Mesmo
De Dicionrio de Potica e Pensamento
Edição feita às 14h44min de 15 de Novembro de 2017 por Profmanuel (Discussão | contribs)
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- "O mesmo não se confunde com o igual e nem tampouco com a unidade vazia do que é meramente idêntico. Com frequência, o igual se transfere para o indiferenciado a fim de que tudo nele convenha. O mesmo é, ao contrário, o mútuo pertencer do diverso que se dá, pela diferença, desde uma reunião integradora. O mesmo apenas se deixa dizer quando se pensa a diferença. No ajuste dos diferentes vem à luz a essência integradora do mesmo. O mesmo deixa para trás toda sofreguidão por igualar o diverso ao igual. O mesmo reúne integrando o diferente numa unicidade originária. O igual, ao contrário, dispersa na unidade pálida do um, somente uni-forme" (1).
- Referência:
- (1) HEIDEGGER, Martin. "... poeticamente o homem habita...". In: ---------. Ensaios e conferências. Trad. Emmanuel Carneiro Leão, Gilvan Fogel, Marcia Sá Cavcalcante Schuback. Petrópolis: Vozes, 2001, p. 170.
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- Sentença - III.
- "... to gar auto noein estin te kai einai" (1). "...pois o mesmo é pensar e ser" (1).
- Referência:
- (1) PARMÊNIDES. Sentença III, (Trad. Sérgio Wrubleswski. In: Os pensadores originários - Anaximandro, Parmênides, Heráclito. Petrópolis / RJ: Vozes, 1991, p. 44 / 45.
2
- Qual a importância de se pensar o mesmo, não como conceito, mas como o elemento onde o tempo é e está sendo tempo? É que o mesmo dá unidade ao antes e ao depois e à travessia. Essa unidade é a realidade enquanto morte, não mais como fim, mas como simples possibilidade de ser e de consumar o próprio.
3
- "Para nos entregarmos ao mesmo é necessário pensar. Pensar o mesmo que é a vida, a morte, o amor, o tempo, a linguagem, a verdade, a solidão, o cuidado, o ético, o sentido. E são estas questões que aguardam sempre nossas experienciações, que constituem, em verdade, a realidade; uma realidade que não depende de nós, que não é construída pelos nossos conceitos ou vontade ou desejos" (1).
- Referência:
- (1) CASTRO, Manuel Antônio de. "Época e tempo poético". In: ---------. Leitura: questões. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 2015, p. 282.
4
- "Transformar em linguagem cada vez esse advento permanente do Ser que, em sua permanência, espera pelo homem, é a única causa (Sache) do pensamento. É por isso que os pensadores Essenciais dizem sempre o mesmo (Das Selbe); isso, no entanto, não significa que digam sempre coisas iguais (Das Gleiche)" (1).
- Referência:
- (1) HEIDEGGER, Martin. Sobre o humanismo. Trad. Emmanuel Carneiro Leão. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 1967, p. 98.
5
- "A entrega ao mesmo enfrenta muitos obstáculos. Para tal seriam necessárias a disciplina, o desprendimento e a determinação de sairmos da banalização da linguagem em seu uso comercial e cotidiano, de sairmos da repetição das ideias e valores já feitos e estabelecidos, de sairmos da funcionalidade dos sistemas, fonte de conceitos que não cessam de nos lançar na repetição e aniquilação de nossa originalidade e originariedade, de sairmos da aparente novidade dos conhecimentos dos entes, em suas relações sempre funcionais e operativas, de sairmos do esquecimento do sentido do ser e nos deixarmos tomar por sua memória, a unidade vigorante do mesmo" (1).
- Referência:
- (1) CASTRO, Manuel Antônio de. "Época e tempo poético". In: ---------. Leitura: questões. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 2015, p. 282.
6
- "Todas as línguas, como ritos, dizem o diferente, mas como linguagem dizem sempre o mesmo, embora não digam as mesmas coisas. Só porque a linguagem diz sempre o mesmo é que um mesmo ser humano pode falar diferentes línguas, traduções podem ser feitas e haver a tradição viva da memória. Tudo isso é leitura" (1).
- Referência:
- (1) CASTRO, Manuel Antônio de. "A linguagem poética e instrumental". In: --------. Leitura: questões. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 2015, p. 56.
7
- "O mais difícil em nossas vidas é compreender o que é isto – o mesmo. Como diz Rosa numa de suas obras, não é um ele ou um ela: é o que e o quem das coisas. Jamais podemos ou devemos reduzi-lo ao conhecimento de um conceito. Como tal é a questão, o a-ser-pensado. Não nos advém nunca no e pelo raciocinar. Advém enquanto linguagem, no pensar da compreensão. Mas é o nunca cessar de advir porque não tem início nem fim, vigora. Isto é o mesmo" (1).
- Referência:
- (1) CASTRO, Manuel Antônio de. "Época e tempo poético". In: ---------. Leitura: questões. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 2015, p. 279.