Essência

De Dicionrio de Potica e Pensamento

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: "A essência do ser humano é a sua referência ao ser. Daí não poder ficar determinada pelo instrumental ditado seja lá por qual sistema for. Nesse sentido de disciplina e sistema, a dança é o não-conhecimento porque é o não-sistema, porque é o livre dar-se  e manifestar-se do que cada um já desde sempre é. Dança é sempre travessia, história, obra. E obra é o que opera. Opera o quê?  A educação do humano pelo deixar vigorar o seu princípio constitutivo. Aqui está a questão. O princípio constitutivo do humano é o estético ou o poético? Dança não pode ficar reduzida a vivências  estético-sentimentais, a um espetáculo para os olhos ou prazeres dos sentidos" (1).
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: "A [[essência]] do [[ser humano]] é a sua [[referência]] ao [[ser]]. Daí não poder ficar determinada pelo instrumental ditado seja lá por qual [[sistema]] for. Nesse sentido de [[disciplina]] e [[sistema]], a [[dança]] é o não-conhecimento porque é o não-sistema, porque é o livre dar-se  e manifestar-se do que cada um já desde sempre [[é]]. [[Dança]] é sempre [[travessia]], [[história]], [[obra]]. E [[obra]] é o que opera. Opera o quê?  A [[educação]] do [[humano]] pelo deixar [[vigorar]] o seu [[princípio]] constitutivo. Aqui está a [[questão]]. O [[princípio]] constitutivo do [[humano]] é o [[estético]] ou o [[poético]]? [[Dança]] não pode ficar reduzida a [[vivências]] estético-sentimentais, a um espetáculo para os olhos ou prazeres dos [[sentidos]]" (1).
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: (1) CASTRO, Manuel Antônio de. “Aprender com a dança: fluxos e diálogos poéticos”. In: TAVARES, Renata (org.). ''O que me move, de Pina Bausch'' – e outros textos sobre dança-teatro. São Paulo: LibersArs, 2017, p. 82.

Edição de 14h38min de 22 de Junho de 2018

1

O melhor caminho para compreender a essência é pensar o agir: A essência do agir é o agir da essência. Eis aí o universal concreto, que se diferencia do universal conceitual ou representacional. A essência do agir é questão e não se pode reduzir a um conceito.


- Manuel Antônio de Castro

2

"Por essência não cabe entender algo, alguma coisa por trás, sub- ou pré-existente e que seria, p. ex., a causa desta ou daquela coisa. Não é um núcleo dentro, o caroço, formando o em-si da coisa. Essência é a própria dinâmica de algo fazer-se ou tornar-se algo, a dinâmica ou a força a partir da qual e como a qual algo vem a ser este algo que é e tal qual é - sempre uma escandalosa superfície. Vê-se ou tem-se realmente algo quando conseguimos nos transpor à sua essência, isto é, à sua proveniência, origem ou gênese. Então, partilhamos a coisa na sua gênese, na sua nascividade. Participamos, pois, de seu ser ou modo de ser e, assim, co-nascemos com ela" (1).


Referência:
(1) FOGEL, Gilvan. "Pensamento, elemento, transcendência". In: Revista Scintilla, Curitiba, volume especial, n. 6-03.2009, p. 46-64.

3

A palavra essência provém do latim essentia e está relacionada ao verbo latino esse (ser). Está ligada às palavras gregas ón e ousia. Porém, na trajetória ocidental e metafísica ligou-se muito mais ao ente do que ao Ser. Por isso, ela tornou-se um conceito, indicando algo que sub-está como fundamento e causa de cada ente. Daí ter-se também traduzido por sub-stância, perdendo o caráter verbal que tem em grego e deslocando-se para o substantivo, exercendo a função de sujeito na proposição. Por isso todos os substantivos podem exercer, sintaticamente, a posição funcional de sujeito (ou objeto). Essência significa então a natureza, a quididade, a causa, podendo se opor à existência ou à realidade. Esta dicotomia não existe nas palavras gregas, nas obras dos grandes pensadores. Essência diz, em verdade, a estrutura em que vigora, ou seja, atua e desenvolve a força do vigorar, do agir. Então essência diz a arkhé, aquilo que não deixa de vigorar para que algo se torne algo, chegando a seu télos. Essência nunca admite a separação de causa e causado, onde o causado é algo diferente da própria essência. Essência nunca é um conceito geral atribuível a diversas coisas, a diferentes sendo (entes). Essência é o vigorar do Ser no sendo.


- Manuel Antônio de Castro

4

Essência não é a origem ou natureza de algo conforme diz e geralmente se entende o conceito. Essência de algo é o originário do sendo enquanto vigorar do Ser. Podemos, portanto, distinguir a essência conceitual e a Essência como vigorar do Ser em cada sendo. Se a primeira é metafísica, dual, a segunda é poética, integradora e realizadora.


- Manuel Antônio de Castro

5

“[...] rumar para essência significa encontrar o próprio, e este não é sinônimo de generalizações, mas a afirmação da peculiaridade de uma obra se dar com o mundo em nossa inigualável procura por ser o que somos” (1).


Referência:
(1) PESSANHA, Fábio Santana. A hermenêutica do mar – Um estudo sobre a poética de Virgílio de Lemos. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 2013, p. 54.


6

"A essência do ser humano é a sua referência ao ser. Daí não poder ficar determinada pelo instrumental ditado seja lá por qual sistema for. Nesse sentido de disciplina e sistema, a dança é o não-conhecimento porque é o não-sistema, porque é o livre dar-se e manifestar-se do que cada um já desde sempre é. Dança é sempre travessia, história, obra. E obra é o que opera. Opera o quê? A educação do humano pelo deixar vigorar o seu princípio constitutivo. Aqui está a questão. O princípio constitutivo do humano é o estético ou o poético? Dança não pode ficar reduzida a vivências estético-sentimentais, a um espetáculo para os olhos ou prazeres dos sentidos" (1).


Referência:
(1) CASTRO, Manuel Antônio de. “Aprender com a dança: fluxos e diálogos poéticos”. In: TAVARES, Renata (org.). O que me move, de Pina Bausch – e outros textos sobre dança-teatro. São Paulo: LibersArs, 2017, p. 82.