Humano

De Dicionrio de Potica e Pensamento

Edição feita às 23h52min de 9 de janeiro de 2013 por Profmanuel (Discussão | contribs)

1

"Depois que Ulisses fora dela, ser humana parecia-lhe agora a mais acertada forma de ser um animal vivo" (1).


Referências:
(1) LISPECTOR, Clarice. Uma aprendizagem ou o livro dos prazeres. Rio de Janeiro: José Olympio, 4ª ed., 1974, p. 167.

2

"A originalidade do ser humano é aquela em que o que ele é não é tudo que ele pode. Para ser um ser humano, ele tem de poder ser mais do que o que ele é" (1).


Referência:
(1) LEÃO, Emmanuel Carneiro. "O corpo, a terra e o pensamento". In: CASTRO, Manuel Antônio de (org.). Arte: corpo, terra e mundo. Rio de Janeiro: 7Letras, 2008, p. 69.


3

"O pensar se faz uno pelo seu encaminhamento em direção à unidade. Por isso é preciso aprender a pensar, e é por isso que o pensamento não é, por mera dejeção orgânica. O homem, assim, é aquele que, por excelência, habitando a linguagem, propriamente é capaz de fazer esse percurso em direção à unidade. O homem pensa. O homem se articula na simplicidade do pensar, do encaminhamento para a vigência da unidade, do ser, do que ele já é, e ainda não é, do simples e do complexo. Há, no entanto, seres que compõem realidade não menos que o homem, esses seres não deixam de ser, mas não podem percorrer esse encaminhamento para a unidade. Eles são, mas não pensam" (1).


Referência:
(1) JARDIM, Antonio. Música: vigência do pensar poético. Rio de Janeiro: 7Letras, 2005, p. 55.


4

"Para mim o ser humano é uma tremenda criação...Um pensamento inconcebível. No ser humano existe tudo, do mais elevado até o mais baixo. O homem é a imagem de Deus e Deus existe em tudo. E assim o ser humano foi criado, mas também os demônios, os santos, os profetas, os artistas, os iconoclastas. Tudo existe lado a lado. É como se fossem desenhos gigantes mudando o tempo inteiro. Da mesma maneira devem existir inúmeras realidades. Não apenas a realidade que percebemos com nossas obtusas sensibilidades, mas um tumulto de realidades arqueando-se uma em cima da outra, por dentro e por fora. É só o medo e o puritanismo que nos leva a acreditar em limites. Não existem limites. Nem para pensamentos nem para sentimentos. A ansiedade é que estabelece limites" (1).


Referência:
(1) BERGMAN, Ingmar. Sonata de outono. Fala da personagem Eva.


5

A linguagem é o próprio tempo/pensamento se manifestando. Estamos sempre a caminho do pensamento porque ele é a grande questão que a tudo envolve e movimenta. A questão se manifestando é a linguagem enquanto pensamento e verdade. Nós somos radicalmente linguagem no sentido de que somos seres da linguagem. Não é o ser humano que fala, mas a linguagem e quando ela se constitui em nosso a caminho de pensamento aí, então, estamos realizando o que nos consitui originariamente: o humano. Humano não é o que o ser humano faz. É quando ele se deixa tomar pelo ser que o constitui. Se o ser humano quer determinar por sua ação a realidade, ele se perde e se inumaniza, porque pretende se fundamento do agir. E não há fundamento sem o fundar, que é o vigorar do ser. O humano é o próprio do ser humano. E o próprio é o que lhe foi dado como destino para ser realizado. Só o ser destina. O humano é o destinado do ser no ser humano.


- Manuel Antônio de Castro

6

"Sem liberdade não há o humano, pois este é o ser humano se pensando no seu sentido de existir e morrer. É por isso que não nos limitamos a um código genético, presente em todos os seres vivos. Viver é fácil, difícil é deixar-se tomar pelo motivo de viver e morrer: a liberdade. A liberdade de ser, não do querer subjetivo" (1).


Referência:
CASTRO, Manuel Antônio. Apresentanção. In: TAVARES, Renata. Do silêncio à liberdade: Uma aprendizagem ou O livro dos prazeres. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 2012, p. 13.


7

“Para um grego, esquecer não é um processo dentro do sujeito. Esquecer é um acontecimento ontológico em que o homem se realiza, na medida em que os descobrimentos e revelações lhe encobrem sua própria realização. Isto significa: o homem também se vela para si mesmo sempre que consegue revelar-se num empenho de ser e desempenho de não ser. Para realizar-se, o homem tem tanto de esquecer como de recordar. É o sentido de a coruja ser o animal-totem da sabedoria humana”, (1).


Referência:
(1) LEÃO, Emmanuel Carneiro. Filosofia grega - uma introdução. Teresópolis: Daimon Editora, 2010, p. 52.


8

"Ser humana não era um mundo de dores pré-definidas, mas a abertura para a grandeza inestimável do silêncio e do mistério. E, nesta abertura, havia o prazer profundo de tocar o infinito e sentir a beleza do humano do homem" (1).


Referência:
(1) TAVARES, Renata. Do silêncio à liberdade - Uma Aprendizagem ou O livro dos prazeres. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 2012, p. 107.


9

"Não use a palavra "Deus". Diga "Santidade". Há santidade em todas as pessoas. Santidade humana. Todo o resto são atributos, disfarce, manifestação e truque. Não se pode decifrar ou capturar a santidade humana. Ao mesmo tempo... é algo que podemos pegar. Algo tangível que dura até a morte. O que acontece depois é escondido de nós. Apenas os poetas, músicos e santos... é que podem descrever aquilo que podemos apenas discernir: o inconcebível. Eles viram, conheceram, compreenderam... não totalmente, mas de modo fragmentado. Para mim é um conforto pensar na santidade humana" (1).


Referência:
(1) Ingmar Bergman. No filme A ilha de Bergman, de Marie Nyreröd. Bergman escolhe essa fala de um bispo, personagem de um de seus filmes (não citado) para dizer, sinteticamente, o que ele pensa a propósito dos temas religiosos de seus filmes.
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