto é, no que se denomina [[princípio]] ou ''[[arkhé]]'', em [[grego]]. A [[história]] da [[arte]] no [[ocidente]] nunca se mede pela ''[[poíesis]]'', mas tão-somente pela ''[[tekhné]]'', daí [[ser]] uma [[concepção]] [[retórica]] e [[formal]] da [[arte]], pois nela sempre fica esquecido o [[princípio]].

Edição atual tal como 20h55min de 3 de Agosto de 2020

1

"Início é o princípio. Início é alavanca. Remete-nos ao empuxo e arranque com que uma coisa começa. Enquanto princípio é origem. Remete-nos à fonte de onde uma coisa brota. O início, mal inicia, e já está superado. Desaparece e fica para trás nas peripécias do processo de criar e produzir. O princípio, ao contrário, surge e se impõe ao longo de todo o processo, pois só alcança a plenitude no fim. Início é o princípio em busca de realização, fim é o princípio plenamente realizado como princípio" (1).
O início se dá sempre enquanto técnica, já o princípio é o vigorar da poíesis. Por isso é que não se pode ler uma obra de arte apenas atentando para o início, isto é, apenas para a técnica ou forma, mas é necessário ver e compreender que o início já é uma doação da poíesis ou princípio. Toda técnica se move no agir causal, já a poíesis vigora no agir originário, isto é, no que se denomina princípio ou arkhé, em grego. A história da arte no ocidente nunca se mede pela poíesis, mas tão-somente pela tekhné, daí ser uma concepção retórica e formal da arte, pois nela sempre fica esquecido o princípio.


- Manuel Antônio de Castro
Referência:
(1) LEÃO, Emmanuel Carneiro. "Arte e filosofia". In: ------. Aprendendo a pensar II. Petrópolis: Vozes, 1972, p. 241.