Diferença ontológica

De Dicionrio de Potica e Pensamento

Edição feita às 22h40min de 10 de março de 2016 por Profmanuel (Discussão | contribs)

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A lógica a que foi reduzido o [[logos]] não pode tudo abranger, pois o sentido de unidade, originado no ser, só nos advém na medida em que nos deixamos tomar pelo pensar do ser. Isto Parmênides sintetizou na famosa sentença III: Pois ser e pensar são o mesmo. Pensar, aí, traduz o poderoso verbo noein, de onde se originou o substantivo nous, traduzido geralmente por espírito, intelecto (que se diferencia de razão). É que no pensamento (nous) o ser se torna linguagem e, dessa maneira, a linguagem (logos) se torna a casa do ser. Em sua habitação mora o ser humano. É impossível falar de linguagem sem o pensamento, pois é neste que o ser se torna linguagem. É o nous e o logos que constituem a diferença ontológica, aquela diferença pela qual somente o ser humano habita na clareira do ser (a-letheia) e, por isso, é nele que os demais entes passam a encontrar o seu sentido. É ela que diferencia o ser humano dos demais entes, sejam eles quais forem.


Manuel Antônio de Castro


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"Por isso, no mito, Cura é algo muito mais profundo do que os simples significados semânticos da palavra cura. Em latim, cura diz cuidado, cuidar. Em torno de Cura acontece o próprio constituir-se e plenificar-se poético-ontológico do ser humano. Nesse sentido, qualquer determinação de gênero ou cultura identitária, para a ontologia do ser humano, é reducionista. A Cura que vigora em cada ser humano, sempre de uma maneira originária, não se reduz, seja ao feminino, seja ao masculino, seja a uma identidade cultural. O que está em jogo no operar de Cura é sempre o destino de cada ser humano, que é o acontecer de seu próprio" (1).


Referência bibliográfica:
(1) CASTRO, Manuel Antônio de. Arte: o humano e o destino. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 2011, p. 327.
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