Espaço

De Dicionrio de Potica e Pensamento

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:"Aristóteles nomeia aquilo que nós chamamos de espaço com dois nomes diferentes [em grego]: ''Tópos'' e ''chora''. ''Tópos'' é  o espaço que um [[corpo]] ocupa imediatamente. Este espaço ocupado pelo corpo foi ''inicialmente'' configurado ''pelo'' corpo (''soma''). Este espaço tem os mesmos [[limites]] que o corpo. Uma observação a este propósito: o limite não é, para os gregos, aquilo pelo qual alguma coisa cessa e toma [[fim]], mas aquilo a partir de onde alguma [[coisa]] ''começa'', por onde ela tem seu acabamento. O espaço ocupado por um corpo, ''tópos'', é o seu lugar" (1).
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: "Aristóteles nomeia aquilo que nós chamamos de [[espaço]] com dois [[nomes]] diferentes [em grego]: ''[[Topos]]'' e ''chora''. ''[[Topos]]'' é  o [[espaço]] que um [[corpo]] ocupa imediatamente. Este [[espaço]] ocupado pelo [[corpo]] foi ''inicialmente'' configurado pelo [[corpo]] (''soma'', em grego). Este [[espaço]] tem os mesmos [[limites]] que o [[corpo]]. Uma observação a este propósito: o [[limite]] não é, para os gregos, aquilo pelo qual alguma [[coisa]] cessa e toma [[fim]], mas aquilo a partir de onde alguma [[coisa]] ''começa'', por onde ela tem seu acabamento. O [[espaço]] ocupado por um [[corpo]], ''[[topos]]'', é o seu [[lugar]]" (1).
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: (1) HEIDEGGER, Martin. ''Remarques sur art - sculpture - espace''. Trad. do alemão por: Didier Franck. Paris: Rivages poche / Petite Bibliothèque, 2009, p. 18. Tradução do francês: Manuel Antônio de Castro.
: (1) HEIDEGGER, Martin. ''Remarques sur art - sculpture - espace''. Trad. do alemão por: Didier Franck. Paris: Rivages poche / Petite Bibliothèque, 2009, p. 18. Tradução do francês: Manuel Antônio de Castro.
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Edição de 13h46min de 15 de Novembro de 2017

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"Espaço é algo espaçado, arrumado, liberado, num limite, em grego péras. O limite não é onde uma coisa termina mas, como os gregos reconheceram, de onde alguma coisa dá início à sua essência. Isso explica por que a palavra grega para dizer conceito é horismós, limite. Espaço é, essencialmente, o fruto de uma arrumação, de um espaçamento, o que foi deixado em seu limite" (1).


Referência:
(1) HEIDEGGER, Martin. "Construir, habitar, pensar". Trad. Marcia Sá Cavalcante Schuback. In: Ensaios e conferências. Petrópolis: Vozes, 2001, p. 134.

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Pelo domínio dos conceitos científicos, onde domina a percepção de tudo que nos cerca e constitui o universo, o espaço ficou reduzido a um significado dominante, perdendo-se seu sentido mais profundo, o humano, que precede toda e qualquer determinação conceitual da ciência. Preceder diz aí possibilitar esses conceitos, sem que eles abarquem toda a realidade. É o caso muito importante em nossa vida de algo fundamental: o espaço. Este em seu sentido originário, manifestação do humano no vigorar da physis é lugar, é habitação. Diz Heidegger: "Aquilo em que uma coisa devém é o que chamamos 'espaço'. Os gregos não possuem nenhuma palavra para dizer 'espaço'. Isso não é mero acaso. Fizeram a experiência do que é 'espacial' não a partir da extensio mas do lugar (topos), como chora. Chora não significa nem lugar nem espaço e sim o que é tomado e ocupado pelo que está em si mesmo. O lugar pertence à própria coisa em si mesma. As diversas coisas, cada uma tem seu lugar próprio" (1). O espaço como lugar torna-se algo que vigora a partir do próprio. Então a questão do espaço é a questão do próprio. O que é o próprio?


- Manuel Antônio de Castro


Referência:
(1) HEIDEGGER, Martin. Introdução à metafísica. Trad. Emmanuel Carneiro Leão. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 1969, p. 94.

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"Aristóteles nomeia aquilo que nós chamamos de espaço com dois nomes diferentes [em grego]: Topos e chora. Topos é o espaço que um corpo ocupa imediatamente. Este espaço ocupado pelo corpo foi inicialmente configurado pelo corpo (soma, em grego). Este espaço tem os mesmos limites que o corpo. Uma observação a este propósito: o limite não é, para os gregos, aquilo pelo qual alguma coisa cessa e toma fim, mas aquilo a partir de onde alguma coisa começa, por onde ela tem seu acabamento. O espaço ocupado por um corpo, topos, é o seu lugar" (1).


Referência:
(1) HEIDEGGER, Martin. Remarques sur art - sculpture - espace. Trad. do alemão por: Didier Franck. Paris: Rivages poche / Petite Bibliothèque, 2009, p. 18. Tradução do francês: Manuel Antônio de Castro.

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"No sentido grego, o espaço é visto a partir do corpo, como sendo seu lugar, como o que contém o lugar. Cada corpo possui, entretanto, seu - próprio - lugar, um lugar que lhe é conforme" (1).


Referência:
(1) HEIDEGGER, Martin. Remarques sur art - sculpture - espace. Trad. do alemão por: Didier Franck. Paris: Rivages poche / Petite Bibliothèque, 2009, p. 18. Tradução do francês: Manuel Antônio de Castro.


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"Espaço é algo espaçado, arrumado, liberado num limite, em grego péras. O limite não é onde uma coisa termina, mas como os gregos reconheceram, de onde alguma coisainício à sua essência. Isso explica por que a palavra grega para dizer conceito é horismós, limite. Espaço é, essencialmente, o fruto de uma arrumação, de um espaçamento, o que foi deixado em seu limite" (1).


Referência:
(1) HEIDEGGER, Martin. Ensaios e conferências. Trad. Emmanuel Carneiro Leão, Gilvan Fogel, Márcia Sá Cavalcante Schuback. Petrópolis: Vozes, 2001, p. 134.