Ciência

De Dicionrio de Potica e Pensamento

Edição feita às 20h11min de 22 de Novembro de 2017 por Profmanuel (Discussão | contribs)

1

A ciência como ciência não pode pensar a sua essência. E não pode pensar a sua essência porque a essência não pode ser reduzida ao saber. Pensar é mais do que simplesmente saber. É abrir-se para o mesmo de ser e saber.
E não poder pensar para a ciência que se pensa como ciência é deixar de ser ciência e passar a ser filosofia ou pensamento.


- Manuel Antônio de Castro


2

"O conceito de ciência deriva da representação paradigmática do saber. O conceito de saber fundamenta-se no respectivo entendimento e na respectiva compreensão da essência da verdade. A essência da verdade surge a partir da posição fundamental do homem no meio da totalidade do ser. Esta posição fundamental é dominada pelo modo como o homem está no meio do ente; ela é dominada pelo fato - quem o homem é - e se e como o homem questiona e responde a esta questão. Isto é, portanto, a decisão na qual nós mesmos estamos (1).


Referência:
(1) HEIDEGGER, Martin. Lógica - a pergunta pela essência da linguagem. Lisboa: Calouste Gulbenkian, 2008, p. 156.


3

A palavra ciência está ligada à palavra grega episteme. "E o que diz e significa episteme? É uma palavra composta da preposição epi e do verbo ístamai. Ístamai diz estar em pé, solidamente estabelecido e fundado. E a preposição epi acrescenta-lhe a conotação de por sobre, em cima, a cavaleiro de, por cima. Da integração de todas estas dimensões formou-se, então, a experiência de conhecimento e ciência em sentido forte e próprio de episteme. Episteme não diz apenas conhecimento, mas todo o contexto em que se constitui conhecimento. Corresponde mais ou menos à experiência originária da scientia medieval e à nossa experiência espontânea de ciência , destituída naturalmente de qualquer conotação moderna que,em sua essência, equivale à técnica, no sentido de uma armação que tudo controla e tudo transforma em dispositivo de uma disposição ilimitada e auto-regulável" (1).


- Manuel Antônio de Castro


Referência:
(1) LEÃO, Emmanuel Carneiro. "O problema filosófico da lógica em Aristóteles". In: -----. Filosofia grega - uma introdução. Teresópolis: Daimon Editora, 2010, p. 235.

4

"Na percepção, nós recebemos o real nas sensações e nos sentimentos de nossa sensibilidade. E somos tocados e tão mobilizados pela rosa que a respeitamos e deixamos ser rosa, sem intervenção de espécie alguma. Outra bem outra, é a atitude da ciência ao observar a rosa. A rosa deixa de ser rosa para enquadrar-se numa classe, num gênero, numa espécie, numa família ou para submeter-se a um experimento e transformar-se num perfume, num chá ou num arranjo" (1).


Referência:
(1) LEÃO, Emmanuel Carneiro. "Ócio e negócio". In: Revista Tempo Brasileiro - Caminhos do pensamento hoje: novas linguagens no limiar do terceiro milênio, 136, jan.-mar., 1999, p. 74.


5

"Existem, de fato, dois aspectos na ciência, sobretudo se vistos do ponto de vista de um teórico. Temos, primeiramente, o diálogo com a natureza. Imaginamos modelos e depois verificamos se esses modelos são realizados. A maior experiência do cientista teórico consiste em imaginar algo e vê-lo no computador ou em uma experiência de laboratório. Eis porque gostaria de dizer que a ciência ultrapassa as aparências. Não se trata somente das aparências: a ciência cria aparências" (1).


Referência:
(1) PRIGOGINE, Ilya. "Estaremos às vésperas de um terceiro humanismo". In: Revista Tempo Brasileiro - Cultura, ciência e técnica, 168, jan.-mar., 2007, p. 5.


6

"A ciência não apenas apresenta o aspecto científico, propriamente dito, no sentido da descoberta e descrição da natureza, mas também a posição que o homem ocupa na natureza" (1).


Referência:
(1) PRIGOGINE, Ilya. "Estaremos às vésperas de um terceiro humanismo". In: Revista Tempo Brasileiro - Cultura, ciência e técnica, 168, jan.-mar., 2007, p. 5.


7

"... o que se chama de ciência ocidental europeia determina também, em seus traços fundamentais e em proporção crescente, a realidade na qual o homem de hoje se move e tenta sustentar-se.
Meditando o sentido deste processo, percebe-se que, no mundo do Ocidente e nas épocas da sua história, a ciência desenvolveu um poder que não se pode encontrar em nenhum outro lugar da terra e que está em vias de estender-se por todo o globo terrestre" (1).


Referência:


(1) HEIDEGGER, Martin. “Ciência e pensamento do sentido”, Trad. Emmanuel Carneiro Leão: In: -----. Ensaios e conferências. Petrópolis R / J: Vozes, 2002, p. 39.


8

"A ciência tem como correlato de seu princípio de verificabilidade a técnica. Esta encontra, no acúmulo de capital e na expansão econômica, as condições básicas para, aos poucos, dominar todo o fazer cultural. Ela não só substitui o homem na elaboração dos produtos, estabelecendo novas relações de produção, mas também atinge a cultura enquanto informação" (1).


Referência:
(1) CASTRO, Manuel Antônio de. "Machado de Assis e a identidade brasileira". In: ------. Tempos de Metamorfose. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 1994, p. 203.
Ferramentas pessoais